Na altura em que se deu o naufrágio do Titanic, Portugal estava a
braços com uma epidemia de tifo em Lisboa, que grassava desde o
princípio de Março e durou até finais de Abril. Matou 254 pessoas. A
capital, tal como os principais centros urbanos, vivia em constante
alarme social devido às greves e aos tumultos gerados por uma república com pouco mais de 18 meses. A maior preocupação era fugir à miséria. Nas
cidades e, sobretudo, nas zonas rurais, a fome e a instabilidade levavam
cada vez mais portugueses a emigrar principalmente para o Brasil. O ano de 1912 bateu o recorde do
número de emigrantes: 88 929, uma marca que só seria ultrapassada em
1965. Entre estes de 1912, estavam os portugueses que subiram a bordo do Titanic, três em terceira classe, um em segunda. Os três de terceira classe eram emigrantes, eram três amigos naturais da Ilha da Madeira e que como a maior parte dos 700 passageiros de terceira classe, também eles iam em busca de uma vida melhor nos Estados Unidos. Domingos Fernandes Coelho, era solteiro, tinha 20 anos, era o mais novo do grupo, José Neto Jardim tinha 21 anos era casado e tinha uma filha de nove meses de idade e Manuel Gonçalves Estanislau, o mais velho do grupo tinha 37 anos, deixou mulher e cinco filhos. O quarto português viajava em segunda classe. José Joaquim de Brito é o único de quem menos se sabe alguma coisa, tinha 32 anos e estava hospedado em Londres para partir no Titanic. Apenas se conhece um endereço de Liverpool de alguém chamado Frederico Duarte, e que José de Brito ia em negócios com destino a São Paulo, Brasil.
A Hemeroteca Municipal de Lisboa disponibilizou em formato digital no site Hemeroteca Digital os artigos das revistas e jornais da época, que em Portugal foram publicados sobre o navio e o seu naufrágio e o impacto que a tragédia causou.
- "Leviatão e a sua gruta". Artigo da
revista Serões, n.º72, de Junho de 1911, pp. 447-451, sobre as
companhias de construção de navios transatlânticos.
- "Navio que se afunda". Breve
notícia publicada no jornal A Capital: diário republicano da noite,
logo no dia 15 de Abril de 1912.
- "O naufrágio do Titanic - 16 de Abril de 1912". Notícia
saída na edição de
16 de Abril, no jornal A
Capital: diário republicano da noite. São já apresentados números
provisórios das vítimas do acidente.
- "O naufrágio do Titanic - 17 de Abril de 1912". Notícia
saída na edição de
17 de Abril, no jornal A
Capital: diário republicano da noite. Eleva-se o número de vítimas do acidente.
- "Naufrágio do Titanic". Artigo da
revista Illustração Portugueza, n.º323, de 29 de Abril de 1912,
p. 560.
- "O naufrágio do transatlântico Titanic". Artigo da revista O Occidente, n.º1200, de 30 de Abril de 1912,
pp. 89-93.
- "A catastrophe do Titanic". Artigo
da revista Brasil-Portugal, n.º319, de 1 de Maio de 1912, p. 448.
- "Titanic: I - A belleza trágica de uma catastrophe horrivel". Artigo da revista Brasil-Portugal,
n.º322, de 16 de Junho de 1912, p. 531.
- "Titanic: II". Artigo da revista
Brasil-Portugal, n.º324, de 16 de Julho de 1912, pp. 563-566.
- "Diário da Câmara dos Deputados, 92.ª sessão, de 17 de Abril de 1912". Proposta de Simas
Machado (deputado da Assembleia Constituinte de 1911, pelo círculo eleitoral de Barcelos), de voto de sentimento pelas vítimas do naufrágio.
- "Diário do Senado, 70.ª sessão, de 17 de Abril de 1912". Proposta de Bernardino Machado (Ministro e embaixador no Brasil, futuro Presidente da República Portuguesa), de voto de sentimento pelas vítimas do
naufrágio.
- "O maior navio do mundo". Artigo da
revista O Occidente, n.º 1248, de 30 de Agosto de 1913, pp. 266-267,
sobre a construção do navio Imperator, que evoca o acidente do Titanic.
Nota: a foto deste artigo é talvez a mais próxima da data do naufrágio tirada em Lisboa (Chiado) na Semana Santa que em 1912 aconteceu do dia 31 de Março (Domingo de Ramos) a 7 de Abril (Domingo de Páscoa) precisamente uma semana antes da tragédia.
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