sexta-feira, março 15, 2024

DESESPERO NOS CORREDORES

DESESPERO NOS CORREDORES
"Um mar calmo e um céu sem lua tornar-se-iam testemunhas de um pesadelo. Sem o luar e ondas para bater no iceberg, o que facilitaria sua localização, a gigantesca montanha de gelo só foi percebida pelos vigias na gávea quando era tarde demais. O desvio de rota ordenado pelo imediato não foi suficiente, o Titanic chocou-se com a parede de gelo submersa, provocando seis pequenos cortes na lateral do navio, fazendo que a pressão da água rompesse o aço fragilizado pela baixa temperatura. O insubmergível começou a fazer água em seis de seus compartimentos à prova d'água - um a mais do que seria possível para o navio aguentar. Era o início do fim."
 Após o choque, o Titanic tinha apenas cerca de duas horas de vida até ser engolido pelo oceano. O insubmergível estava afundando, e os 16 botes e quatro balsas não dariam vazão para as mais de duas mil almas a bordo. O capitão Smith ordenou que, cavalheirescamente, mulheres e crianças fossem priorizadas no resgate que seguiria as normas da estratificação social dentro do próprio transatlântico, privilegiando a primeira classe e deixando a massa imigrante da terceira classe sem acesso ao salvamento. Os que acordaram com o estrondo do choque tiveram maiores chances de escapar. Foi assim que a inglesa Millvina Dean, com dois meses de idade, conseguiu sobreviver, mesmo sendo uma passageira da terceira classe. "Meu pai foi ao deque ver o que estava acontecendo e voltou com a notícia de que o navio havia batido num iceberg. Minha mãe tirou a mim e a meu irmão da cama e foi para o convés. Foi essa pressa que nos salvou, porque os privilegiados eram os primeiros a serem embarcados nos botes salva-vidas. Minha mãe conseguiu entrar porque tinha uma criança de colo". Uma das últimas sobreviventes ainda com vida, Millvina estava a caminho dos EUA, buscando um futuro novo com sua família em Kansas City que não se concretizou.