TITANIC
Camille - Bom dia.
George - Bom dia. Que dia é hoje?
Camile - Sábado...
George - Volta para a cama, fecha as janelas, quero que ainda seja noite de sexta-feira e que dure para sempre...
Subitamente ouvem-se passos do outro lado do corredor, alguém para diante da porta do camarote. O meu pai e a minha mãe ouvem alguém mexer no puxador da porta. O meu pai fez sinal à minha mãe para que permanecesse calada.
George - Quem é?
A pessoa do outro lado bateu na porta vezes seguida e respondeu apressadamente:
- Serviço de quartos.
Ao que o meu pai respondeu:
George - Não pedi nada.
Camille - Não era o Harry, o nosso criado de bordo.
George - Talvez esteja de folga. Não queres ficar de folga hoje comigo?
Os dois beijaram-se sorrindo. A minha mãe lembrou-se deste episódio muitos anos depois disso e chegou à terrível conclusão que o homem que terá batido na porta seria David Fraser. Um criado de bordo bate sempre três vezes antes de falar ou mexer na porta. Ele deveria estar confuso por não ver os meus pais no dia anterior e possivelmente tentou descobrir por si mesmo o que se estaria a passar, ela sempre ficou convicta que foi ele.
Dorothy - Café?
Arthur - Ontem não vieram jantar connosco.
Harriett - Algum problema? Fiquei tão preocupada.
Camille - Nada demais, resolvemos jantar no camarote os dois.
John - Eu pedi para que não fossem incomodados.
Richard - Ficamos a jogar cartas os dois no convés.
George - Obrigado.
Harriett - O chá... Também não perderam nada, uma noite como as outras.
O pequeno-almoço, servido no camarote, devia respeitar a privacidade dos passageiros, permitindo-lhes desfrutar de uma acolhedora intimidade, sem necessidade de se deslocarem à sala de jantar. Estas atenções eram motivo de fidelidade dos passageiros à companhia. Os que já tinham realizado uma travessia estabeleciam laços de amizade com o pessoal de bordo que a companhia costumava manter no mesmo navio para conseguir este objectivo. Assim, por exemplo, sucedia que um passageiro habitual não tinha necessidade de pedir nada quando se sentasse à mesa, porque lhe serviam logo a sua bebida preferida, com aquela atenção discreta e constante que o envolvia calorosamente.
David - Camille...
Harry - Perdão.
David - Pensei que Mrs. Barks...
Harry - Já subiu para o convés. Mr. Fraser, tenho uma boa notícia para si e para a sua esposa. Encontrei um lugar vago para se instalarem.
David - Como?
Harry - A sua esposa... falou comigo, disse que precisava de um camarote vago longe daqui.
David - Ridículo... Não, muito obrigado, mudámos de ideias.
Harry - Mas e o que digo ao Comissário de bordo?
David - Que houve um enquívoco.
Dorothy aproveitou a sua hora de almoço e descanso para visitar Edward como prometido. Ela procurou-o a partir do convés de primeira-classe. Nestas alturas o coração fala mais alto e eles encontraram-se num olhar. Dorothy desceu para o piso inferior.
Dorothy - Estás muito bonito.
Edward - É o teu reflexo. Vamos salta daí. Deixa esse convés e vem juntar-te aos ricos em felicidade...
Carl - Dizem que haverá
Pão e trabalho para todos
E o Sol brilhará sempre
Mas não esquecerei a Irlanda
Dorothy - É verdade o que a canção diz? Que há pão e trabalho para todos do outro lado?
Edward - Para os que estiverem dispostos a trabalhar e muito sim.
Cal - O que se encontra depende do que se procura.
Os meus pais passearam-se no convés, iria ser uma tarde histórica para o Titanic e para nós...
3 comentários:
OI...
PARABÉNS PELA BRILHANTE HISTÓRIA!!!
VOCÊ ME SURPREENDE A CADA DIA...
BEIJOS
AMEI SUA VISITA...
é sempre um prazer vir aqui...
beijos
Concordo com a Lorenna, bela história mesmo.
Se publicar, vira um fenômeno de vendas, hehehe.
Parabéns.
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