DESTROÇOS DO TITANIC EM TRIBUNAL
A nova expedição aos destroços do Titanic está prevista para maio de 2024 e pretende realizar buscas por objetos com importância histórica e capturar imagens dos escombros do navio. Contudo o governo dos Estados Unidos tem vindo a tentar impedir que isso venha a acontecer, as autoridades alegam uma lei federal, um acordo que foi celebrado com a Grã-Bretanha e a França que designa o local do naufrágio como ambiente sagrado e ainda que uma expedição poderá afetar os restos mortais que ainda estão no local. A expedição está a ser organizada pela RMS Titanic Inc., empresa norte-americana que detém os direitos sobre os destroços da embarcação e está prevista para maio de 2024, com ela pretendem filmar e fotografar a área em que estão os escombros do transatlântico e isso "inclui fazê-lo dentro dos destroços, onde a deterioração abriu abismos suficientes para permitir que um veículo operado remotamente penetre no casco sem interferir na estrutura atual”, disse a empresa. Além disso, a companhia quer procurar por artefatos ligados ao Titanic que possam ter importância histórica. O plano é realizar buscas não apenas nos arredores dos escombros do navio, mas também dentro da estrutura remanescente da embarcação e recuperar objetos da sala Marconi, mas apenas se tais objetos não estiverem afixados nos destroços em si. Para resolver este braço de ferro, o governo norte-americano e a RMS Titanic Inc. estão numa batalha judicial no Tribunal Distrital de Norfolk, no estado da Virgínia, que é responsável por supervisionar as questões relacionadas ao navio naufragado. As autoridades argumentam que uma expedição como a proposta pela empresa ao casco do Titanic violaria a lei norte-americana e o acordo com a Grã-Bretanha e França. Alterar, interferir ou danificar os escombros do transatlântico ou seus objetos também seria uma infração. “A RMST não é livre para desconsiderar esta lei federal validamente promulgada, mas essa é a sua intenção declarada”, disse o governo dos Estados Unidos em um documento apresentado ao tribunal na sexta-feira (25 de agosto). Em resposta, a companhia disse que, neste momento, "não pretende separar os escombros ou retirar qualquer parte dos destroços”. A RMST ainda afirmou que trabalharia em colaboração com a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), agência dos EUA que representa o interesse do público no caso. Embora não pretenda solicitar autorização para realizar a missão, a RMST não pode prosseguir sem a aprovação do Secretário de Comércio dos EUA, que supervisiona a NOAA. A empresa não apresentou resposta em tribunal, mas já contestou a constitucionalidade dos esforços dos EUA para infringir os seus direitos de salvamento de um naufrágio em águas internacionais. A companhia argumentou que apenas o tribunal de Norfolk tem jurisdição sobre o caso, apontando séculos de precedentes no direito marítimo. Em 2020, o governo dos EUA e a RMST travaram uma batalha legal quase idêntica sobre uma expedição proposta que poderia ter danificado os destroços do Titanic. No entanto, os planos foram interrompidos pela pandemia do coronavírus e o assunto nunca foi encerrado. A ideia da companhia era recuperar o rádio Marconi, que numa sala no convés perto da grande escadaria. Para isso, a equipe usaria um submersível para passar por uma clarabóia da estrutura ou cortaria parte de sua cobertura. Em maio de 2020, a juíza distrital dos EUA, Rebecca Beach Smith, deu permissão para a expedição. "A recuperação do telégrafo contribuiria para o legado deixado pela perda indelével do Titanic, daqueles que sobreviveram e daqueles que deram as suas vidas no naufrágio”, disse ela na ocasião. Algumas semanas depois, o governo dos EUA apresentou uma contestação legal contra a expedição de 2020, o que nunca aconteceu e os planos da empresa foram adiados por conta da pandemia. À época, George Rutherglen, professor da Universidade da Virgínia, disse que o caso provavelmente estava longe de terminar. Segundo ele, atender ao pedido da empresa poderia abrir a porta para novos pedidos de salvamento dentro do casco. Rutherglen também disse que atender ao pedido atual da RMST poderia abrir precedente para novos pedidos de salvamento no casco do transatlântico. “Têm muito dinheiro investido neste naufrágio”, disse. “O seu incentivo natural é tentar recuperar o máximo de artefatos que puderem eticamente.”
Notícia com base na fonte do G1
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