sábado, janeiro 07, 2017

INCÊNDIO A BORDO

INCÊNDIO A BORDO 
Esta foi a notícia que saiu esta semana um pouco por todo o mundo. O incêndio a bordo foi a causa do naufrágio do Titanic. Mas não trouxe nada de novo. 
"De acordo com alguns dados divulgados recentemente, pode ter sido um incêndio que afundou o navio mais conhecido e ilustre do mundo, em 1912. O Titanic poderá ter tido um incêndio dias antes de sair para o mar. As chamas e o calor causados pelo fogo poderão ter fragilizado o casco do navio. Este, ao embater no iceberg, não “resistiu” ao choque. Os dados foram agora tornados públicos e podem mudar o conteúdo de uma história há anos contada e romanceada pelas personagens do filme “Jack” e “Rose”, papéis interpretados por Leonardo DiCaprio e Kate Winslet, em 1997. Os investigadores afirmam que as chamas deflagraram muito antes do navio deixar o porto. Os dados dizem que o fogo teve início numa sala de máquinas do navio cerca de dez dias antes deste seguir viagem a partir de Southampton, mais concretamente do estaleiro de Belfast, na Irlanda. As fotografias que foram reveladas recentemente e que nunca tinham sido analisadas foram a principal matéria de análise dos investigadores e parecem mesmo comprovar a nova teoria. A possibilidade de incêndio já era algo assumido como uma realidade, mas um fogo com cerca de três semanas antes do navio iniciar viagem é um novo dado que muda todo o rumo da história feita à volta deste navio. De acordo com a nova investigação, é ainda contado que todos os oficiais que seguiam a bordo do navio tiveram ordens restritas do presidente da empresa que esteve responsável pela construção do navio para que jamais fosse divulgada a informação do incêndio a qualquer passageiro. Segundo Sean Molony, jornalista de profissão e que tem como principal foco a investigação deste embate há três décadas, revelou ao Independent que “o fogo era conhecido, mas foi minimizado. Nunca deveria ter ido para o mar”. O jornalista adianta ainda que “ninguém investigou as marcas anteriormente. Isto muda totalmente a narrativa da história. Temos especialistas em metalurgia que nos dizem que quando se atinge uma temperatura destas contra o aço, este torna-se frágil e reduz a sua resistência até 75%. É uma tempestade perfeita de extraordinários fatores que se uniram: fogo, gelo e negligência criminosa.” in Semanário Sol. 
Aqui fica um pouco do que aconteceu em 1912 e o contexto que provocou o incêndio no Titanic. A viagem inaugural do transatlântico Titanic que devia chamar a atenção do mundo coincidiu com uma situação de grave conflito social na Grã-Bretanha. Desde inícios de Março, mais de um milhão de trabalhadores tinha sido despedido das minas de carvão britânicas, trazendo como conseqüência a perda de postos de trabalho em outros sectores que dependiam do combustível. As associações sindicais convocaram uma grande greve e já tinham ocorrido incidentes entre as forças policiais e os mineiros de Lancashire. Conhecendo a situação, antes da viagem de volta de Nova York, o Olympic se abastecera de combustível ali, em 23 de Março, carregando o máximo de carvão que pode. Um salão foi improvisado como depósito, onde se amontoaram sacos e sacos de carvão fóssil de reserva. O capitão realizou a travessia em velocidade moderada, para economizar consumo e levar para casa todo o carvão necessário para que o navio gemeo não adiasse a tão divulgada viagem inaugural. Em 3 de Abril pela manhã, o Olympic realizou outra viagem para a América, enquanto na tarde anterior, por volta das 8 horas, o Titanic tinha zarpado de Belfast após ter realizado antecipadamente os testes de máquinas no mar. Depois de atravessar o mar da Irlanda com a ajuda de cinco rebocadores, o grandioso transatlântico lançou as amarras no embarcadouro número 44, que tinha cerca de 500 m de comprimento. Os mineiros continuavam em greve e alguns navios viram-se obrigados a cancelar viagens por falta de combustível. Apesar de ter capacidade total de 7.812 toneladas de carvão com suas onze carvoeiras, o navio carregava apenas 1.910 que, com um consumo diário de 650 toneladas, eram suficientes para apenas três dias de navegação. A intenção era carregar em Southampton mais 5.000 toneladas de combustível. Enquanto a greve de Março de 1912 projetava uma sombra obscura sobre a primeira travessia do Titanic, este chegava à noite em Southampton com um incêndio a bordo. Fora detectado no depósito número 10, talvez por combustão espontânea, devido ao fato de o mineral que estava na base do depósito estar seco demais. As onze carvoeiras (cinco duplas e uma simples) situavam-se no centro do Titanic, entre a terceira e a primeira chaminé, e abasteciam de combustível as seis salas das caldeiras. Elas estavam lado a lado separadas por um compartimento estanque que chegava ao convés "F", excepto a última, a 11, que era a simples. Atrás do compartimento do depósito número 11, abriam-se os dois depósitos que ficavam sobrepostos. Acima, estava o da entrega de correios e, abaixo, o dos envios, enquanto em cima da mesma carvoeira se encontravam as dependências da terceira classe. O depósito número 10, considerando que a carga tivesse sido distribuída de maneira uniforme entre todas as carvoeiras, tinha provavelmente 172 toneladas de carvão e, quanto ao incêndio, fora declarado no lado do estibordo. No dia 10 de Abril de 1912 o Titanic partiu de Southampton ainda com o incêndio a bordo que só seria extinto na manhã do dia 13 já a meio da viagem, em pleno Oceano Atlântico. Pelas 10:30 desse dia é feita uma inspeção do capitão e auxiliares. Da casa de máquinas, o chefe Joseph Bell comunica: o fogo está extinto, mas uma das paredes da carvoeira, que é também uma antepara, foi afectada. Muitas teorias já foram apresentadas como causa-efeito do naufrágio, tal como a má qualidade dos rebites. É provável que a fragilidade da antepara tenha apenas acelerado o fim anunciado do navio mas não é a culpada deste se ter afundado, que já estava condenado desde que batera no icebergue. E Thomas Andrews, o projectista a bordo, sabia disso quando viu os danos causados pelo embate.
FOTO: Na parte destacada, a posição do depósito número 10, onde foi detectado o incêndio, situada exactamente em baixo da primeira chaminé do Titanic.

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