MÚSICA QUE TOCOU NO TITANIC É REVELADA
No meio do horror e devastação da noite em que o Titanic se afundou, uma estranha música num bote distrai as crianças da tragédia e do frio que se fazia sentir abafa os gritos daqueles que morriam nas águas geladas... era um porquinho musical. Assim se destaca uma das cenas mais comoventes do naufrágio.
O porco pertencia a Edith Rosenbaum de 32 anos, uma jornalista de moda americana e estilista que tinha realizado reportagens sobre moda francesa nas maratonas de Domingo de Páscoa em Paris. Embarcou no navio em Cherbourg, como um passageira de primeira classe, juntamente com 19 malas de viagem e um porco de brinquedo. O animal tinha sido dado por sua mãe como um amuleto de boa sorte, após Edith ter sobrevivido a um acidente de carro no ano anterior em que o seu noivo, um fabricante de armas alemão, veio a falecer. O item terá custado cerca de 10 xelins na época. Depois de embarcar no Titanic, Edith escreveu uma carta ao seu secretário em Paris, a partir de Queenstown - última escala do navio - no qual ela elogia o navio, mas acrescentou: "Eu não consigo superar as minhas sensações de depressão e de premonição de problemas". Edith estava na sua cabine A-11 quando o navio bateu no iceberg e através de sua janela que dava para o convés de passeio, ela viu-o passar como uma "enorme massa cinzenta". De seguida foi para o convés sem o porco, tal como todos os passageiros foi para perto dos botes salva-vidas. Edith inicialmente recusou-se a embarcar num deles, subindo de volta para o convés do Titanic. Tal como muitas passageiras, ela estava convicta de que o navio não se iria afundar. Em seguida foi buscar o porco, um marinheiro agarrou o porco, feito de madeira e papel maché, com uma camada externa da pele de porco verdadeira, debaixo do braço e atirou-a para o barco salva-vidas, dizendo-lhe: "Você não quer ser salva, bem, então eu salvo o seu bebé." Foi então que ela seguiu o porco embarcando no bote 11. Mais tarde, ela relembrou aquele momento: "Quando eles colocaram aquele porco no bote, eu sabia que era a minha mãe que me chamava."
Os passageiros do barco salva-vidas foram resgatados pelo navio Carpathia, depois de sete horas à deriva. Após o naufrágio, um passageiro equivocado reclamou que tinha um porco real a bordo do bote salva-vidas. Edith ficou à partida um pouco constrangida pela divulgação de que ela tinha levado um porco de brinquedo com ela.
Mais tarde, ela apresentou duas das maiores reivindicações de danos contra os proprietários do navio, pela perda de seus pertences e lesões corporais. A escritora também se tornou numa das primeiras mulheres correspondentes de guerra, passando o tempo com as tropas nas trincheiras durante a Primeira Guerra Mundial. Em 1918, mudou de sobrenome de Rosebaum para Russell, um nome com sonoridade menos germânica. Algumas das situações mais marcantes da sua vida incluiem ter dançando com Benito Mussolini num jantar, e ter criado os cães de Maurice Chevalier, o artista francês. Em 1958, ela e o seu porco apareceram no filme sobre o naufrágio A Night to Remember, no qual ela também participou como assessora técnica. Viveu o resto da sua vida na Embassy House Hotel, em Londres, onde morreu em 1975. Ao longo do século XX, apesar do porco ter sobrevivido, a sua música parou quando o mecanismo que a fazia tocar, se partiu.
Agora, especialistas do National Maritime Museum conseguiram recuperar o objecto e fizeram uma gravação da música, numa tentativa de obter ajuda do público para ajudar a identificá-la.
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Edith Russell, o porco
e a actriz Theresa Thorne que
a interpretou no filme de 1958
A Night to Remember. |
Realizaram exames de raios- X a três dimensões do porco para descobrir como a caixa musical dentro funcionava. Assim descobriram que o rabo encaracolado, que era usado para ligar o dispositivo, se soltou e ficou preso lá dentro. Ao analisar os exames; foram capazes de inserir uma pequena haste de bronze no dispositivo, para fazer o mecanismo tocar de novo.
Apenas a tocaram três vezes, para garantir que o dispositivo não ficaria danificado. Rory McEvoy, curador do museu, disse: " A música saiu lindamente. Foi inacreditável e muito emotiva. Existem algumas notas que faltam, porque um par de dentes do pente se soltou, mas por outro lado, a canção foi tão clara como sempre fora. Ouvi-la pela primeira vez teve um impacto poderoso."
O porco musical faz parte do folclore relacionado ao Titanic. Em histórias sobre o naufrágio, a música sempre foi descrito como sendo uma canção Maxixe, uma música de estilo sul-americana, semelhante ao tango. Entretanto, o Sr. McEvoy disse que eles foram incapazes de identificá-la até agora. Ela não parecia particularmente sul-americana. Sempre me pareceu ser francesa, por isso uma canção Sul americana parece-me improvável, embora possa ser."
O porco foi passado para o museu em 2003, como parte da colecção de Walter Lord, escritor de A Night to Remember, e William MacQuitty produtor do filme. Não se sabe exactamente quando o mecanismo de dar musica se partiu, mas em fotos para promover o filme em 1958 o rabinho de porco já não existia.
O rabinho já foi recolocado e o objecto deve ser colocado em exibição. Um fio de cabelo também foi recuperado de dentro do porco, provavelmente foi inserido num esforço para consertar a caixa de música após a cauda ter caído. Comentários recentes ao site do jornal The Telegraph, onde esta notícia foi publicada, referem que a música é La Mattchiche também chamada de La Sorelle, do ano de 1905 de Charles Borel-Clerc, veja aqui.
Un Espagnol sévère
D'une ouvrière
Au moulin d'la Galette
Fit la conquête
Il dit à sa compagne
"Comme en Espagne
Je m'en vais vous montrer
Un pas à la mode
Qui va vous charmer
Amoureusement
Laissez-vous conduire gentiment"
C'est la danse nouvelle
Mademoiselle
Prenez un air canaille
Cambrez la taille
Ça s'appelle la Mattchiche
Ça vous aguiche
Ainsi qu'une Espagnole
Joyeuse et folle
Il emm'na la fillette
Dans sa chambrette
Avant de faire dodo
Cet hidalgo
Lui dit "Belle mignonne
Faut que j' vous donne
Une deuxième leçon
Hâtons-nous et recommençons
N' pressez pas l' mouv'ment
Afin que ça dure plus longtemps"
C'est la danse nouvelle
Mademoiselle
Prenez un air canaille
Cambrez la taille
Ça s'appelle la Mattchiche
Remuez vos miches
Ainsi qu'une Espagnole
Joyeuse et folle
Depuis lors les p'tites femmes
Chaque soir se pâment
Pour cette danse excitante
Très entraînante
J'vous souhaite, Messieurs, Mesdames,
Du fond de l'âme
De pouvoir la danser cinq ou six fois d'suite
Sans vous arrêter
C'est le bon moment
Quand on est vieux, il n'est plus temps
C'est la danse nouvelle
Mesdemoiselles
Il faut cambrer la taille
Petites cailles
Ça s'appelle la Mattchiche
Remuez vos miches
Ainsi qu'une Espagnole
Des Batignolles