sábado, abril 23, 2011

TITANIC BAND 
Oito bons músicos que marcaram a tragédia do Titanic com o seu cavalheirismo britanico. O que pouca gente sabe, é que estes míticos homens, embarcaram na verdade, não como fazendo parte da tripulação do navio, mas como passageiros de 2ª classe, e que apenas cinco deles tocavam nos salões de primeira-classe enquanto os outros três divertiam os passageiros de segunda. E quanto à terceira classe, ela tinha disponível um piano livre, contudo os próprios irlandeses alegres a bordo levaram os seus instrumentos consigo e formaram a sua própria banda. James Cameron quando realizou o filme Titanic em 1997 tinha como idéia não colocar qualquer trilha sonora e deixar que o filme falasse por si, se assim tivesse acontecido, poderiamos escutar um conjunto musical completamente diferente e possivelmente de grande sucesso como foram os dois cd's de James Horner para o filme, seriam as musicas da banda do Titanic que tocam ao longo de toda a longa metragem! No reportório da White Star Line constava uma lista vasta de peças bastante populares na belle époque para se fazerem ouvir nos sete dias de viagem, como tal, a diversidade era garantida, e se algum passageiro quisesse pedir uma música, era de certo bem conhecida dos oito músicos. Cameron menciona através das palavras de Hartley, pouco antes do último hino tocado pelo grupo, que os passageiros ricos ao jantar não os escutavam, mas isso não é de todo verdade, prova é que muitos sobreviventes recordaram-se por muito tempo do que era tocado nos jantares. Noël MacFie (então condessa de Rothes), por exemplo, conta que, estando a jantar com amigos um ano depois do desastre, sentiu de repente a horrível sensação de frio e o horror profundo que sempre associava com o Titanic. Por momentos, ficou confusa, sem perceber a razão. Apercebeu-se, então, de que a orquestra estava a tocar "Os Contos de Hoffmann", a última peça tocada depois do jantar naquela noite funesta de domingo. Harold Bride recordava-se da peça Autumn como uma das últimas tocada bela banda. Durante o filme, as peças menciondas pelo nome são Wedding Dance quando Hartley pede à banda que toque para manter a calma nos passageiros e Orpheus quando ninguém os está a escutar. Outras como On The Blue Danube, Alexander's Ragtime Band e Nearer My God To Thee estão bem na nossa lembrança, mas outras peças, se escutadas com atenção, podem ser ouvidas ao longo da grande produção de Cameron. Aqui fica uma lista das composições musicais tocadas pela banda do Titanic e respectivas cenas do filme.
1.Valse Septembre - Felix Godin: Rose idosa vendo os destroços no monitor, Jack entrega o recado a Rose. (old Rose sees the wreck on the monitor, Jack gives Rose the note).
2.Margeriten Walzer - Charles Gounod: Rose arrumando os Picassos, Cal oferece o colar a Rose, cena excluida "Sonhos de Rose", Jack convida Rose para uma festa de verdade, Rose questiona o Coronel Gracie se ainda existem botes do lado esquerdo. (Rose arranges the Picassos, Cal gives Rose the Heart, deleted scene Rose’s Dreams, Jack invites Rose to a real party, Rose asks Gracie if there are any boats left).
3.The Wedding Dance - Paul Lincke: Paragem em Cherbourg, jantar antes de Rose tentar saltar. (stopping at Cherbourg and dinner before Rose tries to jump).
4.Poet and Peasant Overture - Franz von Suppé: Ismay pressiona o capitão Smith no chá. (Ismay pressures Smith at tea).
5.Oh, You Beautiful Doll - Nat. D. Ayer: Molly oferece a Jack a roupa para o jantar, disparo do primeiro foguete. (Molly gives Jack a tuxedo for dinner, the first distress rocket is fired).
6.On The Blue Danube - Johann Strauss: A grande escadaria, Guggenheim e o brandy, Smith afasta-se e fecha-se sozinho na ponte. (The Grand Staircase, Guggenheim and the brandy, Smith shuts himself away on the flooding bridge).
7.Chant Sans Paroles - Mendelssohn: Conhecendo os Astors. (Meeting the Astors).
8.Estudiantina Waltz - Emile Waldteufel: Música ao jantar, cena excluída da estrela cadente, Cal dá a Rose o seu casaco. (Song at dinner, deleted scene Shooting Star, Cal gives to Rose his jacket).
9.Vision Of Salome - Archibald Joyce: Rose e Ruth tomam chá antes da cena do vôo. (Rose and Ruth have tea before the flying scene).
10.Come Josephine In My Flying Machine - Fred Fisher: Rose pede ao Jack que a desenhe. (Rose asks Jack to draw her).
11.Meditation of Thais - Jules Massenet: Jack assina o desenho e Call diz a Lovejoy para encontrar a Rose. (Jack signs the drawing and Cal tells Lovejoy to find Rose).
12.Titsy Bitsy Girl - Ivan Caryll: Rose e Jack escapam da suite. (Rose and Jack escape from the suite).
13.Alexander's Ragtime Band - Irving Berlin: Cena excluída de Molly pedindo gelo, Andrews diz a Rose que o navio se vai afundar. (Deleted scene "How ‘Bout a Little Ice?", Andrews tells Rose the ship will sink).
14.Sphinx - Francis Popy: Cena excluída Ismay em pânico, Rose recusa entrar no bote com Ruth e Molly. (Deleted scene "Ismay Panics", Rose refuses to get into the boat with Ruth and Molly).
15.Barcarolle - Jaques Offenbach: Andrews ordena a Lightoller que encha os botes. (Andrews orders Lightoller to fill the boats).
16.Orpheus - Jaques Offenbach: Ismay parte no bote C. (Ismay departs in Standard C).
17.Songe d' Automne - Archibald Joyce : (Destroços do navio. / Shipwreck).
18.Alexander's Ragtime Band (piano) - Irving Berlin : (Destroços do navio. / Shipwreck).
19.Nearer My God to Thee - Sarah Flower Adams: A composição final. (The final piece).
Agradecimentos a Michael Jean Baker TitanicWebSite (Thanks to Michael Jean Baker TitanicWebSite).

quarta-feira, abril 20, 2011

EVENTOS POSTERIORES 
20/04/1912
Em entrevista ao Providence Journal, nos Estados Unidos, Alfred Stead, irmão do jornalista William Stead, reclama das circunstâncias em que sobreviveu o diretor de operações da White Star Line, Bruce Ismay. O vapor Bremen passa pela zona do naufrágio e seus passageiros vêem corpos no mar.
21/04/1912
A White Star Line freta o Minia, da Anglo- American Telegraph Co., para o resgate dos corpos.
24/04/1912
Os fornalheiros do Olympic, que está de partida, entram em greve, reivindicando suficientes botes salva-vidas. Desertam 285 tripulantes e a viagem é cancelada. O navio permanecerá seis meses fora de serviço, para ser equipado com 68 botes. Também serão procedidas alterações estruturais: com seis compartimentos de colisão inundados, o navio poderá flutuar.
25/04/1912
Um membro do parlamento britânico, Josiah Wedgwood, interpela o Board of Trade. Ele quer saber por que morreram 65,38% das crianças da Terceira Classe.
30/04/1912
Os oportunistas não perdem tempo: em dia incerto, ainda em abril, é lançado na Alemanha o primeiro filme sobre o naufrágio, In nacht und eis (Na noite e no gelo), em preto-e-branco, silencioso, dirigido por Mime Misu, com duração de 30 minutos. Retorna o Mackay-Bennett. Encontraram 306 corpos, 190 recolhidos e 166 sepultados no mar, alguns identificados e outros sepultados sem identificação após minuciosa descrição do biótipo, indumentária e pertences. O quarto corpo resgatado é o de um bebê desconhecido, que comove a tripulação.
02/05/1912
Aberto em Londres, por ordem do Lorde-Chanceler, Conde de Loreburn, o “British Wreck Comissioner's Inquiry”, sob a presidência de Charles Bigham, Lorde Mersey, membro da Câmara dos Lordes. Serão ouvidas 96 pessoas, entre elas Charles Lightoller, Bruce Ismay, Stanley Lord (Capitão do Californian), Marconi, membros da tripulação, construtores do navio e inspetores do Board of Trade. Os únicos passageiros convidados a depor serão os menos aptos, Sir Cosmo e Lady Duff Gordon.
03/05/1912
Retoma o Minia: 17 corpos, 15 recolhidos e dois sepultados no mar.
04/05/1912
A tripulação do Mackay-Bennett acompanha o sepultamento do bebê desconhecido, que ela adotou, no Fairview Lawn Cemitery, em Halifax. No pequeno caixão, sobre o peito da criança, uma placa: "Our babe" (Nosso bebê). Os marujos se cotizam e erguem um monumento no túmulo.
06/05/1912
Parte o Montmagny, do governo canadense, para o resgate dos corpos. Achará quatro corpos: três recolhidos e um sepultado no mar.
14/05/1912
Um mês após o naufrágio, estréia nos Estados Unidos, em preto-e-branco, silencioso, o filme Saved from the Titanic, dirigido por Étienne Arnaud, com duração de dez minutos e protagonizado pela atriz Dorothy Gibson, sobrevivente no Standard 7, que representa seu próprio papel.
15/05/1912
A White Star Line freta o Algerine, de Bouring Brothers, para o resgate de corpos. Achará apenas um corpo. O total de corpos encontrados: 328.
25/05/1912
Encerrado o inquérito norte-americano. Mais isento do que o britânico, responsabiliza principalmente o Capitão Edward Smith, Bruce Ismay, Andrews Thomas e o Capitão do Californian Stanley Lord, mas é prejudicado pela insistência em temas colaterais, como a constituição e o regime dos icebergs, e pela ignorância dos senadores em assuntos náuticos, incapazes de compreender questões singelas como, por exemplo, a diferença entre a numeração regulamentar dos botes salva-vidas e a ordem de arriamento.
12/06/1912
Suspenso o resgate de corpos.
03/07/1912
Encerrado o inquérito britânico, cujo maior cuidado é inocentar a White Star Line, o Capitão Edward Smith e o Board of Trade. O Capitão Stanley Lord, do Californian, é considerado o maior culpado pela tragédia. Lorde Mersey não percebeu, ou não quis perceber, que a lastimável omissão do comandante do Californian atuou sobre um efeito produzido por outrem. A condição necessária do naufrágio é o iceberg, sem o qual não ocorreria, mas sua causa principal passa ao longe do infortunado capitão, que ao agravar aquele efeito se identifica como causa meramente acessória, à semelhança dos oficiais Henry Wilde, William Murdoch e Charles Lightoller, que podendo salvar até 1.178 pessoas nos botes, salvaram apenas 705. De resto, entre o Californian e o Titanic havia uma barreira de gelo. Os culpados têm outros nomes.

segunda-feira, abril 18, 2011

EVENTOS EM 18 E 19 DE ABRIL
Este vídeo foi feito no dia seguinte a chegada do Carpathia, podemos ver os heróis que resgataram os sobreviventes das águas geladas, incluindo o Capitão do Carpathia sempre discreto. Podemos ver a felicidade de um jovem aprendiz a receber talvez um dos primeiros autógrafos da História vindo de um sobrevivente do Titanic. Também é visível ainda alguns sobreviventes a cambalear na proa do velho navio, que permaneceram essa noite a bordo por não terem ninguém que os esperasse.
18/04/1912
Chovia bastante em Nova Iorque. Navios da marinha norte-americana, enviadas pelo Presidente Taft, oferecem assistência ao Carpathia, que não responde. O telegrafista Bride recebe três mensagem, da Estação Marconi de Sea Gate, em Long Island, pedido para manter a boca fechada sobre o que aconteceu. A troca de sua história por dólares de quatro dígitos. As 20h30min, na sala de jantar do Carpathia, o menino Frank Goldsmith vê uma luz pela janela e acha que um navio quase se chocou com o Carpathia. Na verdade eram as luzes do porto de Nova York. Mais de 10.000 pessoas e dezenas de jornalistas esperam o Carpathia no porto, e quase 30.000 populares se distribuem pela margem do Rio Hudson. O navio ultrapassa o cais 54 da Cunard, e sobe o rio até o cais da White Star Line, onde vai arriar os botes que traz pendentes do costado. Os jornalistas, ansiosos por informações, fretam barcos para chegar perto do navio e fazem perguntas aos náufragos através de megafones. O Carpathia retorna ao cais da Cunard às 21h30min, para o desembarque dos 705 sobreviventes. Os imigrantes também vão desembarcar ali e não na ilha de Ellis, uma das raras ocasiões em que essa exigência do Serviço de Imigração será dispensada. Começa o tumultuado desembarque. O corretor William Sloper é assediado por jornalistas, como todos os náufragos, e recusa-se a dar entrevistas, reservando seu depoimento para o New Britain Herald, cujo editor é seu amigo. Bride, por sua vez, vai vender sua história ao New York Times por 1.000 dólares. Cottam receberá do mesmo jornal 750 dólares pelo relato de sua participação. Na confusão do cais, o cão de Elizabeth Rothschild morre sob as rodas de uma carruagem. O salvamento do animal no Standard 6 haverá de repercutir na imprensa, pois o marido de Elizabeth não teve a mesma sorte.
19/04/1912
Aberto no senado norte-americano o “United States Senate Inquiry”, sob a presidência do Senador William Smith. Serão ouvidas 82 pessoas. Um repórter do New York Herald, desgostoso com William Sloper, publica que ele conseguiu salvar-se porque se vestiu de mulher. Não é verdade, mas o corretor passará o resto de seus dias a defender-se da vil calúnia. No cais da White Star Line, os funcionários trabalham afanosamente nos botes resgatados, lixando o nome Titanic.

domingo, abril 17, 2011

EVENTOS EM 16 E 17 DE ABRIL DE 1912 
16/04/1912
Nova comunicação da White Star Line ao Board of Trade, em Londres: pesarosa, a empresa admite a gravidade do acidente e o salvamento de menos de um terço das 2.227 pessoas que se encontravam a bordo. Vincent Astor o filho do homem mais rico a bordo desmaia nos escritórios da White Star quando percebe que na lista de sobreviventes não consta o nome do pai. A senhora Guggenheim mesmo sabendo que o marido viajara com a amante a cantora Madame Aubert, não conteve as lágrimas. Desconhecidos procuravam pelos seus entes queridos, muitos como vemos no vídeo, sairam a chorar dos escritórios White Star Line.
O Carpathia tinha como destino Gibraltar, um destino completamente oposto ao que decidiu tomar. O Capitão Rostron do Carpathia ponderou viajarem até aos Açores, destino mais em conta para o navio e onde poderia deixar os passageiros mais comodamente, também pensou em transferi-los para o Olympic, irmão gémeo do Titanic, mas fazer os passageiros relembrar tudo de novo num navio tão identico, era de arrepiar, outra opção seria Halifax. Optou por levá-los ao seu local merecido, Nova Iorque, o destino que tinham desejado alcançar no luxuoso transatlântico, e nenhum passageiro a bordo do Carpathia que ia com destino a Gibraltar se opôs a tal decisão ou se incomodou com o prejuízo de atrasarem a sua chegada à Europa, antes pelo contrário, ofereceram-se para acolher alguns sobreviventes nos seus camarotes, disponibilizaram roupas, cobertores, objectos pessoais como escovas de dentes e brinquedos.
17/04/1912
Na data prevista para a chegada do Titanic a Nova York, a White Star Line, freta o Mackay-Bennett, da Commercial Cable Co., para procurar corpos na zona do naufrágio. Mesmo depois do naufrágio, este levava ordens claras para preservar os mortos de acordo com a classe.

sexta-feira, abril 15, 2011

TITANIC 
EVENTOS EM 15 DE ABRIL DE 1912
Uma homenagem a todos aqueles que fizeram parte da tragédia que mudou o mundo e fez perder para sempre a sua inocência. Segue em baixo o link para download das listas completas de passageiros e tripulantes, actores de uma peça de teatro no palco da vida que é o tempo... foi há 99 anos precisamente a esta hora que o pano desceu e com ele terminou a belle époque. 
Lista de Passageiros e Tripulação
2h:18min
As luzes do navio piscam uma vez e se apagam. Agora o Titanic é uma ingente massa negra e compacta contra o céu estrelado. Já não o será: com ruídos ensurdecedores, resultantes do deslocamento de toda a tralha de aço arrancada de suas bases, parte-se em dois pedaços, entre a terceira e a quarta chaminés.
2h:20min
Com um rugido monstruoso, a popa começa a mergulhar. As ondas sacodem os botes mais próximos. Aquele prodígio sobre as águas, insígnia da opulência eduardiana, não existe mais, e a deformada carcaça de uma era de esplendor viaja para seu túmulo, num ângulo de 30° e à espantosa velocidade de 75km horários, a 1.600 km da cidade em que Ismay queria aportar na terça-feira.
2h:25min
Mensagem do Birma para o Frankfurt, reportando que se encontra a 127km da zona do naufrágio. No Californian, tripulantes notam que o navio ao longe desapareceu. Concluem que, após uma parada, seguiu viagem.
2h:40min
O telegrafista do Mount Temple informa o Capitão Moore que há quase uma hora o Titanic não se manifesta. No Carpathia, Rostron determina o lançamento de foguetes de sinalização a cada 15 minutos, para prevenir o Titanic ou eventuais náufragos de sua aproximação. Dos 20 botes, apenas quatro ou cinco têm lanternas. Nos demais, os sobreviventes queimam pedaços de papel para indicar a posição e alertar algum navio nas imediações.
2h:45min
O Carpathia encontra vários icebergs e um oficial adverte o Capitão Rostron, que mantêm a mesma velocidade.
3h:00min
O Mount Temple, que vem do leste, depara-se com gelo pesado e diminui a marcha. No Standard 6, Hichens atormenta os passageiros. Em horário impreciso, entre 3 e 4h, as mulheres, lideradas por Margaret Brown, amotinam-se contra Hichens e ameaçam jogá-lo ao mar. O timoneiro enrola-se num cobertor e limita-se a praguejar em voz baixa. Lowe, no Standard 14, assume o comando da operação de salvamento, e faz com que se unam, amarrados, o Dobrável D e os standard 04, 10 e 12. Decidido a retomar em busca de sobreviventes, transfere para outros botes a maior parte dos passageiros que ocupam o seu. Após reunir oito homens, Lowe parte em direção ao resgate de sobreviventes.
3h:05min
Na sala de navegação do Mount Temple, o Capitão Moore vê a luz do mastro de um pequeno navio a pouco mais de um quilômetro à proa e é obrigado a manobrar para não abalroá-lo. A embarcação vem da região do naufrágio. O pesqueiro norueguês Samson, quem sabe?
3h15min
Do Carpathia para o Titanic: Se você continua aí: estamos lançando foguetes.
3h20min
A tripulação do Califomian vê novos foguetes ao sul. Outra festa, como aquela das primeiras horas da madrugada? Em meio a centenas de cadáveres, Lowe descobre quatro pessoas vivas, equilibrando-se sobre destroços que sobrenadam.
3h:25min
Os foguetes são vistos pelos náufragos nos botes. Cottam chama insistentemente o Titanic. O Baltic telegrafa ao Virginian, perguntando pelo Titanic. O Mount Temple pára, cercado de gelo, a 25krn da suposta zona do naufrágio.
3h:30min
O Carpathia chega à área reportada por Phillips e não encontra nada. Nem navio, nem destroços, nem botes.
3h:48min
Do Birma, supondo que o Titanic ainda está na escuta: A toda velocidade em sua direção. Chegaremos por volta das seis horas. Esperamos que estejam bem. Apenas 91 km nos separam.
3h:50min
O Ypiranga avisa a todos os navios que há muito tempo não ouve o Titanic, mas Cottam, no Carpathia, ainda o chama.
4h:00min
O Capitão Rostron manda desligar os motores, à espera. Seus oficiais, apreensivos, perscrutam o mar em todas as direções. No outro lado de um vasto campo de gelo, a tripulação do Californian vê um vapor na região em que, no começo da noite, observou o navio iluminado. O navio Carpathia também já é visto pelos náufragos, inclusive os do Dobrável B, a grande distância.
4h:05min
Um oficial do Carpathia, na proa, percebe no mar uma luz verde. São os foguetes de Boxhall no Cúter 2. O bote se aproxima vagarosamente. Começa a clarear o dia.
4h:10min
O navio manobra para facilitar e o Cúter 2 encosta abaixo da portaló de estibordo. Traz várias crianças. São arriadas escadas. O trabalho de resgate é lento, laborioso, dificultado pelos náufragos: alguns em pranto convulso, outros em estado de choque ou de histeria, além daqueles que se movem com estranhas pausas, calados, sombrios. O bote vazio é pendurado no costado. Em seguida virão os outros, que se distribuem numa área de aproximadamente 8km².
4h:18min
Do La Provence para o Celtic: Há mais de duas horas ninguém ouve o Titanic.
4h:30min
O Mount Temple tenta avançar e se imobiliza diante do mesmo campo de gelo que bloqueou o Californian.
4h:40min
Um segundo bote, o Cúter 1, é recolhido pelo Carpathia.
4h:45min
Recolhido o Standard 5 e, em seguida, o 13. Com intervalos variáveis e em horários imprecisos, vão chegando os demais.
4h:50min
O Mount Temple continua parado no meio do gelo.
4h:55min
Birma e Frankfurt trocam mensagens.
5h:00min
Encrespa-se o mar e aumentam as dificuldades do bote emborcado. A cada vez que é sacudido por uma onda, escapa um pouco de ar de seu interior e a proa afunda mais. Os homens continuam a trocar de posição, mas já estão muito cansados.
5h:10min
O Californian liga seus motores para deixar o campo de gelo. O lugar está cercado de grandes icebergs, esplendoroso panorama a contrastar com a magnitude da tragédia. Dependendo da direção em que lhes bate o sol nascente, suas cores mudam, são brancos, azuis e em tons que oscilam entre violeta e cinza escuro. Move-se também o Mount Temple. Recolhido o Standard 7.
5h:14min
O Birma avisa que se encontra a pouco mais de 50km do Titanic.
5h:25min
O Celtic tenta enviar mensagem ao Titanic através do Caronia, que responde: não há contato.
5h:30min
No Californian, o Chefe dos Oficiais Stewart desperta o telegrafista Evans e, comentando que um navio lançou foguetes durante a noite, aconselha-o a ligar o aparelho. Ele o faz com uma chamada geral, que de imediato é respondida pelo Frankfurt, que reporta que o Titanic naufragou. Evans, nervoso, pede a posição do Titanic. No Dobrável B, Lightoller sopra seu apito e chama a atenção dos botes amarrados, o Dobrável D - rebocado pelo 14 de Lowe, pois está fazendo água - e os standard 04, 10 e 12, a 800m de distância. Lowe manda que o 04 e o 12 voltem e recolham os sobreviventes. Antes do amanhecer, o 12 estará sobrecarregado com 70 pessoas transferidas de outros botes. O Dobrável B, vazio, também é rebocado por Lowe. No Dobrável A, sem as bordas e com o fundo sob a superfície, os náufragos, eretos - entre eles uma mulher, têm o mar nos joelhos. O bote vai afundar. Lowe parte em seu socorro e, antes da abordagem, dispara quatro tiros de alerta: ninguém deve se precipitar sobre o 14, sob pena de emborcá-lo. Três corpos são abandonados no bote, que fica à deriva.
5h:35min
Troca de mensagens entre o Californian e o Mount Temple, que lhe indica a suposta posição do Titanic, como pouco antes o fizera o Virginian. Com o mar apinhado de blocos de gelo, Lord ordena que o navio siga à meia força para a zona reportada.
6h:00min
O Mount Temple vê o Carpathia no outro lado do campo de gelo. Neste, prossegue o resgate dos botes e, da amurada, os passageiros da Cunard os fotografam. Recolhido o Standard 3. Em Nova York, são quase oito horas e já circulam os jornais matutinos com enormes manchetes, como o Herald's: O NOVO TITANIC BATE EM ICEBERG E PEDE AJUDA. NAVIOS CORREM EM SUA DIREÇÃO. Os jornalistas esperam um comunicado do escritório local da WSL. O Vice-Presidente Philip Franklin, desconhecendo que o navio está perdido, declara à imprensa que, mesmo batendo no gelo, ele pode flutuar indefinidamente. E acrescenta: - Nós temos absoluta confiança no Titanic. Estamos certos de que é insubmergível.
6h:15min
Troca de mensagens entre o Californian e o Birma.
6h:30min
Recolhido o Dobrável C, Ismay esta a bordo. O médico o conduz à sua própria cabine, e durante o resto da viagem Ismay não vai abandoná-la. Não come, não bebe, exceto água com calmantes, e receberá mais tarde uma única visita, a do jovem Jack Thayer.
6h:55min
Recolhidos dez botes. Os passageiros do Carpathia colo¬cam suas cabines à disposição dos náufragos.
7h:10min
O Californian pede ao Mount Temple sua posição. Os navios estão à vista um do outro, a oeste do campo gelado, mas o cargueiro da Leyland Line está mais próximo da zona do naufrágio. Ambos procuram passagens em meio ao gelo.
7h:30min
Em Nova York, já na metade da manhã, acorrem ao escritório da WSL, ansiosos por notícias, familiares e amigos das vítimas, como a esposa de Benjamin Guggenheim, o pai de Madeleine Astor e J. P. Morgan Jr., além de centenas de pessoas desconhecidas. Todos são recebidos com notícias tranqüilizadoras: não há motivo algum para preocupação, o Titanic não afunda, e na remota eventualidade de afundar, é certo que isto só lhe acontecerá após flutuar dois ou três dias. À tarde, aparecerá nas ruas um banner do Evening Sun: TODOS SALVOS NO TITANIC APÓS A COLISÃO.
7h:55min
À meia força, o Califomian começa a cruzar o campo de gelo.
8h:15min
Os náufragos estão a salvo no Carpathia, exceto os do Standard 12. No resgate do 6, minutos antes, a tripulação não queria aceitar a bordo o cão de Elizabeth Rothschild, mas teve de ceder, a mulher só se dispunha a subir se o animal a acompanhasse. No convés, corpos de pessoas que morreram durante a madrugada. Os cirurgiões, na enfermaria, assistem os sobreviventes.
8h:20min
A tripulação do Californian murmura contra o Capitão Lord, por não ter mandado despertar o telegrafista quando soube dos foguetes.
8h:30min
Chega o Californian, afinal, e já não há o que fazer. O Capitão Lord vê no mar pedaços de tábuas brancas, cadeiras de convés, almofadas, tapetes e coletes. Aos poucos, aproximam-se outros navios, entre eles o Birma. Recolhido o Standard 12, encerrado o trabalho de resgate. Lightoller é o último a subir no Carpathia. O navio se movimenta. Em rápida busca às imediações, encontra apenas o corpo de um homem com um sobretudo, que deriva lentamente para o sul. O Major Peuchen estranha, pois, vivos ou mortos, todos deveriam flutuar. Ao mesmo tempo, vê na superfície grande quantidade de cortiça: o tecido dos coletes não resistiu à baixa temperatura da água.
8h:35min
O Mount Temple ouve o Carpathia reportar que recolheu 20 botes (na verdade são 19 botes, pois o Dobrável A, abandonado no mar, será encontrado dias depois pelo Oceanic). Quando o navio passa pela área dos destroços, procede-se a um serviço religioso, tributado àqueles que já não vivem.
8h:50min
Começa a viagem para Nova York.
8h:50min
Nas horas seguintes, um comitê dos sobreviventes recolherá milhares de dólares para doar ao Capitão Rostron e seus subordinados.
9h:05min
O Mount Temple retoma seu curso original, após ouvir do Carpathia que já não precisa permanecer à escura.
9h:50min
Cottam, que agora tem a companhia de Bride no aparelho, passa a ignorar as mensagens que tratam do acidente, alegadamente por ordem do capitão, que manda priorizar as notícias dos náufragos às suas famílias. Notícias que, misteriosamente, só chegarão dias depois.
12h:10min
O Frankfurt chega à zona do naufrágio.
16h:00min
Em horário impreciso, no meio da tarde, mensagem de Ismay para Philip Franklin, em Nova York: Com profundo pesar comunico que Titanic naufragou nesta manhã, após colisão com iceberg, do que resultou severa perda de vidas. Informações completas mais tarde. Outro mistério: a mensagem não é enviada de imediato, ainda que autorizada pelo Capitão Rostron, e só o será na quarta-feira, dia 17, sendo recebida no mesmo dia por Franklin, às 9h da manhã.
18h:16min (horário de Nova York)
Recebida pela WSL norte-americana a primeira mensagem que dá conta do que realmente aconteceu. Vem do Capitão Haddock, do Olympic. Enviada bem mais cedo pelo comandante do Olympic, demorou para chegar, mas jamais se descobrirá se o atraso foi intencional, relacionado com as manobras de ressegurar a carga.
22h:30min (horário de Nova York)
Comenta-se que a White Star Line já dispõe de uma lista parcial de sobreviventes.
23h:55min (horário do navio)
Morre a bordo do Carpathia o marujo William Lyons, que fora retirado da água pelo Standard 4. Sepultado no mar.    

quinta-feira, abril 14, 2011


EVENTOS EM 14 E 15 DE ABRIL DE 1912

"Havia paz e o mundo ganhava um novo sentido... Parece-me que o desastre que estava eminente não foi só o acontecimento que fez o mundo esfregar os olhos e acordar, mas também acordar para um novo começo! Para mim, o mundo de hoje acordou a 15 de Abril de 1912."

Jack Thayer, sobrevivente do Titanic.
23h:40min
Fleet vê, a menos de 500 metros, a massa escura de um enorme iceberg, elevando-se a quase 20m da superfície, e de pronto bate o sino três vezes. Apanha o telefone e espera que alguém atenda na sala de navegação. Moody atende e educadamente agradece, e comunica a Murdoch, que já acorre da asa da ponte. Na sala do leme, atrás da sala de navegação, o primeiro oficial ordena ao timoneiro Hichens que “carregue todo o leme a estibordo.” Já de volta à sala de navegação, gira a manivela do telégrafo, determinando à casa de máquinas parada dos motores e reversão a toda potência. Pelo sistema hidráulico, fecha todas as portas estanques. Deveria acionar previamente o respectivo alarme e esperar dez segundos para fechar. A precipitação o leva a fazer as duas coisas ao mesmo tempo, pois decorrem apenas 15 segundos entre o aviso do vigia e o fechamento das portas. Boxhall, que em seu alojamento ouviu o sino, larga a xícara de chá, levanta-se e dirige-se à sala de navegação. A proa começa a virar para bombordo. Vira dez graus, mas não basta: 37 segundos após o aviso do vigia, o Titanic colide em seu costado de estibordo, abaixo da linha d'água e três metros acima da quilha, com a montanha de gelo. Boxhall, a meio caminho da sala de navegação, sente o baque. Um ligeiro tremor sacode o navio e, durante dez segundos, um surdo rangido assusta quem ainda não dormiu ou desperta quem já o fez. Amassadas, as placas da carena têm as cabeças de seus rebites arrancadas e cedem em vários pontos. As fendas são de alguns centímetros ou escassos milímetros, mas permitem que os quatro primeiros compartimentos de colisão estejam abertos para o mar. Duas toneladas de gelo sujo se desprendem da grimpa do iceberg e tombam despedaçadas entre o castelo da proa e a ponte de comando, e também na seção de vante do convés A. O timoneiro Olliver, que se encontra perto da ponte, vê o iceberg passar. O cume ultrapassa o convés dos barcos.
23h:42min
O capitão deixa seu alojamento e chega à ponte. Murdoch avisa do iceberg e relata que mandou carregar a estibordo e reverter motores, mas o navio estava muito próximo e acaba por bater no iceberg. Pelo telégrafo, o capitão ordena à casa de máquinas meia-força à frente, mas logo contra-ordena: parar os motores. Manda Boxhall inspecionar os danos. Murdoch diz ao timoneiro Olliver que faça no livro de ocorrências o registro da colisão, ocorrida às 23h40min.
23h:45min
A tripulação do Californian vê as luzes de um navio parado.
23h:50min
O capitão ainda não sabe, mas nos primeiros dez minutos após o impacto, a água, na proa, avança quatro metros acima da linha d'água, e os primeiros quatro compartimentos de colisão são invadidos. O quarto é a sexta sala de caldeiras. Seu piso, em circunstâncias normais, encontra-se 150m acima da superfície oceânica, mas agora a água já alcança 250m em suas paredes internas. Apenas três tripulantes conseguem escapar. A sala do correio, no convés G, que deveria estar seis metros acima da superfície oceânica, já foi alcançada, e isto significa que a água ultrapassou a terceira antepara, invadindo a sexta sala de caldeiras. É feita a chamada para que os marujos de convés se posicionem ao lado dos botes salva-vidas que lhes correspondem. Em situações de emergência, cada um deles tem sua posição predeterminada.
23h:55min
Bride desperta e vai assumir seu posto. Na Sala Marconi, ouve de Phillips que o navio sofreu algum dano e talvez precise retomar a Belfast. O relato do carpinteiro também não satisfaz o capitão, que deseja informações precisas. Ele pede a Andrews que faça uma avaliação. Ismay com um roupão sobre o pijama chega à ponte. O capitão relata que bateram em um iceberg. Apressadamente, Ismay se retira.
0h:00min
Ismay conversa com o engenheiro Bell. Os problemas são sérios, diz o técnico, mas as bombas de esgoto vão manter a flutuação. Boxhall desce outra vez. Na sala do correio, já com meio metro de água, os agentes ainda tentam salvar a correspondência.
0h:05min
Andrews retoma com informações desoladoras. Os quatro primeiros compartimentos de colisão estão inundados, forçando a proa para baixo. Em breve a água ultrapassará a quarta antepara, passando ao quinto compartimento, e assim sucessivamente. O navio não foi construído para enfrentar danos de tal magnitude e o naufrágio ocorrerá em uma hora e meia, talvez duas. O capitão manda que os botes sejam descobertos e os passageiros convocados às áreas superiores externas, todos com coletes salva-vidas.
0h:10min
No Californian, o Terceiro Oficial Charles Groves, tenta contatar pela lâmpada Morse com o navio imóvel e iluminado. Não obtêm resposta. O Capitão Lord pede ao Segundo Oficial Herbert Stone, que observe. Ele ainda acha que não é o Titanic, mas um cargueiro. A maioria das caldeiras foi fechada e nuvens de vapor manam das válvulas de segurança no corpo das chaminés, exaurindo a pressão resultante da parada dos motores. O barulho é tamanho que dificulta a comunicação entre as pessoas no convés dos barcos. As caldeiras distantes da proa continuam em funcionamento, sob o comando do engenheiro Bell, para que acionem as bombas de esgoto e alimentem os geradores, assegurando energia para a iluminação e o serviço telegráfico.
0h:15min
O mecânico Ernest Gill que espairece na coberta do Californian, observa as luzes do navio parado. Ele julga que é um vapor alemão de passageiros, em viagem para Nova York. Na Sala Marconi, perplexos, os telegrafistas acabam de ouvir o capitão ordenar pedido de socorro a todos os navios. Os dedos nervosos de Phillips acionam o manipulador. O primeiro a responder é o alemão Frankfurt, do Norddeutscher Lloyd: está na escuta e logo chamará de volta. O La Provence, da Compagnie Generale Transatlantique, e o Mount Temple, da Canadian Pacific, copiam a mensagem, também ouvida na estação Marconi de Cape Race. A bordo, os passageiros circulam como sonâmbulos, e tal atmosfera de irrealidade se adensa quando, por ordem do capitão, o conjunto de Wallace Hartley começa a tocar peças do ragtime na sala de estar da Primeira Classe, entre elas “Alexander’s Ragtime Band” e “Great Big Beautiful Doll”. Mais tarde, vai transferir-se para o convés dos barcos, tocando junto à porta de bombordo da grande escadaria da proa.
0h:17min
Nova mensagem do Titanic a todos os navios
0h:18min
O código de emergência é ouvido pelo Ypiranga, da Hamburg-Amerika Linie. O Frankfurt comunica que se encontra a 283km.
 0h:20min
Andrews é um altruísta, não é em vão que, dos oficiais aos carvoeiros, todos os tripulantes o estimam, e sendo o construtor do navio, mais aguda se torna sua angústia. Andrews pede que Etches o acompanhe ao convés C e confira cabine por cabine, avisando que os coletes salva-vidas se encontram na prateleira superior do roupeiro. Etches desce e no caminho vê o comissário McElroy em sua sala, cercado de homens e mulheres. São passageiros da Primeira Classe em busca de jóias e valores em depósito.
0h:25min
No Carpathia, da Cunard, navegando de Nova York para Gibraltar e comandado pelo Capitão Arthur Rostron, o telegrafista Harold Cottam, ainda ignora o que aconteceu com o Titanic, e antes de desligar o aparelho e ir dormir, resolve alertá-lo que copiou mensagens de Cape Race. Nos minutos seguintes outros navios chamarão, mas, à exceção do Mount Temple, a 90km, estão distantes: o Birma, da Russian East Asiatic, 130km, o Virginian, da Allan Line, 315km, e o Baltic, da White Star Line, a 450km. O Titanic apresenta forte inclinação para frente e para bombordo, mas os passageiros, simplesmente, negam o que seus olhos vêem. Se nem Deus consegue afundar este navio, por que um magote de gelo sujo o conseguiria? O Capitão Smith ordena finalmente: todos, sem precipitação, preparem-se para abandonar o navio. Primeiramente, mulheres e crianças. O embarque de estibordo começa a ser coordenado por Murdoch, o de bombordo, por Lightoller.
0h:26min
Boxhall deixa sobre a mesa de Phillips um papel com a nova posição calculada do Titanic.
0h:30min
No convés C, os comissários McElroy e Barker ainda atendem ansiosos passageiros que exigem a devolução do que guardaram. Mais uma vez, o Californian tenta em vão contatar pela lâmpada Morse com o navio parado. No Mount Temple, de Antuérpia para Nova York, o Capitão Moore ordena que o navio, em sua velocidade máxima de 11,5 nós siga na direção do Titanic.
0h:34min
Phillips faz contato com o Olympic, comandado pelo Capitão Haddock, a 926km de distância. O Capitão Haddock desvia o curso, mas para chegar à zona do naufrágio precisa navegar 23 horas. O Carpathia está a 91km de distância. Sua velocidade de cruzeiro é de 14,5 nós. O Capitão Rostron manda imprimir pressão total às caldeiras. A calefação é desligada, para que todo o vapor produzido se destine aos motores, e o velho navio agora avança à velocidade jamais experimentada de 17,5 nós. Contudo, não espera alcançar o Titanic antes das quatro horas da manhã.
0h:40min
Murdoch e Lightoller organizam o embarque na penumbra, sob a supervisão de Wilde. Não é permitido que os homens se aproximem. Os emigrantes compreendem, finalmente, que precisam abandonar as cabines e os pertences: a água avança. Quando começam a subir, encontram as portas dos conveses superiores fechadas e vigiadas por tripulantes que só permitem a passagem das raras mulheres e crianças que se apresentam. Aos homens, é assegurado que está vindo uma embarcação para socorrê-los.
0h:45min
Murdoch, auxiliado por McElroy, Ismay e Pitman, arria de estibordo o Standard 7 com apenas 28 pessoas (16 homens e 12 mulheres = 03 tripulantes e 25 passageiros da Primeira Classe), sob o comando do vigia Hogg. Phillips, por sugestão de Bride, emprega pela primeira vez o novo código SOS. As luzes do navio desconhecido ainda promovem esperanças, e os timoneiros Rowe e Bright, orientados por Boxhall, iniciam o lançamento dos foguetes de sinalização, oito ao todo, com intervalos de aproximadamente cinco minutos. Os foguetes sobem a mais de 24m e explodem em 12 estrelas brancas. No Californian, tripulantes observam foguetes, e o aprendiz de oficial James Gibson, informa o Capitão Lord. Vistos à distância, não se elevam a grande altura e não produzem nenhum som. O capitão conclui que são fogos festivos. Outro tripulante os confunde com estrelas cadentes.
0h:50min
Em seu alojamento, o Capitão Lord comunica-se pelo tubo com o Segundo Oficial Stone, na sala de navegação. Quer saber se o navio iluminado está mais perto. O outro informa que não e acrescenta que o mesmo está lançando foguetes, mas não responde à lâmpada e agora já se afasta. O capitão vai dormir.
0h:52min
O mecânico Gill, no Californian, viu os primeiros foguetes e desconfia de que o navio tem problemas. Como é apenas um trabalhador da casa de máquinas, não lhe corresponde fazer observações marítimas e menos ainda comunicá-las ao capitão, guarda para si a suspeita.
0h:53min
Lowe e Pitman tratam do embarque no Standard 5. A operação é demorada, os tripulantes não têm familiaridade com os turcos e Ismay atrapalha com ordens absurdas. Lowe perde a paciência e o interpela: - Quer que eu lance o barco mais depressa? Quer que afogue a todos? Se parar de me infernizar posso fazer o que precisa ser feito. O dono do navio não retruca e se afasta. Murdoch ordena que Pitman assuma o comando do Standard 5.
0h:55min
Lightoller arria de bombordo o Standard 6, com 27 pessoas (03 homens e 24 mulheres = 02 tripulantes, 24 passageiros da Primeira Classe e um da Terceira Classe), sob o comando do timoneiro Hichens. O bote desce e, sete metros abaixo, na altura do convés C, Hichens grita, reclamando que precisa de um navegador. O Major Peuchen adianta-se e revela a Lightoller sua condição de iatista. O oficial, aferrado ao propósito de embarcar apenas mulheres, crianças e remadores, resmunga que se Peuchen é de fato um homem do mar, deve agarrar um cabo e descer por ele. Os 52 anos do major não se intimidam. Ele se pendura e desliza até o bote. É o seu 28º ocupante. Murdoch e Lowe arriam de estibordo o Standard 5 com 39 pessoas (15 homens, 23 mulheres e uma criança = 03 tripulantes e 36 passageiros da Primeira Classe), sob o comando de Pitman.
1h:00min
Lightoller manda o marujo Samuel Hemming, trazer as lanternas de emergência, ainda guardadas. Tardia providência, três botes já foram lançados sem luz e outros ainda o serão, antes que as lanternas apareçam. Na proa, a água cobre a inscrição com o nome do navio. Phillips envia nova mensagem ao Olympic, indicando a posição e frisando que o navio bateu no gelo. A banda continua tocando. Murdoch e Lowe arriam de estibordo o Standard 3, com 48 pessoas (23 homens, 24 mulheres e uma criança = 10 tripulantes e 38 passageiros da Primeira Classe), sob o comando do marujo Moore. Sir Cosmo Duff Gordon encosta em Murdoch e, referindo-se ao Cúter 1, pergunta se pode tomá-lo com sua esposa, o oficial autoriza. Wilde organiza embarque no Standard 8, auxiliado por Gracie. Isidor Strauss traz a esposa, Rosalie. No último instante, da retrocede, não quer tomar o bote, sem seu marido Isidor, que recusa embarcar antes dos outros homens, o coronel e outros não conseguem persuadi-la.
1h:10min
Arriado o Cúter 1, com apenas 12 pessoas onde cabem 40 (10 homens e duas mulheres = 07 tripulantes e 05 passageiros da Primeira Classe). A operação é na área de Murdoch, mas quem a procede são tripulantes que, ato contínuo, pulam para o bote, provavelmente em decorrência de entendimento prévio com Sir Cosmo. O comando é do vigia Symons. Wilde arria de bombordo o Standard 8 com 39 pessoas (04 homens e 35 mulheres = 04 tripulantes e 35 passageiros da Primeira Classe), sob o comando do marujo Thomas Jones. O mar desborda a sexta antepara. A terceira sala das caldeiras, no meio do navio, está inundada. Alguns fornalheiros fugiram, um pequeno grupo ficou para trás e é alcançado pela água. Wilde já se ocupa do Standard 10. Com o navio adernando para bombordo, o bote pendurado afasta-se mais de meio metro do convés.
1h:15min
Pronuncia-se a inclinação do navio para bombordo. Indignado, Andrews exige dos oficiais que os botes sejam arriados com lotação completa. Murdoch manda que o Standard 9 seja carregado no convés A, cujas aberturas, nesta seção, não dispõem de telas.
1h:17min
Phillips renova o pedido de socorro a todos os navios.
1h:20min
Phillips repete sem cessar a mensagem de CQD. O navio, agora, aderna para o outro lado, mas em minutos tornará a pender para bombordo: com a água a irromper por todos os caminhos dos conveses inferiores. As portas do convés dos barcos que dão para as escadarias foram fechadas para evitar que a invasão dos passageiros da Terceira Classe venha a tumultuar o embarque. Tripulantes controlam a multidão, permitindo tão-só a passagem das mulheres e crianças que se apresentam. Wilde arria de bombordo o Standard 10 com 54 pessoas (07 homens, 42 mulheres e 05 crianças = 05 tripulantes e, em maioria, passageiros da Segunda Classe), sob o comando do marujo Edward Buley. Murdoch arria de estibordo o Standard 9, com 56 pessoas (16 homens, 38 mulheres e duas crianças = 08 tripulantes e, em maioria, passageiros da Segunda Classe), sob o comando do contramestre Haines.
1h:25min
Wilde, auxiliado por Grade, arria de bombordo o Standard 12 com 42 pessoas (03 homens, 37 mulheres e duas crianças = dois tripulantes e, em maioria, passageiros da Segunda Classe), sob o comando do marujo Frederick Clench. Enquanto o bote desce, o 43º passageiro: é o britânico Gus Cohen, da Terceira, que pula do convés, tombando sobre a também britânica Lutie Parrish, da Segunda, e ferindo-lhe o tórax e a perna. Arriado por Murdoch do convés A de estibordo o Standard 11, com 70 pessoas (12 homens, 51 mulheres e 07 crianças = 09 tripulantes e, em maioria, passageiros da Segunda Classe), sob o comando do timoneiro Sidney Humphreys. Lightoller arria de bombordo o Standard 14 com 63 pessoas (11 homens, 41 mulheres e 11 crianças = 08 tripulantes e, em maioria, passageiros da Segunda Classe), sob o comando do Oficial Lowe.
1h:30min
Benjamin Guggenheim retoma à cabine para trocar de roupa e se prepara para afundar como cavalheiro. Os passageiros da Terceira Classe forçam a porta de uma das escadarias, invadindo o convés dos barcos. Entre eles, inúmeras mulheres e crianças. Os homens portam punhais, facas, porretes, e lutam com a tripulação para abrir caminho. Segundo o Dr. Dodge, que ainda está a bordo, alguns são mortos a tiros. Em meio ao tumulto, o Capitão Smith é visto caminhando no convés A em estado de choque, ignorando o que acontece à sua volta.
1h:31min
Do Titanic para o Olympic: Casa de máquinas inundada.
1h:33min
No mar, os botes se distanciam lentamente do Titanic para evitar a sucção do afundamento. No Cúter 1, o Money Boat, lançado há meia hora, os tripulantes perdem o senso de direção: remam diretamente para um grupo de luzes até perceber que são as do navio que afunda.
1h:35min
Murdoch arria do convés A de estibordo o Standard 13, com 64 pessoas (21 homens, 35 mulheres e 08 crianças = 06 tripulantes e, em maioria, passageiros da Terceira Classe), sob o comando do fornalheiro-chefe Barrett. Trinta segundos após o lançamento do 13, Murdoch arria do convés de estibordo o Standard 15, com 70 pessoas (29 homens, 35 mulheres e 06 crianças = 05 tripulantes e, em sua maioria, passageiros da Terceira Classe), sob o comando do fornalheiro Frank Dymond. Enquanto Rowe lança o oitavo e último foguete, Lightoller, auxiliado por Moody, arria de bombordo o Standard 16, com 56 pessoas (06 homens, 45 mulheres e 05 crianças = 06 tripulantes e, em sua maioria, passageiros da Terceira Classe), sob o comando do mestre-de-armas Joseph Bailey. Gritos no convés de bombordo, é Wilde defendendo o Cúter 2. A estibordo, tiros: é Murdoch, já menos complacente, a impedir que um grupo de homens ocupe o Dobrável C.
1h:37min
Do Baltic para o Titanic: Estamos correndo em sua direção.
1h:40min
Wilde arria de estibordo o Dobrável C, com 69 pessoas (17 homens, 38 mulheres e 14 crianças = 05 tripulantes e, em maioria, passageiros da Terceira Classe), sob o comando do timoneiro Rowe. A descida é acidentada. Aderna tanto o navio para bombordo que o bote roça várias vezes no costado, correndo o risco de ter as bordas de lona rasgadas pelas cabeças dos rebites. Os homens, manejando os remos contra o casco, conseguem mantê-lo afastado. Do Titanic para o Birma: Afundando rapidamente. Passageiros nos botes.
1h:45min
Wilde arria de bombordo o Cúter 2, com 25 pessoas (06 homens, 15 mulheres e 04 crianças = 04 tripulantes e, em maioria, passageiros retardatários da Primeira Classe), sob o comando de Boxhall, que porta alguns foguetes de sinalização. Do Titanic para o Carpathia, última mensagem que este copia: Venha logo. Sala de máquinas inundada acima das caldeiras.
1h:47min
O Caronia ouve o Titanic, mas os sinais são fracos, indecifráveis.
1h:48min
O Asian tenta retomar contato, igualmente sem resultado.
1h:50min
Lightoller trabalha no retardado carregamento do Standard 4. Astor auxilia Madeleine e, observando que há lugares vagos, pergunta se pode acompanhar a esposa grávida, o acesso a ele é negado.
1h:55min
Lightoller, finalmente, arria de bombordo o barco atrasado, o Standard 4, com 40 pessoas (07 homens, 26 mulheres e 07 crianças = 07 tripulantes e, em esmagadora maioria, passageiros da Primeira Classe), sob o comando do timoneiro Walter Perkis. Sobram 25 lugares neste barco reservado para a elite e nem um só é oferecido às 56 crianças da Terceira Classe que vão morrer em meia-hora.
2h:00min
Os navios Olympic, Frankfurt e Baltic chamam o Titanic. Sem resposta. A banda toca hinos, toca também Nearer, my God, to thee (Mais perto de ti, Senhor), composição de Sarah Flower Adams em 1841, que Wallace Hartley costuma dizer que reserva para seu funeral. No convés A, Lightoller instrui os subordinados a formarem um círculo com os braços dados, para que apenas mulheres e crianças embarquem no Dobrável D, já pendurado nos turcos do Cúter 2.
2h:05min
O naufrágio pode ocorrer a qualquer momento. Toda a sorte de objetos desliza na direção da proa. Dos salões, das cabines, das cozinhas, sobem aos conveses superiores o estalejar de louça, vidros, metais, e as detonações do mobiliário ao chocar-se contra as paredes de vante, atribuindo uma cadência apocalíptica ao estridor das válvulas de segurança. Arriado do convés A de bombordo o Dobrável D com 44 pessoas (07 homens, 33 mulheres e 04 crianças = 03 tripulantes e, em maioria, passageiros da Primeira Classe), sob o comando de Arthur Bright. É o último de bombordo e leva os meninos Edmond e Michel Navratil, de dois e três anos, que foram raptados pelo pai, em litígio com a mãe, e viajam com nomes falsos. Andrews é visto sozinho na sala dos fumantes da Primeira Classe, sentado, imóvel. Com o colete abandonado sobre a mesa, espera placidamente a morte, assumindo uma culpa que, afinal, é muito menos dele do que de outros.
2h:10min
O castelo da proa está submerso e a água ultrapassa a guarda de vante do convés A. Na cobertura do alojamento dos oficiais, os tripulantes, afobados, não conseguem retirar a lona que protege os dobráveis A e B, fixada por cordas, que serão cortadas com um canivete. Na Sala Marconi, o capitão libera os telegrafistas. Segurando-se onde pode para não escorregar no piso inclinado, vai à sala de navegação. Phillips envia a última mensagem, ouvida só pelo Virginian e com sinais tão débeis que não são decifrados. A banda toca Autumn.
2h:15min
A banda já parou de tocar. Murdoch, segundo Lightoller, manda pendurar o Dobrável A, já arriado de cima do alojamento do capitão, nos turcos do Cúter 1. A água transpõe a guarda da asa de bombordo da ponte e já alcança as primeiras janelas da sala de navegação. O capitão é visto nas imediações, mas Bride vai testemunhar que, na verdade, ele já pulou para o mar. O navio balança-se para frente, provocando ondas que se dissipam no convés dos barcos. Um dos oficiais suicida-se com um tiro na têmpora, ocorrência que três pessoas vão relatar. Lightoller e tripulantes, sobre o alojamento dos oficiais, empurram o Dobrável B por uma rampa feita com remos. O bote cai emborcado no convés de bombordo. É tarde. A proa mergulha e uma imensa onda invade o convés dos barcos. Lightoller pula e cai no costado do navio, junto a uma grade de entrada de ar da casa de máquinas. Pulam Phillips e Bride.
2h:17min
A água penetra velozmente pela grade da entrada de ar do costado, sugando Lightoller, que submerge com a proa. Logo é devolvido à superfície pela energia da explosão de uma caldeira. Ele nada e, à luz das estrelas, encontra o Dobrável B: é o primeiro passageiro do bote emborcado e parcialmente submerso. Em seguida, terá a companhia do ajudante de cozinha Collins, que dá com o bote ao vir à tona. A obliqüidade do navio, com a popa erguida, quebra a primeira chaminé, que ao tombar mata dezenas de pessoas que flutuam, outras são sugadas pelo enorme buraco deixado e são levadas para baixo para as entranhas do navio. Outro que escapa e pela segunda vez é Lightoller, a chaminé cai muito perto do Dobrável B. O Dobrável A é alcançado por 22 homens e 2 mulheres. Lightoller e Collins tentam desvirar o Dobrável B, sem sucesso. Logo serão 30 homens, espremidos sobre o fundo do bote.


EVENTOS EM 14 DE ABRIL DE 1912
05h:00min
O telégrafo está em dia, e os operadores assoberbados com o tráfego das mensagens acumuladas dos passageiros.
07h:30min
Na quadra de squash, início das aulas com o instrutor Frederick Wright. Um dos alunos é o Coronel Gracie, que já reservou a primeira hora da manhã de segunda-feira.
08h:30min
Anunciado o desjejum.
09h:00min
Passageiros observam a passagem de blocos gelados. Recebida do Caronia a primeira advertência de gelo deste domingo, que é entregue na sala de navegação a Lightoller.
10h:00min
Murdoch assume seu quarto na sala de navegação.
10h:30min
Inspeção do capitão e auxiliares. Tempo bom, mar calmo, soprando de sudoeste um vento moderado e frio. Passageiros caminham pelo convés dos barcos. Estava programado para este horário um exercício com os botes salva-vidas, mas o capitão o cancela para que todos possam assistir ao serviço religioso no salão de refeições da Primeira Classe.
11h:40min
Recebida do Noordam, da Holland America Line, a segunda advertência de gelo, que relata a presença de muito gelo aproximadamente na mesma posição da relatada pelo Caronia.
12h:00min
Almoço festivo no salão de refeições da Primeira Classe. Conferida a posição do navio em relação ao sol, com o sextante: fez 878,6 km desde o meio dia de sábado. A velocidade subiu para 21,5 nós. Os preparativos para pôr em ação as cinco caldeiras auxiliares de um só terminal indicam que tanto o engenheiro Bell como o Capitão Smith cederam à pressão de Ismay, e a idéia é imprimir ao navio, talvez ainda hoje, sua velocidade máxima.
13h:00min
Lightoller afixa na sala de navegação a mensagem do Caronia, recebida quatro horas antes, após mostrá-la a Murdoch.
13h:42min
Comandado pelo Capitão Ranson, o S.S. Baltic da White Star Line envia a terceira mensagem recebida pelo Titanic avisando sobre icebergs e grande quantidade de gelo, 450 km à frente do Titanic. A mensagem é entregue ao Capitão Smith, que ao invés de mandar afixá-la na sala de navegação, entrega-a a Ismay, com quem está a almoçar. Ismay lê e, sem nada dizer, guarda-a no bolso. Posteriormente ele a mostraria para alguns passageiros.
13h:45min
O S.S. Amerika, da Alemanha, é o navio mais próximo de Cape Race, Newfoundland, envia a quarta mensagem sobre o alerta de campos de gelo. Talvez a mensagem mais importante recebida, ela relatava a presença de dois grandes icebergs observados no mesmo dia. Esta mensagem nunca chegou à ponte de comando, possivelmente nenhum dos operadores teve tempo para enviá-la ao capitão, pois o aparelho de telegrafo quebrou pouco após o recebimento desta mensagem, tendo Phillips e Bride passado grande parte do dia consertando o aparelho.
14h:00min
Wilde assume seu quarto na sala de navegação. Os oficiais discutem sobre a possibilidade de encontrar gelo e concordam num ponto: o perigo tem hora marcada, entre 20h e 1h.
17h:30min
A temperatura começa a cair.
17h:50min
O capitão altera ligeiramente o curso para o sul, supostamente uma precaução contra os campos de gelo, mas não reduz a velocidade. Ao contrário, o navio faz agora 22 nós. Ismay interpela Andrews, alegando que a mudança de curso, possivelmente, resultará em atraso na chegada a Nova York.
18h:00min
Anunciada a janta. Lightoller assume seu quarto na sala de navegação, substituindo Wilde. No timão, Arthur Bright. No cesto da gávea, George Hogg e Alfred Evans, dois dos seis vigias do navio. Eles alcançam o cesto por uma escada no interior do mastro da proa e vão cumprir um plantão de duas horas.
18h:30min
Phillips e Bride reparam o telégrafo e tratam de expedir as mensagens particulares que novamente se acumularam.
19h:00min
A temperatura continua caindo: 6°C.
19h:15min
Lightoller manda verificar se as escotilhas do castelo da proa estão fechadas, de modo que as luzes internas do navio não perturbem a visão dos vigias no cesto da gávea.
19h:30min
Tempo bom, mar calmo. Já anoiteceu. A temperatura baixa rapidamente: 4°C. A queda indica aproximação de campos de gelo. Na Sala Marconi, o turno é de Phillips, mas Bride o substitui para que possa jantar. Ele ouve e anota a quinta advertência de gelo, expedida pelo cargueiro Californian, reportando a presença de três grandes icebergs ao sul de sua posição. A mensagem é encaminhada à ponte. Aparentemente, quem a recebe não é Lightoller, mas o Quarto Oficial Boxhall, cuja reação é meramente burocrática: assinala os icebergs na carta náutica. O capitão não toma conhecimento, ele está no restaurante à la carte, no convés B, onde será homenageado. Ismay, por sua vez, ainda se encontra no salão de refeições da Primeira Classe, jantando com o médico William O'Loughlin.
20h:00min
No cesto da gávea, Hogg e Evans são substituídos por George Symons e Archie Jewell. No timão, Alfred Olliver no lugar de Bright, para um plantão de duas horas. Phillips reassume o telégrafo. Bride recolhe-se ao alojamento dos telegrafistas, contíguo à Sala Marconi. Na sala de navegação, assessorando Lightoller, estão Boxhall, que acaba de calcular a posição do navio, e Moody.
20h:40min
A temperatura é de 0,5°C e Lightoller manda vistoriar o suprimento de água doce do navio. Ordena também que sejam ligados os aquecedores no alojamento dos oficiais.
20h:55min
O capitão pede licença para ausentar-se da festa e visita a ponte. Boxhall o informa sobre a posição do navio, tirada às 20h. Noite estrelada, sem lua. O capitão conversa com Lightoller sobre o tempo, a visibilidade e a navegabilidade nessa área crucial da travessia. O segundo oficial ignora que já chegaram cinco advertências de gelo - tampouco o alerta o capitão - e comenta que, tendo chegado apenas uma, a do Caronia, às 9h, é possível que haja gelo pela frente, mas não muito. Acredita também que, se houver icebergs, serão vistos à claridade das estrelas, mas ambos convêm em que um obstáculo de certa magnitude pode ser melhor detectado através da arrebentação do que pela luz refletida pelas suas partes superiores. O mar, no entanto, plácido qual um lago, minimiza a arrebentação.
21h:20min
Segue o capitão para seus aposentos, recomendando que o despertem se houver alguma dúvida sobre a navegação. Lightoller ordena a Moody que telefone aos vigias Symons e Jewell: estejam atentos aos icebergs e transmitam o aviso aos substitutos. A visibilidade é excelente, mas a vigilância, já se sabe, processa-se a olho nu.
21h:30min
Recebida do Mesaba, a serviço da Red Star Line, a sexta advertência de gelo, reportando vastos campos gelados e enormes icebergs. Atarefado com o tráfego e considerando que avisos semelhantes já são conhecidos, Phillips não a encaminha à sala de navegação, deixando-a numa bandeja em sua mesa, sob um peso de papel. A temperatura é de 0°C. O Titanic avança na máxima velocidade que até agora empregou: 22,5 nós.
21h:38min
O telegrafista Stanley Adams, do Mesaba, envia nova mensagem: está à espera da notícia de que a advertência de minutos antes foi passada ao Capitão Smith. Phillips não responde. Ele continua enviando e recebendo os telegramas sociais dos passageiros, através da estação Marconi de Cape Race, na Terra Nova.
22h:00min
Céu claro, sem nuvens, mar sereno. A temperatura é negativa: menos 0,5°C. No comando, Lightoller é substituído por Murdoch e lhe transmite o curso e a velocidade. Conversam sobre a possibilidade de encontrar gelo e concluem que talvez isso aconteça dentro de mais ou menos uma hora. Boxhall diz a Moody que tome seu lugar na sala de navegação. Antes de se recolher, inspeciona alguns conveses. No timão, Olliver é substituído por Robert Hichens. No cesto da gávea, Frederick Fleet e Reginald Lee que são avisados da provável ocorrência de gelo. Eles não dispõem de nenhuma proteção para o rosto e continuam sem binóculo. Há outros três a bordo, dois para os oficiais na sala de navegação e um terceiro para os práticos dos portos, mas ninguém cogita de ceder este último aos vigias.
22h:30min
O Californian apaga os motores e pára em meio a um pesado campo de gelo de aproximadamente 47 km de comprimento por 4 km de largura. Sua tripulação vê ao longe as luzes de um navio. A temperatura da água cai severamente: menos 2°C. A temperatura do ar é de menos 1°C.
22h:45min
O Titanic mantém a velocidade. No Californian, o Capitão Lord conversa com o engenheiro. Mostra-lhe o navio que avistou minutos antes e o convida para ir à Sala Marconi saber das novidades.
23h:00min
Recebida do Californian a sétima advertência de gelo.
23h:10min
Phillips responde: “Caia fora. Cale a boca. Estou operando com Cape Race e você está bloqueando meu sinal.” E não passa a mensagem recebida à sala de navegação. Evans, por sua vez, não retruca e, durante a próxima meia-hora, irá distrair-se ouvindo o incessante tráfego do Titanic.
23h:15min
Mensagem do Titanic para Cape Race: Desculpe. Bloqueado. Repita, por favor.
23h:30min
Phillips encerra a comunicação com Cape Race.
23h:35min
No Californian, Evans desliga o aparelho e vai dormir. No cargueiro parado no gelo, mantém-se desperto só o pessoal do quarto. Um dos tripulantes tenta contatar pela lâmpada Morse com o navio cujas luzes são vistas pela proa de bombordo. Não há resposta, embora o alcance dos sinais da lâmpada seja de 18km. Fleet, no cesto da gávea, percebe uma névoa à frente do Titanic. Na asa da ponte, Murdoch também vigia, acompanhado de Moody, mas eles só podem ver aquilo que aparece acima da linha da proa. Um distante ponto de luz branca, a bombordo, que jamais será identificado, chama a atenção dos vigias e dos oficiais e quem sabe os distrai. Talvez seja a mesma e misteriosa embarcação que o Capitão Lord vê do Californian. Talvez seja o próprio Californian.
Nota: Vídeo: TitanicFans, Música: Movement IX - Vangelis, Textos Cronológicos: TitanicMomentos.

quarta-feira, abril 13, 2011

EVENTOS EM 13 DE ABRIL DE 1912
08h:30min
Anunciado o desjejum.
09h:00min
Mensagem recebida informa que o Rappahannock, da Furness Withy Line, de Liverpool, sofreu danos no leme ao cruzar campo de gelo.
10h:30min
Inspeção do capitão e auxiliares. Da casa de máquinas, Bell comunica: o fogo está extinto, mas uma das paredes da carvoeira, que é também uma antepara, foi afetada. Tamanho é o calor lá embaixo que os homens trabalham seminus e numa atmosfera densa de pó de carvão.
12h:00min
O Titanic nas últimas 24h, deixou para trás 835 km com tempo claro, limpo e mar sereno, mas avisos sobre gelo, comuns nesta época, são recebidos. Os passageiros reportam o mínimo de barulho ou vibrações no navio. Com as 24 principais caldeiras ativadas, avança a 21 nós.
13h:00min
Anunciado o almoço.
16h:35min
Mensagem do Californian, da Leyland Line, comandado pelo capitão Stanley Lord. Reporta que o Caronia, da Cunard, sob o comando do Capitão Barr, acusa icebergs na latitude 42° Norte e longitude 40°51’ Oeste.
18h:00min
Anunciada a janta. No salão da Primeira Classe, o médico de bordo, William O’Loughlin, faz um brinde ao Titanic.
20h:00min
Abertura do restaurante à la carte.
22h:30min
O Titanic cruza com o Rappahannock, e este, que não dispõe de radiotelegrafia, alerta pela lâmpada Morse: "Passamos por gelo pesado e diversos icebergs". O Titanic responde: "Mensagem recebida. Muito obrigado. Boa noite". Adiante, o navio enfrenta dez minutos de densa neblina.
Nota: Vídeo: TitanicFans, Música: John Ryan's Polka - Gaelic Storm, Textos Cronológicos: TitanicMomentos.

terça-feira, abril 12, 2011


EVENTOS EM 12 DE ABRIL DE 1912
08h:30min
Anunciado o desjejum.
10h:30min
Inspeção do capitão e auxiliares. Na Sala Marconi, ele ouve o telegrafista ler mensagem do La Touraine, da Compagnie Generale Transatlantique, congratulando-se com a viagem inaugural e alertando para a presença de gelo à frente. À tarde, Phillips e Bride receberão inúmeras mensagens do mesmo teor. Uma delas dirá que o Corsican, da Allan Line, colidiu com um iceberg e foi obrigado a seguir para St. John, na Terra Nova.
12h:00min
O Titanic percorre 778,75 km com tempo claro e limpo. Para passar o tempo alguns passageiros se divertem dançando a o som da melhor banda do Atlântico, outros fazem apostas sobre a data de chegada do Titanic em Nova Iorque. Ismay havia dito que seria na quarta-feira pela manhã, mas alguns oficiais diziam que terça-feira a noite seria mais provável. O incêndio está quase dominado. De suas 24 caldeiras com dois terminais, 23 estão em ação.
13h:00min
Anunciado o almoço.
18h:00min
Anunciada a janta.
20h:00min
Abertura do restaurante à la carte. O telégrafo apresenta problemas, obrigando Phillips e Bride à suspensão temporária do tráfego.
Nota: Vídeo: TitanicFans, Música: Valse Septembre - I Salonisti, Textos Cronológicos: TitanicMomentos.

segunda-feira, abril 11, 2011


EVENTOS EM 11 DE ABRIL DE 1912
06h:00min
Diariamente abertura da piscina térmica, no convés F, so­mente para homens. Após as 9h:00min, para ambos os sexos. Atualizam-se os instrumentos de navegação. De madrugada, o capitão fez exercícios com o navio, avaliando sua capacidade de manobra.
08h:30min
Desjejum até 10h:30min. Os passageiros aproveitam o bom tempo para caminhar e conhecer o navio. Alguns da Primeira Classe descem ao tombadilho, mas não conversam com aqueles que viajam nos conveses inferiores, nada têm a dizer a pessoas de inferior condição. Eles freqüentam aquela área aberta aos pobres tão só para passear com seus cachorros.
10h:30min
Inspeção do capitão, acompanhado do engenheiro-chefe Joseph Bell, do comissário-chefe McElroy e do camareiro-chefe Latimer. Também inspecionam o navio Andrews e os técnicos do Guarantee Group. A tripulação cumprimenta o telegrafista Phillips, que está de aniversário. Simulada uma situação de emergência com um sinal de sino e o fechamento das portas estanques. Pouco depois, aproxima-se o navio-guia e transfere-se para bordo o prático do porro de Queenstown.
11h:30min
O navio lança âncora em Queenstown, a quatro quilômetros do porto. É a última escala antes da travessia oceânica. Ismay discute com o engenheiro Bell, quer sua anuência para que o navio, já na segunda-feira, empregue a velocidade máxima, de modo que possa chegar a Nova York na terça-feira, dia 16. Se a pressa se relaciona com o recorde da travessia, é um despropósito. A possibilidade de que o Titanic venha a superar a marca de 1909, pertencente ao Mauretania, da Cunard, é igual a zero.
12h:00min
Parte de Nova York o Carpathia, da Cunard, para Gibraltar.
12h:30min
Almoço até 14h:30min. As barcaças America e Ireland trazem sete passageiros da Segunda Classe e 113 da Terceira, além de 1.385 pacotes de correspondência postal. Desembarcam sete da Primeira Classe: o seminarista jesuíta Francis Browne e seis membros de uma família. Um fornalheiro, John Coffey, natural de Queenstown, esconde-se numa das barcaças e deserta do navio. Entre passageiros e tripulantes, encontram-se a bordo 2.208 pessoas. Jornalistas vêm conhecer o Titanic e um deles fotografa o Capitão Smith e o comissário McElroy. O convés A é visitado por comerciantes e Astor adquire para Madeleine uma jóia no valor de 800 libras. Quando os comerciantes se retiram, ocorre algo inusitado: um fornalheiro com o rosto negro de fuligem olha para eles da boca da quarta chaminé, que é falsa. Algumas mulheres interpretam a aparição como um mau presságio.
13h:15min
O seminarista Browne, na barcaça, tira uma fotografia do Capitão Smith debruçado na amurada da asa da ponte: é a última do comandante. Também são de Browne as raras fotos tiradas a bordo e a derradeira do navio. Na popa, o irlandês Eugene Daly, da Terceira Classe, despede-se de seu país tocando a canção Lamento de Erin em sua gaita de foles.
13h:30min
O Titanic levanta âncora rumo a Nova York e é seguido por um bando de gaivotas, atraídas por restos de comida despejados no mar pelos duros de esgoto. Minutos depois, breve parada para o transbordo do prático. Retomando o curso, passa tão perto de um pesqueiro francês que os pescadores são banhados pelas ondas do sulco da proa. Eles acenam e o navio responde com um apito. Nas horas seguintes, navegando a 19,5 nós, ultrapassará o cabo Kinsale e, a menos de dez quilômetros da costa, pelo canal São Jorge, será visto por inúmeras pessoas, imagem que jamais esquecerão. Inclina-se ligeiramente para bombordo, por obra da grande quantidade de carvão retirada do depósito de estibordo, na tentativa de apagar o incêndio. Comentários dos fornalheiros indicam que as mangueiras d'água têm pouca pressão.
18h:00min
Anunciada a janta.
20h:00min
Abertura do restaurante à la carte.
Nota: Vídeo: TitanicFans, Música: Making Plans / Gathering the Clans - James Horner, Textos Cronológicos: TitanicMomentos

domingo, abril 10, 2011


EVENTOS EM 10 DE ABRIL DE 1912
05h:17min
O sol nasce em Southampron. Começam a chegar os tripulantes que dormiram em casa.
06h:00min
Embarca Andrews, ocupando sua cabine a A36.
07h:30min
Embarca o capitão para sua última viagem antes da aposentadoria e recebe o boletim de navegação do Chefe dos Oficiais, Wilde. Os outros oficiais assumem suas funções. No cais, uma multidão de marujos se aproxima do navio, na esperança de conseguir trabalho em sua viagem inaugural. Parte da estação Waterloo, em Londres, rumo ao porto de Southampton, o trem da London & South Western Railway, trazendo os passageiros da Segunda e Terceira Classes. Entre os da Segunda, os oito músicos da banda liderada por Wallace Hartley.
08h:00min
A tripulação é passada em revista pelo capitão e autoridades do comércio marítimo. Já se encontra a bordo o prático George Bowyer. É realizado um exercício com os botes salva-vidas. Infelizmente isto é feito somente em dois botes, o nº. 11 e 15 de estibordo.
09h:00min
Parte da estação Waterloo o trem que conduz para Southampton os passageiros da Primeira Classe e alguns da Segunda.
09h:30min
Chega ao porto em sua limusine Daimler o diretor de operação da WSL, Bruce Ismay, com o mordomo John Frye o secretário William Harrison. Vai ocupar as cabines B-52-54-56. A família não o acompanha. Chega também o trem da Segunda e Terceira Classes. Os passageiros da Terceira, na maioria são emigrantes. São embarcados somente após a inspeção sanitária.
09h:40min
Parte de Paris o Train Transatlantic, levando para Cherbourg os passageiros que, à noite, embarcarão no Titanic.
10h:00min
Embarca, ocupando a cabine D-56 da Segunda Classe, o professor Lawrence Beesley, que ainda em 1912 publicará a memória The Loss of the Titanic.
11h:00min
Chega ao porto o trem londrino da Primeira Classe. Traz passageiros afamados pela riqueza ou suas atividades, que logo embarcam.
11h:30min
Cerca de 50 pessoas cancelam suas reservas pouco antes da partida. Uma delas é J. Pierpont Morgan, titular da IMM. Afortunados membros da tripulação não embarcam, licenciados ou por não se apresentarem, ou por se apresentarem fora do horário.
12h:00min
As poderosas sirenes do Titanic sãoaccionadas, avisando de sua eminente partida. Todos que não fazem parte da tripulação nem dos passageiros começam a desembarcar. Muitos passageiros nesta fatídica viagem deveriam estar a bordo do Oceanic e do Adriatic, mas foram transferidos para o Titanic devido à greve dos carvoeiros. Os vigias perguntam a Lightoller pelo binóculo que usaram de Belfast para Southampton e depois foi recolhido. O segundo oficial responde que não há nenhum disponível. Ninguém sabe onde Blair o guardou e ninguém com autoridade toma a iniciativa de mandar procurá-lo. Na proa, Wilde e Lightoller. Na popa, Murdoch. No topo do mastro, a bandeira vermelha e branca, sinal de que o prático orienta o leme. O capitão ordena a partida.
12h:15min
O navio levanta âncora e, após apitar três vezes, afasta-se do cais puxado por cinco rebocadores, entre eles o Vulcan. Já propulsionado por seus motores, desce o canal de Southampton. O destino é Nova York, com escalas em Cherbourg e Queenstown, na República da Irlanda. Perto da embocadura do rio Test, a sucção de seu poderoso deslocamento, o chamado "efeito canal", faz balançar o vapor New York, que rebenta seis cabos de amarração de 15cm de diâmetro e se movimenta, com a popa em sua direção. O Titanic reverte os motores, mas a colisão é iminente. No derradeiro instante, é evitada pelo Vulcan, que alcança um cabo da embarcação à deriva e a sustenta. A popa do New York deixa de abalroar o casco do Titanic por escasso 1,20m. O prático é apenas um auxiliar, não comanda. Quem comanda é o Capitão Smith, e o incidente com o New York, somado à colisão entre o cruzador Hawke e o Olympic, também sob seu comando, sugere sua inaptidão para manobrar navios de maior porte - isto sem contar seu lastimável histórico de acidentes marítimos. Ainda não foi debelado o incêndio na carvoeira. Tamanho é o descaso do capitão em relação à grave ocorrência que nem ao menos manda registrá-la no diário de bordo.
13h:00min
O Titanic reinicia sua viagem em direção a Cherbourg. A gata Jenny, considerada um membro da tripulação e aos cuidados de um ajudante de cozinha, dá à luz: é uma grande ninhada de gatinhos. O prático desembarca.
13h:30min
O corneteiro Peter Fletcher, anuncia a tardia abertura do horário de almoço com acordes de melodia. Os salões de refeição permanecem abertos até as 14h30min.
15h:45min
Os passageiros do Train Transatlantic, vindos de Paris, desembarcam na gare marítima de Cherbourg. Anunciado o atraso do Titanic.
17h:30min
Finalmente o Titanic chega a Cherbourg, França, a apenas 38 km de distância através do Canal da Mancha. Os passageiros começam a ser embarcados nos barcos que os levarão ao Titanic.
18h:00min
Hora do jantar, que se estende até 19h30min.
18h:30min
Chega o navio a Cherbourg. Suas dimensões não permitem que se aproxime do pequeno cais e ele ancora ao largo. O transporte entre o porto e o navio está a cargo de barcaças da WSL, que também segregam as classes sociais: na Nomadic, Primeira e Segunda Classes, na Traffic, Terceira Classe e malas postais. Na próxima hora e meia, desembarcam 20 passageiros da travessia Southampton-Cherbourg e embarcam 274 novos passageiros.
20h:00min
Os novos passageiros já estão instalados e as barcaças retomam ao porto. O restaurante à la carte abre suas portas para quem o prefira ao salão de refeições do navio. Permanecerá à exclusiva disposição da Primeira Classe até as 23h00min. 
20h:10min
O Titanic levanta âncora rumo a Queenstown. Vai atravessar novamente o canal da Mancha e contornar a costa sul da Inglaterra. Prossegue o incêndio na carvoeira. Nesta aproximada hora, no Atlântico, menos de 200 km ao norte da rota do Titanic, o vapor francês Niagara bate num iceberg, que lhe deforma o casco abaixo da linha d'água, e emite pelo radiotelégrafo a mensagem de CQD. As seqüelas do acidente não são fatais para o navio, que demanda ao porto antes da chegada de socorro. É a primeira de uma série de colisões com gelo nos próximos dias. O inverno nas latitudes setentrionais não foi muito severo. Grande quantidade de gelo se desprendeu da calota polar e, à deriva, segue para o sul.

Nota: Vídeo: TitanicFans, Música: The Legend Spreads - James Horner, Textos Cronológicos: TitanicMomentos

sábado, abril 09, 2011

EVENTOS EM 9 DE ABRIL DE 1912
No dia 9 de abril, todos os oficiais, menos o Capitão Smith, passaram a noite a bordo, cumprindo os quartos regulares de serviço e supervisionando os preparativos para o embarque dos passageiros. Nos guindastes, na calefação e outros trabalhos, o navio gasta 415 toneladas de carvão. A sobra do que trouxe de Belfast, somada às 4.427 toneladas que recebeu de outros navios, computam-lhe um total de 5.892 toneladas. Não enche as carvoeiras, cuja capacidade é de 8.000 toneladas, mas é bastante para sete dias de viagem: o consumo diário, em velocidade de cruzeiro, é de 650 toneladas. Persiste, entretanto, o incêndio da carvoeira da sexta sala de caldeiras. O Capitão Smith traz do Olympic o Chefe dos Oficiais Henry Wilde, rebaixando Murdoch para primeiro oficial e Lightoller para segundo oficial. O segundo anteriormente nomeado, David Blair, que vem do Teutonic, é descartado e, para sua felicidade, não viajará. Para a infelicidade de quem segue a bordo e será vítima da incúria e da sobrançaria, ninguém lhe pergunta onde guardou o binóculo dos vigias. Wilde estava cotado para comandar o Oceanic, mas permanecia em Southampton por causa da greve. Sua nomeação desgosta os oficiais, sobretudo os que são afetados. Nos dias seguintes, os tripulantes continuarão a chamar Murdoch de "chefe". Nova imposição do Capitão Smith: o comissário Barker é rebaixado a assistente e é contratado como comissário-chefe Hugh McElroy, que também vem do Olympic, com um salário 25% maior. O Titanic é visitado pelo supervisor local do Board of Trade, Capitão Maurice Clarke, que inspeciona o navio acompanhado de Andrews e dos oficiais Lowe e Moody. Testa a lâmpada Morse e lança um foguete de sinalização, aprovando. Embarca num dos botes salva-vidas, o Standard 11, e ordena que os oficiais o lancem, com apenas nove tripulantes. Aprova também, quando deveria ter arriado o bote com a lotação completa, 65 passageiros. A incerteza dos oficiais quanto à resistência dos turcos os induzirá a reduzir a ocupação dos botes durante a primeira hora e meia do naufrágio, causando a perda de quase 500 vidas. A inspeção é tão superficial que não alcança os conveses inferiores, convalidando o certificado de qualidade de um navio que traz ardendo uma das carvoeiras - incidente que o capitão, por sua vez, trata de omitir, acordando com a insensata auto-suficiência da empresa: "Não consigo imaginar algo que possa levar um navio a naufragar", ele declarou, antes do embarque, "a moderna construção naval está muito acima de qualquer fatalidade". Retirando-se o supervisor, Smith faz sua própria inspeção, acompanhado de Wilde e Murdoch. Na ponte, um jornalista londrino o fotografa. Andrews escreve à esposa, Helen, comentando que o Titanic está pronto, e amanhã, ao zarpar, contribuirá para dar mais prestígio à Harland & Wolff. Na última noite em Southampton, todos os oficiais dormirão no navio, menos o capitão.
Realização: Mário Silva, Música: Main Title (Brave Heart) - James Horner, Vídeo: Titanicfans, Textos Cronológicos: TitanicMomentos.

domingo, abril 03, 2011

TITANICFANS
EVENTOS EM 2 E 3 DE ABRIL DE 1912
Este post é dedicado a todos os que nos visitam, mais de 10 mil visitas num mês! Este vídeo foi a concretização de algo que há muito desejava fazer aliado a uma das minhas músicas favoritas, uma montagem feita por mim mesmo para contar uma história já publicada aqui
Para lembrar estes mesmos dias mas em 1912 aqui fica um pequeno resumo dos acontecimentos ocorridos e a lista de passageiros e tripulantes de Belfast a Southampton.
Às 10:00 horas, do dia 2 de Abril, puxado por rebocadores, o navio deixa a doca no rio Lagan e, por seus próprios meios, navega no lago de Belfast, que tem 20km de comprimento e entre 5 e 8km de largura. Ali começam a ser testados os equipamentos, a velocidade até 20 nós e manobras e paradas com reversão de motores. Às 14:00 horas, o navio avança para o mar da Irlanda, à velocidade de 18 nós (33,3km/h), prosseguindo os exercícios, e em duas horas retoma a Belfast. O período de testes dura menos do que um dia. O supervisor do Board of Trade, Francis Carruthers, procede à inspeção do navio, e uma empresa londrina ajusta as bússolas para operações em mar aberto. É o dia da partida para Southampton. Encontram-se a bordo, além de outros 112 tripulantes, oito oficiais (Comodoro Edward Smith, Chefe dos Oficiais William Murdoch, 1º Oficial Charles Lightoller, 2º Oficial David Blair, 3º Oficial Herbert Pitman, 4º Oficial Joseph Boxhall, 5º Oficial Harold Lowe, 6º Oficial James Moody). O presidente da Harland & Wolff, Lorde Pirrie, não comparece por motivo de saúde, está com pneumonia. Em seu lugar, embarca o engenheiro Andrews, acompanhado de oito técnicos do estaleiro, o chamado Guarantee Group, que deverá avaliar o desempenho do Titanic e sugerir alterações. O diretor de operações da White Star Line, Bruce Ismay, também não embarca, devido a compromissos familiares, e é substituído por outro executivo da empresa, Harold Sanderson. Às 18:00 horas, o Titanic é puxado pelos rebocadores Herald (proa de bombordo), Haskinson e Herculaneum (costados de bombordo e estibordo), e Horbury (proa de estibordo), ao longo do rio Lagan e do lago de Belfast. Perto da cidade de Carrickfergus, na embocadura do lago, os rebocadores se afastam, e o navio, conduzido pelos timoneiros Alfred Nichols, e Albert Haines, e ainda sob inspeção, navega até o mar da Irlanda, retoma ao lago de Belfast e, parando, recebe de Carruthers o certificado: "Bom por um ano a partir de 2 de abril de 1912". Às 20:00 horas, parte o Titanic para cobrir 917km até Southampton, principal terminal dos vapores da WSL desde 1907. Quem o comanda é o Capitão Charles Bartlett, Superintendente de Marinha da White Star Line.
No dia 3 de abril, o tempo estava bom, fazia frio enquanto o Titanic atravessava o canal de São Jorge. Entre 4:00 e 6:00 horas, enfrenta espessa neblina. Servido o café da manhã: frutas frescas e tomates, omelete, mingau de aveia, batata sauté, filé recheado, rolos de arenque defumado, guizado de frango com agrião, bolinhos fritos de cevada, presunto, salsichas, ovos quentes ou fritos. Nas profundezas do navio, a atmosfera não é tão amena. Abrasa-se o carvão no depósito de estibordo da sexta sala de caldeiras e o fogo se alastra. Carvoeiros e fornalheiros começam a agir, retirando-o e molhando-o. Ao meio-dia, o navio contorna Land's End, extremo ponto sudoeste da Inglaterra. Na Sala Marconi, atrás da primeira chaminé, o telegrafista John Phillips e seu assistente Harold Bride, procedem aos ajustes finais do equipamento, com uma chamada geral. Surpreendentemente, respondem uma estação de Tenerife, a quase 4.000km de distância, e outra de Port Said, a mais de 5.000km. A noite, perto da ilha de Wight, ao largo de Southampton, encontra-se o navio com a embarcação do prático do porto, George Bowyer, que se transfere para bordo. Pouco antes da meia-noite, o Titanic chega a Southampton, atracando no cais 44 da White Star Line. Os rebocadores Hector, Ajax, Hércules e Netuno, da Red Funnel Line, aproximam o navio do cais, puxando-o pela popa. Por causa da greve dos carvoeiros, iniciada seis semanas antes, há numerosos vapores inativos, entre eles o New York, da American Line, que em breve será protagonista de um ominoso incidente.
Realização: Mário Silva, Música: Sirens' Whispering - Vangelis, Vídeo: Titanic Birth of a Legend, Textos Cronológicos: TitanicMomentos, Lista: Encyclopedia Titanica.