Carl - O que achas do navio? Bonito, não?
Edward - Sim, tem boas condições, melhores das que tinha no meu quarto em Londres. Bom, tens um nome, suponho?
Carl - Sou Carl Jensen.
Edward - Parece uma só palavra. Sou Edward Roger.
Carl - Esperas alguém?
Edward - Uma jovem, trabalha para um família rica da primeira-classe.
Carl - A primeira-classe, onde os ricos se divertem de verdade. Isto aqui não é nada, dizem que uma suite deles é mais do que este salão junto.
Edward - Para quê tanto espaço? São assim tão espaçosos os ricos?
Carl - Vai perguntar-lhes...
Edward dirigiu-se em direcção às escadas fechadas por um portão.
Edward - Hey, senhor, não pode abrir o portão?
- O quê? Você é um passageiro de terceira-classe. Vê aquela indicação. A partir daqui só primeira-classe. É proibida a passagem para os deques superiores.
Edward - Mas espere. Eu só quero procurar uma amiga, volto logo.
- Sim, claro, e eu sou o presidente dos Estados Unidos. Desça para o seu convés e permaneça por lá, as acomodações são excelentes.
Edward - Eu não lhe pedi para se deitar comigo, só que me deixe passar para a procurar.
- Olhe o respeito. Eu não sou um desses emigrantes sujos com quem costuma falar. Permaneça nas suas acomodações. É o seu lugar.
Edward - Mas ela pode passar...
Enquanto isso na primeira-classe o jantar já tinha terminado, era a vez dos homens se dirigirem para o salão de fumantes. Mas George preferiu ir para o camarote com Camile.
David - Parece que o Arthur e a Harriett Morgan não se lembram de mim...
Hellen - Mas porquê? Deveriam?
David - Viste a forma como ele falou no Richard?
Hellen - Pensei que tinhas esquecido esse assunto. Pelo menos era essa a tua vontade quando te casaste comigo...
David - Não quando um filho se torna num negócio rentável...
Hellen - Um filho que tu nunca quiseste admitir... David, sê sincero comigo. Tu sabias que eles vinham a bordo do Titanic, não sabias? Por isso a tua vontade repentina de voltar depressa no Titanic. Os planos para recuperares a fortuna de que me falas, desde que soubeste que esta maldita viagem ia acontecer, tem a ver com eles, não é?
Um silêncio sinistro abateu-se sobre o camarote...
Enquanto as luzes de Cherbourg desapareciam, o transatlântico sumia-se na escuridão da noite. A navegação anunciava-se fácil e tranquila. Para muitos passageiros aquela era a primeira noite que passavam no alto mar, e não o faziam a bordo de um navio qualquer, mas sim naquele colosso, o melhor navio do mundo.
Tudo quanto viam à sua volta era do mais moderno e, durante aquelas primeiras horas, o mar calmo fez pensar a muitos que as avançadas técnicas de construção tinham sido capazes de vencer os receados enjoos.
* - Ship (navio) em inglês é um substantivo feminino daí os navios serem tratados por «ela»
** - Stern em inglês significa a popa do navio ou «traseiro»
Amanhã, a não perder, dois posts especiais, a manhã de 11 de Abril com fotos que o Padre Browne tirou aos Barks que se divertiam no convés e a partida para o imenso atlântico do maior navio do mundo.
1 comentário:
Olá, excelente história.
Que mistério, "um filho", quero saber mais detalhes, hehehehe.
Parabéns,
Um forte abraços.
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