quarta-feira, abril 05, 2006

TITANIC
Hitchens - Continuem a remar. Remem juntos. Temos de nos afastar do navio. Continuem remando. Você a estibordo, não está a remar de jeito uniforme.
Lee - Desculpe, senhor.
Hitchens - Agora, remem!
Margaret - Parece um pato de asa partida. Já tinha remado antes, filho?
Lee - Não, senhora.
Margaret - Dê-me esse remo. Vou mostrar como se faz.
Hitchens - Agora remem. Remem. Remem.
George - Temos de procurá-lo.
Camille - O mais rápido possível.
John - Tens de pôr a menina num bote.
Camille - Eu não vou sem o Richard.
John - Vamos por aqui.
George - Não, eu e a Camille vamos nesta direcção. Vai para o sentido da popa. Encontramo-nos aqui em 15 minutos.
Camille - Espera. Pai, não vem connosco?
Arthur - Eu fico aqui se ele voltar.
David - É a nossa chance!
Hellen - O quê?
David - Vamos procurar o Richard também! Uma boa quantia pelo miúdo. Vamos por aqui. Capt. Smith - Vamos ficar sem outro gerador.
Barrett - Reduzam a carga. Desliguem as hélices e tudo o que não for essencial. Temos de meter as luzes e o telégrafo a funcionar a todo o custo. Continuem rapazes. Não deixem a água entrar nas caldeiras.
David - O casco do navio está feito em pedaços, mas não vamos ao fundo se as anteparas de vante aguentarem.
Hellen - O que vamos fazer?
David - Temos de aproveitar esse tempo. É a nossa chance de conseguirmos o que queremos. Vai procurá-lo nos salões, eu procuro pelos camarotes.Ismay - Está fora de causa. Guardem as armas no cofre. Não posso permitir que atirem contra os meus passageiros.
Lightoller - Prefere que morram afogados? Já chega. Não podemos dominar um motim, se chegar a esse ponto.
Ismay - Lembrem-se que alguns dos nossos passageiros são pessoas influentes. Não se esqueçam disso. Não assumo a responsabilidade.
Murdoch - Não ofendam passageiros de primeira-classe estoirando-lhes os miolos.
Lightoller - Tome
Camille - Sr. Andrews!
Andrews - Veja o corredor de estibordo. Ponha o colete e vá para o tombadilho. Lucy, põe o colete e dá o exemplo. Está aqui alguém?
Camille - Sr. Andrews! Graças a Deus!
George - Perdemos o nosso menino. Ajude-nos.
Andrews - Tem de ir para o bote.
George - Por favor.
Camille - Não saio sem o meu filho. Vamos fazer isto com ou sem a sua ajuda. Sem ela, levamos mais tempo.
Andrews - Vamos procurar pelos corredores e no quarto das crianças. Penso que lhe disse para vestir o colete de salvação!
Camille - Sim, mas pensei que era só para trazer comigo.
Andrews - Deixe lá. Vista-o e ande por aí, deixe-se ver pelos passageiros.
Camille - Parece-me bastante apertado.
Andrews - Não, vista-o... Se gosta de estar viva, vista-o. A situação é muito grave, mas não espalhe as más notícias para evitar o pânico. Houve duas horas e meia em que estas pessoas podiam ter sido salvas e os salva-vidas não eram suficientes. Nunca vou esquecer isso.
Andrews - Não o vamos encontrar. Tem de ir já para um bote com o bebé.
Camille - O meu filho, não o posso deixar.
George - E a Catherine? Tens de ir para o bote. Eu fico à procura dele com o meu irmão e o teu pai. O Sr. Andrews ajuda.
Andrews - Sim, vá para o bote imediatamente.
George - Obrigado, Sr. Andrews.
Eu e a Dorothy estavamos no salão de recepção da primeira-classe.
Richard - Dorothy, Dorothy, espere.
Dorothy - Richard.
Richard - Onde vai?
Dorothy - Richard, tenho uma pessoa em terceira-classe que precisa de mim. A vida dele depende de eu ir ou não.
Richard - Mas e o bote?
Dorothy - Não posso ir, volte para trás e vá ao encontro dos seus pais. Ela saiu a correr e desapareceu pelas escadas. Eu fiquei ali sózinho sem saber por onde ir nem para onde me dirigir. A água já chegava aos meus pés.
Richard - Meu Deus, estou perdido.
Fui lá para cima duas vezes, mas tinha tanto frio que achava aquilo uma palermice e voltava para baixo. E voltei duas vezes para o tombadilho do botes e sentei-me lá. Até que o Bruce Ismay me viu. E gritou-me:
Ismay - Pensava que todas as mulheres e crianças tinham deixado o navio. Anda cá.
Richard - Não. Largue-me, eu não vou.
Fugi para o salão do chá na primeira-classe.
George - Está tudo bem, meu amor, tu vais e eu fico mais um bocado. Vemo-nos mais logo. Tem coragem, aconteça o que acontecer tem coragem.
- Podemos passar para os salva-vidas?
- Não minha senhora, os vossos salva-vidas encontram-se no vosso convés. A minha mãe avançou ao longo da amurada e encontrou um senhor que estava lá encostado. Curiosamente, o mesmo senhor a quem ela tinha dito no escaler que tinha medo de embarcar no Titanic. E ele disse-lhe:
- Olá. Venha, vai sair deste navio.
E ela retorquiu:
Camille - Eu não. Como espera que eu saia seja de onde for com isto que tenho vestido? Sou prisioneira da minha saia. Quase não consigo andar, quanto mais trepar para a amurada e saltar para dentro de um bote em pleno mar. Eu cá não. Não sou acrobata.
Mas ele disse:
- Tem de ser capaz.
Camille - Não. Eu cá me arranjo.
Enquanto ajudavam com os botes houve quatro explosões claras abaixo do convés e o navio deu uma estocada terrível e caíram amontoados. Houve uma explosão muito, muito forte debaixo de água. Então uma segunda e uma terceira, essas explosões chegaram a arremessar o bote salva-vidas para mais longe como se fosse uma mão invisível. Eu ouvi quatro explosões claras que achamos serem as caldeiras. Murdoch - Encostem para receber mais passageiros.
George - Eu tomo conta disto, nós vamos no próximo barco.
Arthur - Camille, toma conta da tua filha.
Camille - Pai, tens de vir comigo.
Arthur - Não, tenho de me portar como um cavalheiro.
Camille - Tenta sair junto com o major Butt e com o Sr. Moore. São homens grandes e fortes não deixarão de se salvar.
George - Tens de obedecer às ordens Quando eles ordenam «As mulheres e crianças que entrem nos escaleres» tens de ir quando chegar a tua vez. Eu fico com o John. Não há problema.
Camille - Acho que prefiro ficar no barco grande, George, e arriscar. Capitão, estamos realmente em perigo?
Capt. Smith - O Sr. Andrews disse-me que o barco não resiste mais do que uma hora, hora e meia no máximo! Primeiro as mulheres e as crianças!
George - Não ligue, capitão, eu trato de a meter no barco. Nunca esperei ter de te exigir que me obedeças, mas desta vez tem de ser. É uma questão de princípio mandar as mulheres e as crianças primeiro. O navio dispõe de equipamento suficiente e toda a gente se vai salvar.
Camille - George!
George - Vai, Camille! Pelo amor de Deus, tem coragem e vai! Eu arranjo lugar noutro bote. - Não me metam nesse barco. Não quero entrar num barco. Nunca entrei num barco aberto em toda a minha vida!
- Tem de ir, e é melhor ficar calada.
Camille - Não há botes suficientes.
George - Eu sou um excelente nadador.
Camille - George, não posso ir sem ti.
George - Podes. Vais a andar.
Camille - Perdi o meu menino. O senhor pode ajudar-me? Perdi o meu menino, não o encontro. Ajuda-me a procurá-lo, George.
John - Ainda não o achei.
Camille - Não deixo o navio sem o meu menino. O meu menino?
George - Já não há tempo, temos de ir. A água chegou à escada.
Camille - Não vou sem ele.
George - Camille, escuta-me! Temos de meter a Catherine num salva-vidas, entendes? Eu e o John ficamos a procurar o Richard mas tu e a Catherine têm de ir num bote!
Camille - Sim, a Catherine tem de ir num bote. George, por favor.
George - Não é nada. Amo-te!
Pitman - Há mais senhoras para este bote? Há mais mulheres atrás de si?
George - Não. Só ela.
Camille - Eu e o meu bebé.
George - Vai correr tudo bem.
Pitman - Há um lugar aqui. Salte. Agarre-se. Dê-me a mão. Subam a bordo a menina. Venha para bordo, por favor.
Afastou-se e ajudou outras pessoas a embarcar. Não fez qualquer tentativa para entrar. Nem tentou. Então, dois senhores fizeram uma cadeirinha com os braços, ela sentou-se e pôs os braços à volta dos pescoços deles, e atiraram-na de cabeça, através do espaço, e ela foi cair no fundo do bote.
Pitman - Para trás. Desimpeçam a zona.
George - Eu sei eu fico.
Pitman - Podem baixar.
Quando descia o bote ele gritou:
George - Mantém as mão nos bolsos está muito frio.
O bote foi descido com a menina aos gritos, porque percebeu que o seu pai não ia. Qualquer criança que fosse assim colocada num bote, pensaria que o pai também ia com ela. Mas a verdade é que ele não foi. E ela pensava que ele também ia. Pensou que ele ia com elas, mas não foi. Depois percebeu, claro que não iria. Estava petrificada, mas não tirava os olhos dele. Não voltou a vê-lo.
O meu pai estava lá fora para as ver embarcar nos salva-vidas e disse:
George - Eu já vou.
Mas ele morreu e nós sobrevivemos.
Pitman - Continuem a baixar. Devagar. Continuem.
Arthur - Se não nos voltarmos a ver neste mundo, vemo-nos no outro.
John - Adeus a toda a família.
Camille - George! O Richard não reconhece nenhum outro pai sem seres tu próprio. Perdoa-me.
George - Amo-te...
A minha mãe viu um rapaz num bote e pensou ser eu.
Camille - Richard? George! George! O Richard está aqui!
George - Está no bote. Ela diz que ele está com ela.
John - Vamos saltar! Há espaço suficiente para nós!
Camille - Meu Deus, não é ele! George! George! Não é o Richard!
George - Meu Deus ele ainda está no navio!
John - George, acho que o navio está perdido.

1 comentário:

Anónimo disse...

Que aflição dos pais e o descaramento do David.
Mesmo em um momento tão difícil ele ainda pensa somente no dinheiro.
Credo, hehehe.
PARABÉNS MÁRIO!!!!!!!!!