OBJECTOS DESCONHECIDOS A BORDO DO TITANIC
Várias pessoas conhecem itens famosos que estavam a bordo do navio,
alguns inclusive retratados no filme de 1997, “Titanic”, incluindo o
automóvel Renault que deveria ser enviado para os Estados pelo seu
proprietário, William Carter, e as supostas pinturas caras que a personagem Rose Bukater carregava com ela.
Embora no filme as pinturas fossem de impressionistas franceses e do famoso Picasso, os verdadeiros tesouros perdidos quando o navio afundou foram outros como uma pintura a óleo de
Blondel, “La Circasienne Au Bain”, reclamada pelo seguro ou a cópia do poema Rubáiyát feito com 1051 pedras semi-preciosas e folheado a ouro de 18 quilates, colorido com 5000 peças e ornamentos em ouro de 22 quilates.
Indemnizações de seguros
documentam ainda mais itens perdidos. Aqui ficam dez dos objectos
menos conhecidos que afundaram com o Titanic naquela noite fatídica,
junto com algumas histórias interessantes das pessoas associadas a eles:
1 - Peles de Coelho
O navio possuía três caixas de pele de coelho levadas para a
companhia The Broadway Trust, de New Jersey. As peles de coelho eram
usadas na época para alinhar roupas e casacos para crianças.
A companhia Broadway Trust foi um banco que funcionou até pouco
depois do início da Grande Depressão, quando muitos pequenos bancos
fecharam suas portas. Sua história traz um pouco de má sorte. Em 5 de Outubro de 1920, o mensageiro da Broadway Trust, David S. Paul,
desapareceu misteriosamente enquanto carregava dezenas de milhares de
dólares em dinheiro e títulos. Seu corpo foi encontrado em 16 de Outubro. Ele havia sido sequestrado, assassinado e roubado por dois
conhecidos, Frank J. James e Raymond Schuck, que foram julgados e
condenados por seu assassinato, e executados na cadeira eléctrica em New
Jersey, em 30 de Agosto de 1921.
2 - Ópio
A bordo do Titanic estavam quatro caixas de ópio. Também a bordo estava
John Jacob Astor IV, o bisneto de John Jacob Astor, cuja fortuna foi
feita em cima do ópio, do comércio de peles e do sector imobiliário.
Nem ópio, nem Astor chegariam a New York. Apenas sete anos antes do
naufrágio do Titanic, o Congresso dos EUA tinha proibido o ópio, que
ainda era amplamente utilizado em todos os tipos de medicamentos e
misturas. Um ano depois, o Congresso dos EUA aprovou a Lei de Alimentos e Medicamentos Puros,
exigindo rotulagem do conteúdo dos medicamentos pelas empresas
farmacêuticas. Como resultado, a disponibilidade de opiáceos diminuiu
significativamente.
Em 1909, a primeira proibição de drogas federal foi aprovada pelo
Congresso, proibindo a importação de ópio. Por alguma razão, o ópio
ainda estava sendo enviado para os EUA em 1912, quando o Titanic
afundou. Dois anos mais tarde, em 1914, o Congresso aprovou a Lei de
Narcóticos Harrison, que tentou conter o vício de drogas (especialmente
cocaína e heroína), exigindo que médicos, farmacêuticos e outros que
prescreviam drogas se registassem e pagassem impostos.
3 - O Cão Chow
Outro passageiro de primeira classe do navio era Harry Anderson, um
corretor da bolsa de New York, que estava voltando para a América
depois de uma visita à Inglaterra. Ele era casado e morava em Nova York
com sua esposa, que não tinha feito a viagem à Europa com ele.
Aparentemente, no entanto, ele tinha companhia: um cão de estimação.
Anderson sobreviveu ao naufrágio, escapando no bote salva-vidas de
número 3. Seu cão, no entanto, afundou juntamente com 8 dos 12 outros
cães que estavam no Titanic. Mais tarde, Anderson reivindicou um seguro pela perda de seu cão Chow.
4 - Retrato Assinado por Garibaldi
Emilio Giuseppe Ilario Portaluppi foi um dos sobreviventes mais
interessantes do naufrágio do Titanic. Ele era um passageiro de segunda
classe com destino a Milford, New Hampshire, depois de uma visita à Itália,
país de seu nascimento.
Ele afirma que foi despertado pela força do navio batendo no icebergue,
e inicialmente pensou que o navio tinha atracado em New York. Ele logo
percebeu que algo estava errado, colocou um colete salva-vidas, e foi
para o convés. Ele afirma que escorregou ou tropeçou ao tentar saltar em
um bote salva-vidas e mergulhou na água. Outros afirmam que ele saltou para o mar.
Ele foi um dos afortunados (dentre quatro pessoas) que foram
resgatados pelo único salva-vidas que voltou na busca de vítimas após o
Titanic afundar. Dizem que Emilio se segurou num pedaço de gelo e
flutuou até ser resgatado.
Depois que ele foi salvo e voltou para os EUA, apresentou uma
reivindicação de seguro pela perda de uma foto do ídolo
nacional italiano Giuseppe Garibaldi, assinado por Garibaldi. Esta
afirmação parece quase tão fantástica quanto a sua sobrevivência agarrado a um
pedaço de gelo.
5 - Anotações de Faculdade
Não se sabe muito sobre o jovem passageiro de segunda classe Sidney
Clarence Stuart Collett. Ele parece ter sido um estudante de Teologia, a
caminho da Inglaterra para encontrar os pais em New York.
Dizem que o jovem participou de um dos eventos mais memoráveis pouco
antes do naufrágio. Collett estava ajudando o reverendo Carter na noite
de domingo a realizar uma missa no Titanic. O culto foi realizado na
noite de 14 de Abril de 1912, no salão de jantar de segunda classe, e
foi assistido por cerca de 100 passageiros.
No encerramento do evento, o reverendo Carter observou que o navio
estava invulgarmente estável e como todos estavam ansiosos para sua
chegada em New York.
Depois que o navio bateu no icebergue, tudo o que se sabe é que Collett
ajudou duas mulheres a pegar o bote salva-vidas. Conforme as mulheres
estavam prestes a entrar no bote, Collett explicou à tripulação que elas foram confiadas aos seus cuidados. Collett teve permissão para se
juntar a elas no bote salva-vidas número 9 e foi salvo.
Ao chegar nos EUA, Collet supostamente encontrou seu irmão, e a
primeira coisa que fez foi lhe dar uma pequena Bíblia. Aparentemente,
seu irmão tinha dado a Bíblia a Collett antes de partir para a
Inglaterra, dizendo que ele deveria devolvê-la na próxima vez que se
encontrassem.
Collet, então, fez uma reivindicação de seguro
pela perda de anotações escritas à mão sobre aulas de faculdade de um curso de 2
anos.
6 - Gaita de Foles
O irlandês Eugene Patrick Daly, de 29 anos, era um passageiro de
terceira classe para New York. Quando ele embarcou, estava com uma
gaita de foles irlandesa, instrumento tradicional do país, e diz-se que
tocou “Lament Erin” para seus companheiros. Mais tarde, Daly accionou o seguro pela perda do instrumento. Décadas mais tarde, um conjunto de
gaitas de foles, possivelmente pertencentes a Daly, foi recuperado no
local do naufrágio.
À medida que o Titanic estava afundando, Daly foi um dos afortunados
passageiros da terceira classe que conseguiu chegar do fundo do navio ao
convés. Com ele, na época, estavam duas mulheres, Maggie Daly e Bertha
Mulvihill. Ele as ajudou a bordo do bote número 15 e foi deixado para
trás.
Daly relatou um dos momentos mais dramáticos a bordo do navio pouco
antes de afundar: “Um oficial apontou um revólver e disse que se
qualquer homem tentasse entrar nos botes, iria matá-lo no local. Eu o vi
atirar e matar dois homens porque eles tentaram entrar no barco. Depois
houve um outro tiro, e eu vi o oficial deitado no convés. Me disseram
que ele atirou em si mesmo, mas eu não vi”.
Daly saltou para a água com apenas o casaco pesado que tinha para mantê-lo
quente o suficiente para sobreviver na água gelada. De alguma forma, ele
conseguiu chegar a um barco, e foi salvo. Mais tarde, ele alegou que
sempre levava o mesmo casaco quando viajava, por sorte.
7 - Máquina de Marmelada
Marmelada é um creme feito a partir do suco e das cascas de frutas
cítricas, fervida com açúcar e água. Ela pode ser feita de limões,
limas ou outras frutas. É muitas vezes descrita como geleia.
E o que é uma máquina de marmelada? E porque sua proprietária, Edwina
Trout, estava carregando este objecto estranho da Europa para a América a bordo do
Titanic?
Acontece que uma máquina de marmelada de 1912 era um dispositivo
usado para cortar e descascar as fatias de cítricos na forma, tamanho e
textura adequadas para fazer uma marmelada perfeita.
Edwina “Winnie” Celia Troutt tinha 27 anos e viajava de volta para a
América após uma visita à Inglaterra, onde ajudou sua irmã a dar à luz
ao seu filho. Ela embarcou no Titanic como uma passageira de segunda
classe. Quando o navio bateu no iceberg, ela deixou a sua cabine para
investigar e foi informada do destino do navio.
Ela também viu a equipe preparar os salva-vidas. Ela voltou para
contar às suas companheiras de cabine, mas só encontrou uma. Então,
vestiu o casaco mais pesado que tinha contra o frio, e incentivou a sua
companheira de quarto a se apressar, a certa altura atirou com o corset da
mulher na água, dizendo a ela que não havia tempo para isso.
Winnie estava no bote salva-vidas número 16, esperando para ser
salva, quando um homem veio até ela lhe implorando para salvar oseu
filho. Winnie levou a criança, além de uma escova de dentes e uma
Bíblia. Ela não carregou sua máquina de marmelada e mais tarde entrou
com uma reclamação pelo bem perdido.
8 - Uma Caixa de Filmes
No manifesto de Titanic está listada “uma caixa de filmes” para a
empresa New York Motion Picture. Como era o caso com automóveis,
equipamentos eletrônicos e fonógrafos, imagens em movimento estavam
tornando-se imensamente populares no início de 1900.
The New York Motion Picture era uma das muitas companhias
cinematográficas pequenas na área de New York e Costa Leste dos EUA
(antes da indústria do cinema mudar-se para Hollywood). A empresa foi
formada em 1909, e estava operando até cerca de 1914. Era propriedade de dois homens, um dos quais, Charles O. Baumann, liderou
várias empresas bem sucedidas de imagens em movimento, mais notavelmente a
Keystone Film Company.
A vida curta da New York Motion Picture lançou filmes sob as marcas
Broncho (para filmes do estilo western), Domino (para comédias) e
Kay-Bee (para dramas). Não se sabe qual o tipo de filme estava sendo
enviado para Nova York a bordo do Titanic
9 - Perfumes
Um dos passageiros de primeira classe a bordo do Titanic era um
fabricante de perfume da Inglaterra, chamado Adolphe Saalfeld. Ele
carregava consigo uma bolsa de couro, na qual tinha 65 frascos de
perfumes diferentes.
Como o comércio de perfumes em Nova York e na América estava crescendo
no momento, ele viajou com amostras de seu perfume para
tentar seduzir potenciais compradores. Ele alegou estar na sala de fumo
do Titanic quando viu o icebergue e o navio bater. Foi para o seu quarto,
mas deixou para trás a mochila contendo as amostras de seus perfumes.
A mochila e os frascos afundaram com o navio e lá permaneceram por 89
anos até 2001, quando foram descobertos pelos membros de uma equipe de
busca. Quando trouxeram a bolsa para a superfície, a equipe ficou
encantada com o aroma de lavanda e rosas do perfume. Alguns dos frascos
tinham quebrado, mas a maioria estava surpreendentemente intacta.
Planos foram imediatamente feitos para decifrar as impressões
digitais químicas destas fragrâncias perdidas há muito tempo, na
esperança de reproduzi-las hoje. Saalfeld sobreviveu a bordo do barco salva-vidas
número 3.
10 - "Karain: A Memory"
Na sala de correspondência do Titanic estava um pacote contendo o
manuscrito de “Karain: A Memory”, escrito pelo famoso autor Joseph
Conrad.
“Karain: A Memory” era um precursor de outro livro de Conrad, “Lord
Jim”. Ele foi escrito em 1897, e publicado mais tarde no mesmo ano.
Conrad estava enviando o manuscrito a John Quinn, em Nova York, um
advogado irlandês-americano que, por um tempo, foi uma figura importante
no pós-impressionismo e modernismo literário, e coletor, em especial,
de manuscritos originais. Este manuscrito, entretanto, nunca chegou a
ele.
Todos estes objectos perdidos no tempo apenas ajudam a manter viva a lenda do Titanic e as pessoas que nele viajaram.
Baseado no site hypescience.com
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