VIOLINO DO MAESTRO DO TITANIC EM EXPOSIÇÃO
O instrumento de madeira usado por Wallace Hartley para tocar a última peça musical enquanto o navio afundava foi dado como perdido no Atlântico no desastre em 1912. Mas foi em 2006, quando o filho de um músico amador a quem o professor tinha dado o instrumento, o encontrou esquecido no sótão de sua casa.
A descoberta foi quase boa demais para ser verdade, o que levou a relíquia a ser examinada e estudada pelos mais reverenciados cientistas e especialistas da Grã-Bretanha.
Agora, depois de sete anos de testes e um custo de dezenas de milhares de libras, o violino manchado pela água provou ser o mesmo tocado por Hartley, na noite da tragédia.
Esta imagem mostra como ficou incrivelmente bem preservado apesar da sua idade, e ter ficado exposto ao mar gelado por 10 dias após o naufrágio.
O violino tem duas longas rachaduras que se dizem terem sido abertas por danos causados pela água.
O violino também tem uma placa de prata gravada e aparafusada na base do violino com a marca do noivado do músico, o que forneceu aos cientistas a prova chave de sua autenticidade.
O histórico violino, será posto em exposição pública no final deste mês na cidade de Belfast, onde o Titanic foi construído.
Também há negociações em andamento para exibi-lo em museus ao redor do mundo, incluindo na América. É provável que venha a ser leiloado no futuro.
Os especialistas do Titanic têm descrito o artefacto como o mais importante evento associado ao navio que alguma vez já veio à luz.
Poucos minutos depois do Titanic ter atingido um iceberg em 14 de abril de 1912, Hartley foi instruído a organizar a banda e a tocar música, a fim de manter a calma.
Os oito músicos tocaram sem parar no convés do Titanic ao frio enquanto os passageiros seguiam para os botes salva-vidas.
A banda continuou a tocar até ao seu amargo fim, tocando no final o hino "Nearer My God to Thee".
Hartley, e os outros sete membros da banda, morreram junto com os 1500 passageiros e tripulantes, quando o navio de luxo afundou pelas 2:20 em 15 de abril de 1912.
Depois que o seu corpo foi recuperado pelo navio Mackay Bennett passados 10 dias do naufrágio, mas o violino não foi mencionado no inventário de itens encontrados em sua posse pelos funcionários do navio de resgate dos corpos.
Uma reportagem de um jornal é que mais tarde afirmou que Hartley foi encontrado completamente vestido e agarrado ao instrumento.
Os relatos posteriores deram lugar à teoria de que o violino simplesmente flutuou pelo Atlântico ou foi roubado por alguém envolvido com o resgate dos corpos. Enquanto os cientistas passaram sete anos a estudar o violino, leiloeiros especializados do Titanic, da Henry Aldridge and Son, e um biógrafo de Wallace Hartley, pesquisaram meticulosamente a história por trás dos instrumento para descobrir a verdade.
A pesquisa mostrou que Hartley tinha amarrada em torno dele a sua mala de couro onde ele colocou o violino pouco antes do fim do Titanic. Como tal o saco e o violino de madeira mantiveram o corpo à tona.
Eles também encontraram um telegrama de 19 de julho de 1912, no diário da noiva de Hartley, Maria Robinson, para o Secretário Provincial da Nova Escócia.
Ela diz: "Eu ficaria muito grata se pudesse transmitir os meus sinceros agradecimentos a todos os que tornaram possível o retorno do violino do meu noivo." Maria Robinson tinha dado o violino a Hartley em 1910 para marcar o noivado com uma chapa em prata para relembrar o momento. Ela solicitou-o de volta por causa da sua ligação emocional a ele.
Outros objetos pessoais de Hartley, incluindo a cigarreira de prata e um anel de ouro, foram devolvidos ao pai dele, Albion Hartley.
Albion Hartley mais tarde deu esses itens a Robinson, que nunca se casou e manteve as jóias e o violino no estojo de couro como um santuário para o seu noivo. Ela morreu devido a uma doença cancerisna no estômago, em 1939, com 59 anos, em sua casa em Bridlington, East Yorks.
A responsável pelos bens de Maria Robinson, foi a sua irmã, Margaret, que encontrou a mala de couro de Hartley que tinha as suas iniciais 'WHH " no interior e o violino.
Ela deu a mala ao Exército de Salvação de Bridlington e disse ao seu líder, Major Renwick, sobre a associação do instrumento com o Titanic.
A pesquisa mostra que o Major Renwick por sua vez deu a mala a um dos seus membros, um professor de música e de violino local.
No início dos anos 40, a mãe do atual proprietário fazia parte das Mulheres Auxiliares da Força Aérea de Bridlington.
Ela conheceu o professor de música que depois lhe deu a mala e o violino.
A carta que foi encontrada junto afirma: "O Major Renwick pensou que seria melhor fazer uso do violino, mas eu achei praticamente impossível de o tocar, principalmente devido à movimentada vida que levou."
O proprietário não identificado herdou a mala e o seu conteúdo, incluindo o violino e as jóias, e anos mais tarde contatou a Henry Aldridge and Son de Devizes, Wilts.
Eles levaram o violino para o Serviço do Governo de Ciência Forense em Chepstow que concluiu que os "depósitos de corrosão sobre a matéria foram considerados compatíveis com a imersão em água do mar. "
Um especialista em prata do conselho da Associação Gemológica da Grã-Bretanha estudou a placa na base do violino.
Ele confirmou que a prata era original do violino e é contemporânea da marca feita em 1910.
Andrew Aldridge, de Henry Aldridge and Son, disse: "Quando vimos pela primeira vez o violino tivemos que conter a nossa emoção, porque era quase como ser bom demais para ser verdade. A placa de prata no violino, juntamente com os outros itens, o saco de couro com as iniciais de Hartley, as suas jóias e uma carta para a mãe, o proprietário comentou que ou era autêntico ou um embuste extremamente bem elaborado como os diários de Hitler. Sabíamos que teríamos de olhar para ele e não poderíamos ter muita pressa. Tudo precisava ser pesquisado adequadamente e os especialistas corretos tinham de ser chamados. Passamos os últimos sete anos reunindo as provas que já atingiram aquela fase em que podemos afirmar além de qualquer dúvida que este era realmente o violino de Wallace Hartley no Titanic. Uma das partes mais interessantes destas provas é a placa gravada com a inscrição 'Para Wallace, por ocasião do nosso noivado, de Maria.' Isto não só o torna logo verdadeiro, como também prova que a placa é datada de 1910, o mesmo ano do noivado. Isto também vem de alguma forma explicar por que Maria Robinson queria o violino de volta e por que Hartley o levou consigo para a água. É o artefato mais importante relativo ao Titanic que já alguma vez surgiu e, provavelmente, é o mais valioso. Em todos os livros e filmes feitos sobre o Titanic, Wallace Hartley é sempre caracterizado como tocando este violino até o fim. Nós sabemos agora que, minutos antes do fim, ele colocou o seu violino amado nesta mala de viagem. O saco ficou em cima de seu colete salva-vidas e ficou praticamente fora da água. Uma carta de sua mãe foi encontrada no bolso do seu peito e não sofreu praticamente nenhum dano da água."
Craig Sopin, um advogado de 55 anos de Philidelphia, possui uma das maiores coleções do mundo de memorabilia do Titanic.
Ele disse: "A pesquisa mostrou que isto é algo que eu gostaria de ter na minha coleção, o que significa que acredito que seja 100% genuíno. Estou convencido de que é o violino que estava no convés do Titanic. A crença popular é que o violino ficou perdido, mas às vezes os milagres acontecem. No caso da memorabilia do Titanic o que está em causa é que se trata da peça mais importante que já veio a lume a par dos artefatos recuperados do fundo do mar, tais como o sino do cesto do vígia."
Hartley, que morreu aos 34 anos, era de Colne, Lancs, mas depois viveu em Huddersfield e Dewsbury.
Ele foi músico a bordo do RMS Mauritânia e Lusitânia antes de ingressar no Titanic em Southampton em 1912 como chefe dos músicos.
O autor e especialista em Wallace Hartley, Christian Tennyson-Ekeburg que trabalhou ao lado de Henry Aldridge and Son na pesquisa já escreveu uma nova biografia sobre o maestro chamada de "Nearer My God to Thee"
Ele disse que Hartley levou o seu violino e o arco em um saco normal, mas optou por colocar o instrumento em sua mala de couro antes do naufrágio. O arco era muito grande para entrar no saco e talvez seja por isso que este não tenha sido encontrado quando o seu corpo foi recuperado.
Alguns artigos de joalharia de Hartley, incluindo a cigarreira, serão vendidos em leilão em Devizes, no próximo mês, enquanto o violino vai ser exibido.
2 comentários:
Uma das partes que eu mais choro é quando os músicos tocam a última música para tentar acalmar as pessoas a bordo. E acho que as coisas dele não deveriam ser vendidas e sim dadas para seus parentes ou algo do tipo .
Artigo muito interessante, se bem que um bocadinho extenso :) As voltas que o violino deu, Mário...Mas eu adorava vê-lo.
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