Em 1962, o cinquentenário do naufrágio é evocado. E esse cinquentenário é marcado por duas mortes. A primeira foi a de Stanley Lord, com a idade de 84 anos. Afirma-se que as suas últimas palavras foram: “Não pude salvá-los. Não estava lá.” Não podemos confiar muito nas frases atribuídas aos moribundos, só os mortos as poderiam confirmar. Mas é possível. A segunda morte é a que ocorreu em Oslo, de um comandante norueguês de nome Henrik Naess. Henrik Naess navegava desde os 15 anos. Aos 33 anos comandava um navio especialmente equipado para a pesca da foca, o Samson, que todos os anos deixava Alesund para uma campanha a norte do Canadá. Na Primavera de 1912 volta à Europa com um carregamento de peles de foca. Depois de ter passado ao largo do Labrador, Terra Nova, ruma a leste-nordeste, e na noite de 14 para 15 de abril, tem de parar por causa dos icebergues. Então pela uma da manhã, vê de repente como que duas grandes estrelas a sul-sudoeste. Admira-se, uma vez que o céu está coberto. Intrigado, ordena a um marinheiro que suba ao cesto da gávea. O marinheiro observa durante muito tempo as supostas estrelas e volta a descer. Não são estrelas, diz, mas luzes, uma multidão de luzes. Naess, com os binóculos, perscruta a noite. Distingue agora foguetes, vários foguetes. Dá então bruscamente ordem para se porem em marcha. Em direção ao lugar de onde partem os foguetes? Não, em direção a leste. Vejamos por que. «Pensamos», confessará Naess, que nos encontrávamos em águas territoriais americanas e que esses foguetes significavam que tínhamos sido vistos por guardas-costeiros americanos. Se fôssemos apanhados, era a nossa pesca que se nos escapava das mãos por um puro disparate. Como o Samson não tem equipamento de rádio, Naess ignora que o Titanic naufragou. Faz escala na Islândia e aí toma conhecimento da catástrofe. A data da mesma perturba. Foi precisamente na noite de 14 para 15 de Abril que fugiu diante dos foguetes dos guardas-costeiros. Verifica no diário de bordo a posição do Samson nesse preciso momento. Longitude 50° 15' oeste, Latitude 41° 52' norte. Encontrava-se a poucas milhas do Titanic e esses foguetes eram os dos náufragos! Então, Naess assusta-se. É preciso que ninguém saiba o que se passou, que não saiba nunca. Reúne os seus homens e explica-lhes a situação. Não, fiz qualquer ameaça - dirá ainda Naess - Simplesmente pusemo-nos de acordo em guardar segredo. Não tínhamos de que nos gabar, nada que nos tornasse orgulhosos. Uma página se fechava sobre esta história secreta. O navio desconhecido do Titanic era o Samson.
História Secreta dos Oceanos – Livraria Bertrand – Páginas 167/168/169
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