CAPITÃO DO TITANIC BÊBADO
O capitão do Titanic estava bêbado quando o navio bateu num iceberg e afundou, alega um documento recém-descoberto.
O capitão Edward Smith foi, aparentemente, visto a beber no bar do salão do navio.
Os livros de história mencionam que o capitão acordou quando o navio bateu no iceberg e que corajosamente decidiu ir para o fundo com o seu navio. Mas um relato inédito da sobrevivente Emily Richards culpa o capitão Smith pela tragédia e diz que ele estava a beber nas horas antes da colisão. A passageira de segunda-classe fez a acusação numa carta que ela escreveu para casa dois dias depois do naufrágio, ainda a bordo do Carpathia, que resgatou os sobreviventes do Titanic. A Sra. Richards, de 24 anos, e os seus dois filhos foram resgatados nos botes salva-vidas, mas o seu irmão, George, estava entre as 1.500 pessoas que morreram nas águas geladas do Atlântico. Na carta, enviada para a sua sogra, a Sra. Richards, de Penzance, Cornwall, escreveu: "O barco atingiu um iceberg às 11 horas no domingo à noite. O capitão foi para o salão beber, e deu ordens para alguma outra pessoa olhar pelo navio. Foi falha do Capitão. O meu pobre irmão George... muitos morreram afogados, é tudo quanto sabemos até agora."
É amplamente reconhecido que o Capitão Smith, de 62 anos, passou a noite do desastre num jantar no restaurante de primeira-classe antes de retornar ao seu camarote. Mas o relato feito pela Sra. Richards oferece uma alternativa atraente para os seus movimentos naquela noite fatídica.
O documento, juntamente com a segunda carta que ela escreveu para casa depois de chegar a New York no Carpathia, veio à luz com o 100º aniversário do naufrágio.
Ambas foram vendidas pelos Leiloeiros Henry Aldridge e Filho de Devizes, Wilts, com uma estimativa de £ 20.000.
O leiloeiro Andrew Aldridge disse: "Esta mulher estava muito abalada com a perda do seu ente querido, é normal que quisesse ter alguém a quem culpar, e claramente ela culpou o capitão. Tanto quanto sabemos não há outros relatos de testemunhas que coloquem o capitão no salão a beber na noite do naufrágio. Então o relato de Emily Richards não é consistente com as dezenas de outros que existem."
Um especialista no Titanic disse que esta é a primeira vez com que ele se depara com uma acusação ou insinuação de que o Capitão Smith tenha bebido na noite do naufrágio.
Una Reilly, co-fundadora da Belfast Titanic Society, questiona-se por que Emily Richards não fez a acusação pública, se o que ela tinha presenciado era verdade.
A Sra. Reilly disse: "Ela pode ter testemunhado o capitão no bar do salão, mas o que ele estava a beber não pode ser comprovado. Não se pode dizer que ela estava enganada, porque ela era a única que estava lá, mas eu acho estranho ela não repetir essa acusação, mais tarde, em entrevistas e inquéritos. Eu nunca ouvi essa acusação ser lançada sobre o Capitão Smith antes. Nunca se levantou qualquer dúvida sobre ele nas duas investigações oficiais sobre o desastre. Após o naufrágio o Capitão Smith foi quase glorificado por ter ido ao fundo com o navio, não havia muita culpa ligada a ele. Existia uma estátua do capitão Smith erguida na sua cidade natal em Lichfield em Staffordshire sem qualquer mancha no seu carácter. Eu não posso imaginar que ele tenha ido beber com os passageiros."
A Sra. Richards e os seus dois filhos, William e Sibley, estavam a caminho de New York para se juntar ao marido James, que havia emigrado para o Ohio no início desse ano.
Ela partiu na viagem inaugural do Titanic de Southampton para New York com os seus filhos, seu irmão mais novo, George, 23 anos, sua irmã Nellie, e sua mãe, Elizabeth.
Após o navio atingir o iceberg pelas 23:40 de 14 de abril de 1912, as três mulheres e as duas crianças foram ajudadas a entrar num bote salva-vidas, mas George permaneceu a bordo.
A Sra. Richards escreveu mais tarde a partir do Carpathia: "Espero nunca mais voltar a ver tal coisa. Foi-se como um suspiro. O mar parecia como a água de piscina. Eu e a minha mãe e as crianças, embarcamos num bote. Os mais pobres tinham que vir depois. Espero que o meu pobre George esteja a salvo. Dou graças por ter os meus dois filhos queridos a salvo e minha querida mãe e a Ellen. Perdi todas as minhas coisas... mas não me importo, estou a salvo.
Na segunda carta, escrita mais tarde no Hotel Star, em New York, ela escreveu: "George pobre rapaz está desaparecido. Willie estava vestido com um casaco feito de lona de cobrir os botes, o bebê tem uma gripe, mas Willie está bem. Os norte-americanos foram gentis a respeito de nos darem roupas. Esta cidade é uma cidade de luto." Sabe-se que a Sra. Richards, como passageira de segunda-classe não teria acesso ao restaurante, mas na noite do naufrágio foi passear para o convés coberto de segunda-classe que ficava no convés B e cujas janelas que davam para esse espaço eram do restaurante à la carte onde o capitão foi homenageado. Foi neste mesmo espaço que Ruth Becker passeou o seu irmão mais novo no carrinho dias antes e ficou deslumbrada com os talheres e as toalhas novas.
1 comentário:
Fantástica história, e auto-explicativa também: Uma passageira ressentida por ter perdido um ente querido, que direcionou sua indignação para o Capitão Smith, quando isto era um dos únicos meios de dar seu grito de clamor que trazia preso na garganta.
Toda a história da matéria tem fundamento: desde ela tê-lo visto no Restaurante A La Carte pelas janelas (algo que de fato era possível para os passageiros da 2ª classe), até o fato de Smith só ter chegado à Ponte de Comando depois da colisão.
Este tipo de alegação bombástica é uma das mais corriqueiras técnicas das grandes casas de leilões na hora de vender seus artigos históricos. Os leiloeiros/analistas fazem o quer for possível para extrair o máximo de destaque para seus objetos leiloados; uma vírgula mal explicada pode significar várias cifras “$$$$” na supervalorização de um lote histórico. 2012, por exemplo, foi o ano das fotografias reais de icebergs, todos eles alegados como "o verídico" pelos leiloeiros.
Smith não é um herói e também não é um demônio. E a passageira Emily Richards conseguiu fazer ecoar seu grito de clamor e indignação, mesmo que tenha surtido efeito amplo apenas 101 anos depois, e através da super-valorização de sua sentença alegatória de “embriaguez”; sentença na qual o que ela queria, na realidade, era mostrar de alguma maneira o quanto a desgraça a feriu.
Ainda que Smith tivesse bebido (o que tenho certeza, não aconteceu), ele não teve qualquer ligação estritamente direta com a colisão, muito pelo contrário, foi ele próprio quem instruiu dos oficiais e vigias de plantão que ficassem atentos a qualquer perigo iminente; ainda que os meios, as circunstâncias, a displicência e a fatalidade não fossem os ideais naquela noite.
Grande abraço amigo Mario, belo post.
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