CÃES DE RAÇA A BORDO DO TITANIC
Eva Miriam Hart, uma menina de sete anos proveniente de Ilford, Essex, Inglaterra, tinha embarcado com os seus pais para ir a Winnipeg, no Canadá. Para ela, todo o navio era um espectáculo sedutor. Era a primeira vez que se encontrava a bordo de um transatlântico e tudo atraía a sua atenção e curiosidade. Não compreendia o nervosismo da sua obstinada mãe, Esther, que não tinha paz desde que o seu marido, Benjamin Hart, decidiu viajar nesse barco. A mãe de Eva não estava tranquila: afirmar que o Titanic não se podia afundar era desafiar os desígnios do Altíssimo. Esther sentia que algo obscuro e terrível se abateria sobre aquele presunçoso gigante do mar, e Eva, que a tinha visto chorar de angústia, estava preocupada, mas esqueceu a sua preocupação quando descobriu a presença de alguns animais a bordo.
Eva Hart e os seus pais |
Para o dia de segunda-feira, 15 de Abril de 1912, estava programado um pequeno desfile canino, onde os cães seriam exibidos pelos seus proprietários, que viajavam em primeira-classe. O Titanic estava equipado para albergar animais, prevendo lugares para cães, que se limpavam diariamente. Mas apesar do cuidado do serviço da White Star Line, à jovem Helen Bishop não agradou a instalação onde deveria ficar o seu cãozinho, Freu Freu, tanto que preferiu tê-lo junto a si no camarote, o B-49. Eva ficava satisfeita a olhar para os cães quando algum membro da tripulação os levava a dar um passeio matinal pela coberta dos botes. Pôde assim admirar o chow chow de Harry Anderson, um corretor de Wall Street, o airedale terrier queo casal Astor chamava Kitty. O lulu italiano da jovem Margaret Hays e o pequinois de Henry Sleeper Harper, ao qual tinha sido dado o nome de Sun Yat Sen. Entre gente curiosa de primeira classe, encontrava-se um passageiro que levava consigo dois cães, com bilhetes de primeira. Tratava-se de William Ernest Carter que regressava a Bryn Mawr, Pensilvânia, com a esposa e dois filhos.
Robert Daniel e o seu bulldog |
Todos estavam alojados na coberta B, nos camarotes contíguos 96 e 98 com eles viajavam também dois criados, Auguste Serreplan e Alexander Cairns, enquanto em segunda-classe Carter alojara o motorista Charles Aldworth, que devia ocupar-se da manutenção do automóvel Renault que fez levar a bordo do Titanic, com um motor de 25 cv. Entre todos os cães presentes no navio, o que mais despertou a fantasia da pequena Eva foi o bulldog francês de Robert William Daniel, um jovem em viagem de regresso a Filadélfia. Eva não sabia que era um cão de raça e um campeão avaliado em mais de 750 dólares, simplesmente o apreciava pela sua beleza e porte. Gostaria de o ter, mas infelizmente só podia contentar-se a vê-lo desfilar diariamente pela coberta.
2 comentários:
Até os cães do Titanic eram da alta sociedade eheh
É sem dúvida interessante que um empregado vá em 2ªclasse e um cão em primeira, não é?
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