John Jacob Astor desembolsou 800 dólares por um laço de seda que um vendedor expôs no convés. Nem sequer o capitão Smith se furtou à tentação. Finalmente estava na altura de partir. Para sete passageiros a viagem terminava ali, os Odell e o padre Francis Browne. Entre os sete uma oitava pessoa desceu clandestinamente para fora do Titanic, um fogueiro de nome John Coffey. A minha mãe escreveu à minha tia Gladys de Queenstown dizendo que «Tudo está bem até agora.» Uma expressão um pouco agoirenta. Finalmente a potente sereia lançou o silvo de aviso da partida eminente. A lotação total final era de 2208 pessoas a bordo, 1317 passageiros e 891 tripulantes. Às treze e trinta o Titanic levantou a âncora de estibordo, que o mantinha fundeado na baía, e iniciou a travessia do Atlântico, seguindo a famosa North Atlantic Run, uma das principais rotas marítimas do mundo.
A vista da coberta superior do Titanic era maravilhosa. Este era o reino do comandante e dos oficiais de coberta.
Cpt. Smith - Leve-o para o alto-mar, Sr. Murdoch. Vamos dar-lhe exercício.
Murdoch - Sim, meu comandante. A todo o vapor, Sr. Moody.
Moody - A todo o vapor.
Quando decidem aumentar a velocidade, já no alto-mar, e empurrar aquele colosso toda a força e centenas de fogueiros atiram carvão para as fornalhas e vemos subir e descer as enormes bielas daqueles motores gigantescos, então compreendemos. Vemos a força interior do navio, vemos o seu poder. Thomas Andrews observa atentamente os engenheiros e maquinistas que iam ajustando e rodando as válvulas, na sala das caldeiras os fogueiros cantam uma canção de incentivo ao trabalho quente e pesado.
Chefe Bell - A todo o vapor.
- A todo o vapor.
Barrett - Vamos encher as caldeiras. A todo o vapor.
Nós os miúdos passavamos muito tempo nas salas das caldeiras do navio a ver os alimentadores de fornalha a trabalhar. Eles cantavam canções. Muitas vezes quando olhavamos para eles, eles batiam com as pás nas grades dos contentores de carvão ao ritmo da cantoria.
É então que vemos a satisfação dos oficiais que comandam o navio e a sensação de domínio sobre os outros elementos.
Murdoch - 21 nós, meu comandante.
Cpt. Smith - Agora é que lhe demos um osso para os dentes, eh, Sr. Murdoch.
A impressionante fila de caldeiras instaladas no Titanic eram alimentadas por enormes bocas abertas em cada caldeira onde se deitava o carvão que devia proporcionar ao Titanic a sua energia.
Na tarde de 11 de Abril, a minha mãe e eu ficamos no convés de primeira-classe mais à popa do navio a ver a Irlanda a desaparecer. Foi então que reparamos que no cimo da quarta chaminé que servia de ventilação inteiror encontrava-se um fogueiro de rosto enegrecido pela fuligem, provocando sonoras gargalhadas nos passageiros.
Richard - Estás a ver, mãe? Estás a ver? Viste? Huhuhuhu!
Outros acreditaram ver a materialização de um ser infernal surgido das entranhas do navio e empenhado em recordar que por detrás de todo aquele luxo e aquela segurança se escondiam forças obscuras e ameaçadoras. Qualquer que tenha sido o motivo dessa curiosa escalada até à boca da chaminé, o incidente alimentou os rumores sobre a singularidade do Titanic. Com o coração aos saltos gritei:
Richard - Mãe! Estamos finalmente no Atlântico!
Para a semana tem mais TITANIC.
Música: Sirens Whispering - Compositor: Vangelis - Albúm: Oceanic.
3 comentários:
Parabéns, a cada dia fica mais interessante a sua história.
Ótima idéia de colocar isso no BLOG.
PARABÉNS Mário, de coração.
Abraços....
Oi Mário!!!!
Estou me sentindo no Titanic...
Parabéns...
Cada dia está melhor!!!!
beijos
Amei a visita...
ah mulekeeeeeeeeee
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