sábado, setembro 08, 2012

POEMA RUBÁIYÁT DE OMAR KHÁYYÁM

  POEMA RUBÁIYÁT DE OMAR KHÁYYÁM
Já aqui foram publicados vários posts sobre este assunto, os primeiros em 2008, e o último no ano passado. Segundo a lenda, uma cópia valiosíssima do poema árabe Rubáiyát de Omar Khayyám era transportada no Titanic. Desconhece-se o seu dono. Na lista de passageiros podemos encontrar claramente 79 pessoas cujo nome é herdado do árabe, mas fontes indicam que estavam 165 árabes a bordo do Titanic. Destes apenas sobreviveram 38. Contudo no livro "Titanic - Women and Children First" oficialmente constavam 154 sírios no Titanic e destes 29 se salvaram: quatro homens, cinco crianças e vinte mulheres. Na sua larga maioria, todos embarcaram em terceira-classe excepto quatro em segunda-classe. Outros dizem que o livro era uma encomenda de um investidor judeu que o fez transportar no Titanic para o receber em Nova Iorque. O livro serviu de mote até para um jogo para computador Titanic Adventure Out Of Time. O Rubáiyát era maravilhoso de um valor inestimável, continha 1051 pedras semi-preciosas colocadas e era folheado a ouro de 18 kilates, era colorido com 5000 peças e os ornamentos em ouro de 22 kilates. Mais maravilhoso que o livro em si, eram os seus poemas, seguem abaixo alguns trechos, junto ao título de cada poema, consta um link para o ouvirem recitado pela atriz brasileira Letícia Sabatela, com sonoridades do compositor Marcus Viana, do álbum Poemas Místicos do Oriente.

RUBÁIYÁT I clique para ouvir aqui
Debaixo de um arbusto, um pão e uma garrafa
de vinho e os meus poemas: tudo o que preciso.
E tu, que do meu lado cantas no deserto,
e o deserto se torna, então, no paraíso.

RUBÁIYÁT II clique para ouvir aqui
Entrado no universo, sem saber porquê,
nem de onde, tal qual a água, queira ou não, a fluir;
e fora dele, como o vento em descampado
soprando, queira ou não, sem saber para onde ir.

RUBÁIYÁT III clique para ouvir aqui
No céu, à mão esquerda da alvorada; eu sonho.
Na taberna, uma voz escuto na algazarra:
“Despertai, meus pequenos, e enchei bem o copo
antes que seque o vinho da vida em sua jarra”.
 
Ah! Enche o copo! De que serve repetir
que o tempo sob os nossos pés já vai fugindo?
O amanhã não nasceu e o ontem já morreu,
por que me hei-de importar, se o dia de hoje é lindo?

E ao côncavo invertido que se chama céu,
sob o qual rastejaram o vivo e o que morreu,
não ergas tuas mãos, pedinte. Ele é impotente
no seu girar, tal qual o somos tu ou eu.

O dedo que se move escreve, e, tendo escrito,
se vai. E toda a argúcia e piedade, entretanto,
não o trarão de volta a mudar meia linha,
nem as palavras podes apagar com o pranto. 
E se o vinho que bebes, o lábio que oprimes
findam nesse nada que a tudo dá sumiço,
imagina, então, que és; não podes ser senão
o que hás-de ser: nada. Não serás menos que isso.

Façamos o que é mais do que ainda há por fazer
antes que também nós ao pó vamos enfim.
O pó vai para o pó, sob o pó vai jazer
sem vinho, sem canções e sem cantor... sem fim. 
É tudo um tabuleiro de noites e dias;
os homens são peças, e o fado temerário
com elas joga, e move, e toma, e dá o mate,
e uma a uma as recolhe, e vai guardar no armário.
Façamos o que é mais do que ainda há por fazer
antes que também nós ao pó vamos enfim.
O pó vai para o pó, sob o pó vai jazer sem vinho,
sem canções e sem cantor... sem fim. 

Nota: No primeiro poema, escuta-se Talaa Al Badru Aalaina que é uma canção tradicional islâmica. Quando o profeta Muhammad em 622 EC chegou a Yathrib (chamada mais tarde de Medina) depois de completar a jornada da Hijra (peregrinação do profeta e seus seguidores de Meca para Medina), este tipo de melodia conhecida como nasheed, foi cantada pelos habitantes da cidade, os Ansar (que significa literalmente "ajudadores"). Esta canção tem cerca de 1400 anos, e é uma das mais antigas na cultura islâmica. 
Pode escutá-la aqui
طلع البدر علينا
ṭala‘a 'l-badru ‘alaynā

Oh the white moon rose over us

من ثنيات الوداع
min thaniyyāti 'l-wadā‘

From the valley of al-Wadā‘

وجب الشكر علينا

wajaba 'l-shukru ‘alaynā

And we owe it to show gratefulness

ما دعى لله داع
mā da‘ā li-l-lāhi dā‘

Where the call is to Allah.

أيها المبعوث فينا

’ayyuha 'l-mab‘ūthu fīnā

Oh you who were raised among us

جئت بالأمر المطاع
ji’ta bi-l-’amri 'l-muṭā‘

Coming with a word to be obeyed

جئت شرفت المدينة
ji’ta sharrafta 'l-madīnah

You have brought to this city nobleness

مرحبا يا خير داع
marḥaban yā khayra dā‘

Welcome best caller to God's way

Ao Matheus Treuk

2 comentários:

Fernanda disse...

eu tenho este cd, foi dado por um amigo querido. Que achado este seu blog , muito interessante :-)

Mário Monteiro disse...

Obrigado, Fernanda, também tenho o cd e é maravilhoso! :)