TITANIC

Richard - Mas pai, eu vou-me sentar com todas as pessoas ilustres do nosso meio?

George - Claro, e apresento-te ao Capitão.

Camille - George, não será cedo demais? Afinal ele só vai fazer doze anos para a próxima semana!

George - O filho dos Ryerson tem quase a mesma idade que o Richard e no entanto eu vi-o lá com eles.

John - Lá isso é verdade. Vais conhecer a nata da sociedade!

Richard - Hum!

George - Um verdadeiro cavalheiro!

Camille - Agora vais lá para fora enquanto o pai e a mãe se preparam.

John - Vamos até ao deque dos botes?

John - Estás nervoso?

Richard - Ansioso.

John - Vais ver que não custa nada. São todos muito importantes, mas não passam de unhas de fome.

Richard - Ahah.

David - Hoje voltamos a sentar-nos à mesa com os Barks.

Hellen - David, eu não estou a gostar nada disso.

David - Meu amor, é para o nosso bem, confia em mim. Vamos?

Hellen - Vou confiar.

John - Os teus pais já devem estar prontos.

Dirigimo-nos para a entrada de primeira-classe a partir do convés dos botes. O meu tio abriu a porta e eu avancei... O palco era maravilhoso. A imponente e sumptuosa escadaria que conduzia aos salões de primeira-classe do Titanic. Olhar para o fundo daquela escadaria de primeira-classe e depois olhar para cima e ver a enorme cúpula de vidro por cima, estava rodeada de vitrais e decorada com corrimões e elegantes galerias, as paredes austeras de carvalho, as balaustradas magníficas de metal trabalhado e, olhando de cima para toda aquela gente, um incrível relógio de parede adornado com duas ninfas de bronze, uma espécie de coroação alegórica do Tempo pela Honra e pela Glória. No final da escadaria um pequeno anjo de bronze. Para as elegantes senhoras que viajavam a bordo a travessia inaugural do Titanic era um importante acontecimento social, ocasião ideal para exibir jóias e vestidos alguns tinham sido confeccionados especialmente para as festas do transatlântico. Ouvia-se a banda por todo o salão a tocar o som vinha algures do inteior do navio.

Widener - Boa noite.

John - Como vai, senhor Widener.

Strauss - Como está?

Camille - George, repara, não é tão lindo? Estou fascinada com tanta beleza e bom gosto.

George - É extraordinário.

Richard - Pai, mãe!

George - Richard!

Harriett - Eu não acredito que foste na conversa do teu marido. És pior que o teu filho.

John - Estavamos à vossa espera.

Andamos de tombadilho em tombadilho até chegar ao tombadilho D com aquele magnífico lustre.

Lady Gordon - Está um encanto, Harriett, adoro o seu vestido.

Harriett - Você também. Está lindissima, adorei o seu perfume.

John - Lady Duff-Gordon... o marido é aquele senhor de bigode, Sir Cosmo Duff-Gordon. Ela cria lingerie, muito conceituada, por sinal. Os Strauss, donos dos armazéns Macy's... Judeus. Benjamin Guggenheim, toda a gente que vai a Paris trás um recordação da Torre Eiffel, ele trouxe a amante, Madame Aubert.

Richard - A cantora?

John - Isso mesmo. Um descaramento. A Condessa de Rothes! Condessa...

C. Rothes - Como vai, John?

John - Apresento-lhe o meu sobrinho, Richard.

C. Rothes - Um prazer. Vai sentar-se à mesa connosco?

Richard - Será um prazer.

John - Vês ali?

Richard - O senhor Astor...

John - O homem mais rico a bordo. Dizem que a esposa Madeline está grávida. Mas esta não é a primeira senhora Astor...

Richard - Não me admira que tenha desembolsado um maço de notas para pagar um laço em Queenstown... tem de parecer mais jovem.

John - Não repares, mas aquela é a divertidíssima Molly Brown. O marido fez fortuna nas minas, dizem que a tentou matar duas vezes. Um escândalo.

David - Richard.

Richard - Pois não?

John - Fraser...

George - Olá, David! Apresento-lhes o meu filho, Richard Barks...

Hellen - Parece-se com a mãe...

John - Mas herdou a postura do pai.

David - Com efeito...

George - Aceitam ficar na nossa mesa?

David - Será um prazer.

Não sabia o que se estava a passar, nem sequer poderia adivinhar o que viria pela frente neste jantar...