“Eu sobrevivi ao naufrágio do Titanic”
Parte III
“O último barco salva-vidas estava sendo lotado. Um cavalheiro de meia-idade estava com a esposa grávida, bem jovem. Ele a ajudou a entrar no barco salva-vidas, daí olhou para o convés e viu outros que queriam embarcar nele. Beijou a esposa, despedindo-se dela, e, ao retornar ao convés, agarrou a primeira pessoa que encontrou no caminho. Felizmente, eu estava ali no lugar certo e na hora certa, e ele me colocou no barco salva-vidas. Eu gritei pela minha irmã que tinha ficado paralisada de terror. Com a ajuda de outros, ela também foi empurrada para dentro do barco salva-vidas. Quem era o cavalheiro bravo que fez este ato de bondade? Ficamos sabendo que era John Jacob Astor IV. Ele tinha então 48 anos e sua esposa, Madeleine, 19 anos. Estavam viajando para os Estados Unidos porque queriam que seu filho nascesse ali. Muitas histórias foram escritas nos jornais contando como John Jacob Astor deu a sua vida por um jovem imigrante. Os registros da história da família Astor indicam que, segundo a Sra. Astor, o Sr. Astor discutiu com um dos tripulantes que tentara impedi-lo de ajudar a esposa a entrar no barco salva-vidas. Ele fez isso mesmo assim. E, como já mencionei, beijou-a e, voltando ao convés, começou a ajudar outros a entrar no barco salva-vidas.
“Sentia-me feliz de estar no barco salva-vidas, mas, mesmo assim tinha pena dos que foram deixados no Titanic. Olhando para trás para o enorme e belo navio, pude vê-lo de outro ângulo e, estando ainda acesas algumas luzes, pude ver o tamanho e a beleza do navio. Na calada da noite, sendo o som conduzido tão bem por cima das águas, podíamos ouvir a banda tocar no convés e as pessoas cantar: ‘Mais perto de Ti, meu Deus.’ A tripulação remou o mais longe possível do navio. Havia temores de que aconteceria uma sucção quando o navio fizesse seu mergulho final até as profundezas do oceano. Isso não aconteceu, tampouco houve uma explosão como alguns pensaram que haveria. As águas estavam extraordinariamente calmas naquela noite, o que foi bom, pois a maior parte dos barcos salva-vidas estava sobrecarregada de gente.
“O Titanic afundou por volta das 2,20 horas da madrugada, no dia 15 de abril de 1912, segundo os registros. Eu o vi submergir no oceano para seu fim horrível. O momento em que afundou deixou em mim uma recordação de uma coisa que me persegue até hoje. Foi o barulho lúgubre de pessoas que gemiam e gritavam freneticamente pedindo socorro, ao serem lançadas nas águas geladas. Quase todos morreram do frio das águas. O barulho durou cerca de 45 minutos e, daí, foi se desvanecendo.”
Meu tio calou-se por um momento, relembrando. Depois prosseguiu: “Enviara-se um SOS por volta da meia-noite. Foi recebido pelo S. S. Carpathia, da Cunard White Star Line. Ele se achava a uns 93 quilômetros de distância e virou imediatamente para o lado contrário de sua rota, que era em direção a Gibraltar, e veio a todo vapor para socorrer. Chegou por volta das 4:30 horas da madrugada. É curioso que o S. S. Californian se achava a apenas 32 quilômetros do local onde o Titanic naufragou, mas o operador do rádio não recebeu o sinal SOS porque estava de folga. Relatos posteriores diziam que o Californian viu realmente luzes de foguetes de sinalização dentro da noite, mas pensou-se que os passageiros do Titanic estivessem lançando fogos de artifício em celebração de sua viagem de estréia.
“O Carpathia completou as operações de salvamento por volta das 8,30 horas da manhã. Nosso barco salva-vidas foi um dos últimos a ser salvo. Após sermos levados a bordo do navio, sermos agasalhados, terem-nos dado chá quente e fazerem sentir-nos bem, eu me sentia feliz de estar vivo, embora estivesse com um casaco e sapatos grandes demais para mim.
“Sentia-me feliz de estar no barco salva-vidas, mas, mesmo assim tinha pena dos que foram deixados no Titanic. Olhando para trás para o enorme e belo navio, pude vê-lo de outro ângulo e, estando ainda acesas algumas luzes, pude ver o tamanho e a beleza do navio. Na calada da noite, sendo o som conduzido tão bem por cima das águas, podíamos ouvir a banda tocar no convés e as pessoas cantar: ‘Mais perto de Ti, meu Deus.’ A tripulação remou o mais longe possível do navio. Havia temores de que aconteceria uma sucção quando o navio fizesse seu mergulho final até as profundezas do oceano. Isso não aconteceu, tampouco houve uma explosão como alguns pensaram que haveria. As águas estavam extraordinariamente calmas naquela noite, o que foi bom, pois a maior parte dos barcos salva-vidas estava sobrecarregada de gente.
“O Titanic afundou por volta das 2,20 horas da madrugada, no dia 15 de abril de 1912, segundo os registros. Eu o vi submergir no oceano para seu fim horrível. O momento em que afundou deixou em mim uma recordação de uma coisa que me persegue até hoje. Foi o barulho lúgubre de pessoas que gemiam e gritavam freneticamente pedindo socorro, ao serem lançadas nas águas geladas. Quase todos morreram do frio das águas. O barulho durou cerca de 45 minutos e, daí, foi se desvanecendo.”
Meu tio calou-se por um momento, relembrando. Depois prosseguiu: “Enviara-se um SOS por volta da meia-noite. Foi recebido pelo S. S. Carpathia, da Cunard White Star Line. Ele se achava a uns 93 quilômetros de distância e virou imediatamente para o lado contrário de sua rota, que era em direção a Gibraltar, e veio a todo vapor para socorrer. Chegou por volta das 4:30 horas da madrugada. É curioso que o S. S. Californian se achava a apenas 32 quilômetros do local onde o Titanic naufragou, mas o operador do rádio não recebeu o sinal SOS porque estava de folga. Relatos posteriores diziam que o Californian viu realmente luzes de foguetes de sinalização dentro da noite, mas pensou-se que os passageiros do Titanic estivessem lançando fogos de artifício em celebração de sua viagem de estréia.
“O Carpathia completou as operações de salvamento por volta das 8,30 horas da manhã. Nosso barco salva-vidas foi um dos últimos a ser salvo. Após sermos levados a bordo do navio, sermos agasalhados, terem-nos dado chá quente e fazerem sentir-nos bem, eu me sentia feliz de estar vivo, embora estivesse com um casaco e sapatos grandes demais para mim.
(continua...)
in "Despertai!" de sexta-feira, 22 de Janeiro de 1982
1 comentário:
Muito legal essa parte do relato.
Aqui fica claro que durante o naufrágio, alguns passageiros ficaram em "choque" e muitos não perceberam que o Titanic se partiu e que houve sim explosões, talvez não fossem explosões em grande escala, mas houve.
Parabéns!!!
Grande abraço...
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