AS PROFECIAS DE MORGAN ROBERTSON
Na noite fria de 14 para 15 de Abril de 1912, uma jovem passageira sentada num bote salva-vidas junto com outras mulheres e crianças, não podia acreditar no que se estava a passar. Enquanto via no horizonte do Oceano Atlântico o Titanic a afundar-se com 1500 pessoas a bordo, lembrava-se que, apenas umas semanas antes, tinha lido uma história idêntica ao que agora se estava a passar, um livro que falava de um navio muito parecido ao Titanic, que naufragava no mar. Nunca se deixou de se perguntar por que é que não deu importância àquele livro.
O prefácio do livro a Night to Remember de Walter Lord editado em Portugal pela Editorial Presença com o nome A Tragédia do Titanic (livro que deu origem ao filme com o mesmo nome em 1958) pode ajudar-nos a entender o que aquela passageira no bote sentiu.
"Em 1898, Morgan Robertson, um escritor que lutava para se afirmar engendrou um romance sobre um transatlântico formidável, um paquete de dimensões nunca vistas. O navio de Robertson ia repleto de gente rica e enfatuada e, numa noite fria de Abril, embatia contra um icebergue, afundando-se. De certo modo, o acidente vinha provar a futilidade das coisas humanas e não foi por acaso que o romance foi publicado com o título Futility, pela firma M. F. Mansfield. Passados catorze anos, uma companhia britânica de transportes, a White Star Line, construiu um paquete que apresentava semelhanças notáveis com o navio de Robertson. O novo transatlântico deslocava 66 000 toneladas. O de Robertson 70 000. O navio real tinha 270 metros de comprimento, em vez dos 245 de ficção. Ambos os navios tinham três hélices e podiam atingir 24 a 25 nós (cerca de 45km/hora). Ambos tinham capacidade para transportar cerca de 3000 passageiros e, em ambos os casos, os salva-vidas só chegavam para uma parte deles. Como ambos os navios eram considerados «insubmergíveis», ninguém se preocupou muito com isso."
O final deste prefácio remata com uma prova assustadora desta semelhança com a realidade: "O paquete de Robertson chamava-se Titan; a White Star Line tinha dado o nome Titanic ao seu." De acordo com o seu livro o Titan foi "a maior embarcação a flutuar e a maior das obras realizadas pelo Homem". (Expressão semelhante à usada por Ismay ao dizer: "She is the largest object made by man in all of history." - É o maior objecto construido pelo Homem em toda a História.) Além disso, como o Titanic, o Titan tinha compartimentos estanques novos que poderiam ser fechados a partir da ponte num instante, e também foi considerado "praticamente impossível de afundar", o Titan poderia flutuar com nove dos seus compartimentos estanques inundados. A tragédia do romance é diferente em alguns aspectos quanto ao desastre na vida real, o Titan embateu no icebergue e afundou rapidamente na sua terceira viagem de Nova York para Inglaterra, e a forma específica como afundou não é exatamente a mesma, mas as semelhanças são impressionantes:
TITAN / TITANIC
Nacionalidade Britânica / Britânica
Comprimento 245m / 270m
Deslocamento 70.000 / 66.000
Hélices 3 / 3
Mastros 2 / 2
Matéria metal / metal
Compartimentos 19 / 16
Botes 24 / 20
Capacidade a bordo 3000 passageiros / 3547 passageiros
Passageiros a bordo 2000 / 2209
Velocidade de Impacto 25 nós / 22,5 nós
Hora de colisão Perto da meia-noite / 23h40
Local da colisão Estibordo / Estibordo
Local do afundamento Atlântico Norte / Atlântico Norte
Mês de viagem Abril / Abril
Viagem inaugural New York - England / England - New York
Cognome Inafundável / Inafundável
Aviso do vigia Ice, ice ahead. Iceberg right under the bow / Iceberg Right Ahead
Em 1914, Robertson repetiu a façanha com uma história chamada Beyond the Spectrum (Além do Espectro), a história era sobre uma guerra entre americanos e japoneses, que começou com um ataque furtivo e inesperado dos japoneses no Havaí que envolvia o uso de uma arma americana semelhante à bomba atómica.
Na manhã de 7 de Dezembro de 1941, uma operação aeronaval de ataque à base norte-americana de Pearl Harbor, efetuada pela Marinha Imperial Japonesa, na ilha de Oahu, Havaí, foi executado de surpresa contra a frota do Pacífico da Marinha dos Estados Unidos da América e as suas forças de defesas, o corpo aéreo do Exército e a força aérea da Marinha. O ataque danificou ou destruiu 11 navios e 188 aviões e matou 2403 militares e 68 civis. Contudo, os três porta-aviões da frota do Pacífico não se encontravam no porto, pelo que não foram danificados, tal como os depósitos de combustível e outras instalações. Utilizando estes recursos a Marinha foi capaz de, em seis meses a um ano, reconstruir a frota. O ataque marcou a entrada dos EUA na Segunda Guerra Mundial e o início da Guerra do Pacífico.
Agosto de 1945... Após seis meses de intenso bombardeio em 67 cidades do Império do Japão, o presidente americano Harry S. Truman ordena um ataque nunca antes visto. No dia 6 de Agosto a bomba atómica "Little Boy" caiu sobre Hiroshima numa segunda-feira. Três dias depois, no dia 9, a "Fat Man" caiu sobre Nagasaki. As estimativas, do primeiro massacre por armas de destruição maciça, sobre uma população civil, apontam para um número total de mortos a variar entre 140 mil em Hiroshima e 80 mil em Nagasaki, sendo algumas estimativas consideravelmente mais elevadas quando são contabilizadas as mortes posteriores devido à exposição à radiação. A maioria dos mortos eram civis. As explosões nucleares, a destruição das duas cidades e as centenas de milhares de mortos em poucos segundos levaram o Império do Japão à rendição incondicional em 15 de Agosto de 1945, com a subsequente assinatura oficial do armistício em 2 de Setembro na baía de Tóquio e com ele o fim da II Guerra Mundial.
Robertson viu a sua profecia do Titanic tornar-se realidade, mas não chegou a ver a profecia de Pearl Harbour e da bomba atómica, pois faleceu em 1915.
Robertson viu a sua profecia do Titanic tornar-se realidade, mas não chegou a ver a profecia de Pearl Harbour e da bomba atómica, pois faleceu em 1915.