domingo, abril 26, 2009

DOCUMENTÁRIO TITANIC

E para terminar o mês de Abril e os vídeos raros e especiais que temos vindo a apresentar, fica um documentário de data desconhecida com sobreviventes do Titanic. A avaliar pela idade dos passageiros e pelo visual da jornalista, o documentário deve datar-se entre os finais dos anos 60 e príncipios de 70. Edith Rosenbaum morreu com 98 anos, em 1975.

sábado, abril 18, 2009

TITANIC THE ARTIFACT EXHIBITION EM LISBOA
Depois do Porto em 2004/2005, finalmente em Lisboa. Segundo a Agência Lusa "Mais de duzentos objetos recuperados do Titanic, o navio que se afundou há 97 anos no Atlântico, vão ser revelados ao público português numa exposição a inaugurar em Maio em Lisboa, disse o promotor à agência Lusa.A exposição, intitulada "Titanic - The Artifact Exhibition", estará no Espaço Rossio, uma área expositiva com mais de mil metros quadrados localizada na Estação do Rossio e que se estréia com esta mostra. "A exposição retrata ambientes diferentes do Titanic, terá objetos reais resgatados do fundo do mar e recriações fidedignas do navio, como um camarote de primeira classe", explicou José Cardoso. Do luxuoso navio, que se afundou a 15 de Abril de 1912 - cumprem-se hoje 97 anos -, serão mostrados pela primeira vez em Portugal cerca de 230 objetos, como peças de vestuário, joalharia e uma garrafa de champanhe intacta. Segundo José Cardoso, a exposição contará ainda a história real dos passageiros, as expedições feitas ao fundo do mar onde o Titanic se afundou e relatará o que aconteceu naquela noite e madrugada de Abril de 1912. Além da recriação de alguns dos espaços do navio, no Espaço Rossio será ainda simulado um iceberg real. Esta é uma exposição para quem tem um "fascínio pela época do início do século XX, pelo fenômeno da emigração para os Estados Unidos, pela criação das grandes metrópoles e pela própria história do Titanic", assinalou José Cardoso."Titanic - The Artifact Exhibition", que estará em Lisboa durante pelo menos três meses, já passou por cerca de 70 cidades e foi visitada por mais de 18 milhões de pessoas em todo o mundo. A exposição está atualmente em Madrid, encerra no domingo e foi vista até agora por cerca de 80 mil pessoas. A mostra é organizada pela empresa RMS Titanic Inc., que detém os direitos de recuperação e preservação dos mais de cinco mil objetos resgatados do Titanic, submersos a 3.800 metros no Atlântico Norte. O navio transatlântico Titanic afundou-se nas águas do Atlântico Norte na viagem inaugural, com destino a Nova Iorque, depois de ter chocado com um iceberg, causando a morte de 1.500 pessoas. Considerado na altura o maior navio de passageiros do mundo, o Titanic significou também uma das maiores tragédias marítimas do século XX. A história do naufrágio foi largamente contada e reproduzida não só na imprensa, mas também na literatura, cinema e televisão."
Estarei lá sem falta!
18 DE ABRIL DE 1912
A 18 de Abril de 1912, quinta-feira, os sobreviventes do Titanic chegavam finalmente a Nova Iorque a bordo do Carpathia que chegava num aspecto cansado sobrecarregado de passageiros e botes salva-vidas. Estava de noite e chovia bastante mas isso não impediu que acorrecem ao cais milhares de pessoas, curiosos, jornalistas, amigos e familiares dos sobreviventes e das vítimas também. O rosto das pessoas que esperavam numa última esperança ver o seu ente querido descer pelas escadas são e salvo era desolador. Perceberam que não, que eles não vinham, que eles ficaram no fundo do oceano com o Titanic. Mas assim com o dia 15 de Abril foi marcante para aqueles que nasceram naquele dia, para outros o dia 18 também foi marcante chegavam a Nova Iorque no dia do seu nascimento. Eram eles: Major Arthur Godfrey Peuchen nascido em 1859, o maquinista William Mcintyre em 1890. Em 1961 com 84 anos morria de trombose a passageira de primeira-classe Emma Schabert.

quarta-feira, abril 15, 2009

15 DE ABRIL DE 1912
2h20 da madrugada, segunda-feira de 15 de Abril de 1912 o mundo acordava agora mesmo para sempre, para a realidade. O Titanic acabava de dar o seu último suspiro, com ele foram para o fundo cerca de 1496 pessoas, ficando apenas 712 em botes com capacidade para 1178. Ninguém sabe ao certo o número de pessoas a bordo, o mais fiável é o da Encyclopedia-Titanica que aponta para 2208 pessoas. Os gritos começavam agora e iriam prolongar-se por mais uma meia hora no escuro eno frio até se silenciarem os gemidos. Muitos mistérios envolvem o Titanic que para sempre ficarão no fundo do Atlântico Norte. Hoje só existe uma sobrevivente, Millvina Dean, um bebé de semanas, quente em um xaile, alheio a toda a tragédia e a perda do seu próprio pai. Assim como o pai de Millvina, ficaram para trás outras tantas vidas inocentes que nada mais fizeram do que sonhar com uma vida melhor, sonhar com aquela viagem de férias de uma vida inteira, sonhar por estarem no «navio dos sonhos». Curiosamente o dia 15 de Abril marcou para alguns passageiros algo mais que o dia do naufrágio:
1868 - Nasceu o Sr. Oscar Scott Woody, tripulante dos correios, faleceu no seu próprio dia de aniversário de 44 anos.
1875 - Nasceu o Sr. Edward Pomeroy Colley, passageiro de primeira-classe fazia 37 anos neste dia, também não sobreviveu.
1890 - Nasceu o Sr. David Vartanian, passageiro de terceira-classe, fazia 22 anos, e ter sobrevivido foi talvez o seu melhor presente de aniversário.
1898 - Nasceu a Menina Jamila Nicola-Yarred ("Amelia Garrett"), passageira de terceira-classe, completava 14 anos, felizmente pode festejar o seu aniversário com vida em um bote em pleno Atlântico ao frio, sem dúvida terá sido como nascer de novo.
1914 - Sra. Elizabeth "Eliza" Hocking, passageira de segunda-classe, escapou ao Titanic mas morreu neste mesmo dia dois anos depois da tragédia num acidente de automóvel com 56 anos.
1961 - Menina Bertha Bridget Moran, passageira de terceira-classe faleceu de causas naturais com 77 anos de idade. Decorria o 49º aniversário do naufrágio.
1964 - Senhora Selma Augusta Emilia Asplund, passageira de terceira-classe, faleceu de uma obstrução intestinal com 90 anos de idade, 52 anos depois da tragédia.
1975 - Menino Meier Moor passageiro de terceira-classe, morreu de causas naturais com 70 anos de idade. Estavamos no 63º aniversário da tragédia.
A esta hora todos os sobreviventes oravam de acordo com a sua religião, de acordo com as suas línguas, por todos aqueles que tinham falecido e por todos aqueles que ainda gritavam por socorro em agonia e nada se podia fazer por eles...

terça-feira, abril 14, 2009

AS MINHAS MEMÓRIAS NO TITANIC
O esplendor dos salões, a comodidade das suites e a elegância da decoração constituíam um marco natural na qualidade do serviço prestado pelos empregados do navio. O espaço a bordo de um navio era sinal tangível da escala de poder: A classe social a que se pertencia definia-se em função do espaço atribuído. Na primeira-classe do Titanic a sala para refrescar-se depois do banho turco era duas vezes e meia maior que a sala de jantar de segunda-classe. No ponto culminante encontrava-se o comandante do navio, «único senhor depois de Deus». No fabuloso ginásio, lá encontravam-se alguns equipamentos fácilmente reconhecíveis e outros menos. Uma mulher pedala numa bicicleta fixa com um longo vestido, parecendo ridícula. Um homem usava os remos para se exercitar. O instrutor do ginásio o senhor McCauley, um homem pequeno e redondo vestido em flanelas brancas, muito alegre e profundo conhecedor dos seus equipamentos dava uma pequena aula aos passageiros que se atreviam a entrar. Na coberta A, a parte aberta junto do mastro de popa era um dos locais mais bonitos para se estar. Aqui os passageiros de primeira-classe podiam passear ao ar livre, com pouquíssimos obstáculos entre o seu olhar e o céu ou o horizonte marítimo. Foi a última vez que o Titanic viu a luz do dia. Não sei se, pelo facto de ser Domingo, foi um dia fabuloso, o melhor de toda a viagem. O tempo estava calmo sem nuvéns e o frio era intenso. Tudo parecia um sonho, era bom demais para ser verdade. Acho até que a melhor ementa foi a que foi servida naquele Domingo, filet mignone lili, pombo assado, pato assado com molho de maçã, enquanto que na terceira-classe serviram papas de aveia, carnes frias e pikles. A viagem estava quase a chegar ao fim e ninguém tinha dúvidas que tinha sido um êxito e tinha-se já a certeza de que se viajava no maior paquete do mundo e também no mais deslumbrante e requintado de sempre.

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segunda-feira, abril 13, 2009

AS MINHAS MEMÓRIAS NO TITANIC
O pequeno-almoço, servido no camarote, devia respeitar a privacidade dos passageiros, permitindo-lhes desfrutar de uma acolhedora intimidade, sem necessidade de se deslocarem à sala de jantar. Estas atenções eram motivo de fidelidade dos passageiros à companhia. Os que já tinham realizado uma travessia estabeleciam laços de amizade com o pessoal de bordo que a companhia costumava manter no mesmo navio para conseguir este objectivo. Assim, por exemplo, sucedia que um passageiro habitual não tinha necessidade de pedir nada quando se sentasse à mesa, porque lhe serviam logo a sua bebida preferida, com aquela atenção discreta e constante que o envolvia calorosamente.
Os meus pais passearam-se no convés, iria ser uma tarde histórica para o Titanic e para nós...
Harriett - Importa-se de me passar o chá?
Lady Gordon - E o que dizer de Matah Hari!?
Harriett - O mundo está perdido!
Lady Gordon - Este e o outro.
As senhoras davam risadas pequenas, a minha mãe estava sentada junto com elas quando chegámos. Ela estava atenta numa outra conversa que decorria mesmo ao seu lado.
Capt. Smith - Sr. Ismay, disseram-me que discutiu o comando do navio em Queenstown com a minha tripulação.
Ismay - Sim, no tocante à velocidade. É um direito meu como director. Ainda não acendeu as últimas quatro caldeiras.
Capt Smith - Não vejo necessidade. Vai tudo bem. As máquinas estão a aguentar-se e as caldeiras também. O navio mantem-se firme, e temos energia de sobra. Estamos a fazer um tempo excelente!
Ismay - A imprensa conhece o tamanho do Titanic. Quero que fiquem maravilhados com a sua velocidade. Temos de lhes dar algo novo para publicarem. A viagem inaugural do Titanic tem de vir nos cabeçalhos!
Capt Smith - Sr. Ismay, preferia não forçar os motores até estarem suficientemente rodados. Estava a pensar numa coisa diferente para o Titanic?
Ismay - Claro que não. A companhia tem a maior confiança no senhor. Sou apenas um passageiro. O senhor decide como quiser. Mas seria um final glorioso para si chegar a New York na terça à noite e surpreende-los. Sairia nos jornais da manhã. Era uma retirada em beleza, não acha? Muito bem.
Eu ouvi o senhor Ismay. Foi o senhor Ismay que falou. Ouvi-o falar da corrida. Ouvi:
Ismay - Hoje fizemos melhor que ontem, amanhã faremos uma corrida melhor.
E depois ouvi-o afirmar:
Ismay - Vamos bater o Olympic e chegaremos a New York na terça-feira à noite.
Capt Smith - Não vejo qual o interesse de chegarem um dia mais cedo.
Ismay - E eu não vejo qual o interesse de demorar o tempo dum navio inferior.
Capt Smith - Se houver discussões quanto ao comando do navio, consultem-me. Pode ser a minha última viagem, mas ainda sou o comandante.
Após o jantar, como era habitual, fomos para a Palm Court, para o café do costume onde ouvimos a maravilhosa música tocada pela banda do Titanic. Nesta ocasião o traje era a rigor, e o facto de haver tantas mulheres bonitas, especialmente nestas alturas, isso era evidente. Era objecto de observação e admiração. Da Palm Court, os homens do círculo do meu pai passavam sempre para a Sala de Fumo e quase todas as noites se punham à conversa com alguns dos homens famosos que lá conheciam, tais como o Major Archie Butt (o título militar do presidente Taft) a falar de política ou com o Frank Millet (o famoso artista) a planear uma viagem ao ocidente.
Acabado o concerto, muitos ficaram longo tempo nos salões e corredores. Ninguém tinha pressa para ir dormir.
Tudo tinha sido concebido até ao ínfimo pormenor para tornar mais cómoda e agradável a travessia. Para os fumadores tinham sido fabricadas caixas especiais de cigarrilhas «Titanic».
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domingo, abril 12, 2009

AS MINHAS MEMÓRIAS NO TITANIC
Os passageiros do Titanic dispunham de uma gama ampla de instalações de luxo. Não se tinham regateado esforços para oferecer aos passageiros uma viagem inolvidável. Os que queriam manter a forma física tinham à sua disposição um magnífico ginásio dirigido por T. W. MacCawley. O Titanic e o Olympic foram os primeiros navios a terem piscinas a bordo. A piscina coberta estava situada sobre uma das casas das caldeiras, um recurso que proporcionava uma temperatura agradável. Tinham uma divisão de banho turco fantástica, ao mais puro estilo oriental, com quarto de refrigeração e sauna, isto era único na época. Cada divisão do Titanic de uma ponta à outra, convés após convés, tinha um tema diferente, atmosfera própria, acabamento diferente, madeiras diferentes. Podia começar-se no convés A e nessa escadaria magnífica, vaguear pelo corredor até à sala de leitura e escrita de 1ª classe que era em branco com tons de cinzento chumbo e castanho. Caminhando em direcção à popa, chegava-se à sala de fumo da 1ª classe em mogno e com encrostações de mármore pérola e uma lareira. As duas escadarias principais destes dois navios são incomparáveis. Julgo que nada construído naquela época tivesse tanta elegância. Era uma época maravilhosa, as pessoas comiam muito bem e de manhã, depois de tomado o café da manhã, passeavam-se no convés. Às onze serviam um caldo quente e, claro, à tarde serviam chá. Havia uma orquestra a tocar e as pessoas divertiam-se, jogavam cartas, escreviam cartas e era muito agradável ouvir-se a orquestra emquanto se lanchava. Era luxuoso. Para os passageiros haviam prospectos onde se pormenorizavam as características do transatlântico, dos camarotes e seu mobiliário, e das plantas das diversas cobertas, até mesmo um cartaz que anunciava a orquestra do Titanic. A elegância pelo menos em primeira-classe, era acompanhada da opulência e tudo contribuía para fazer do barco um grande hotel flutuante.

A terceira classe, contudo, é muito diferente. O ambiente contrasta com a opulência da primeira-classe, mas é um sítio ruidoso e cheio de vida. Há só bancos, mesas de madeira, camas metálicas... muitas pessoas partilham o pouco espaço que têm. Partilham, sobretudo, a alegria e a vida. Este era o centro social dos passageiros de terceira-classe.
Há mães com bebés, crianças a correr e que falam línguas diferentes, mulheres idosas, homens a jogar xadrez, meninas a bordar e a ler romances.

Divertia-me como se estivesse num palácio de Verão na costa rodeado de todos os confortos. Acordava cedo, antes do pequeno-almoço ia ter com o profissional de raquetes para meia-hora de aquecimento antes de dar umas braçadas numa piscina de água salgada com cerca de 3 metros de profundidade e aquecida a uma temperatura refrescante.
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sábado, abril 11, 2009

AS MINHAS MEMÓRIAS NO TITANIC
Ao amanhecer de 11 de Abril, o navio avançava a toda a velocidade na direcção oposta ao sol. O comandante Smith ordenou que se fizessem várias provas de manobra sem que se observasse qualquer problema. O vento fresco e tonificante varreu do ar os últimos restos de névoa e abriu o largo horizonte em que começaram a perfilar-se as montanhas do sul da Irlanda.
Nesse dia, os promontórios que definem a baía tinham-se convertido em improvisadas escadarias apinhadas de público, pois milhares de pessoas acorreram de diferentes pontos da Irlanda para observar com os seus próprios olhos o gigante dos mares que avançava sobre a água azul com cintilamntes escamas de prata sobre o sol que já se fazia sentir. Saí do meu camarote cedo, tomei o pequeno-almoço no quarto e sai com a minha irmã para o convés, onde apanhei o elevador para o convés A. O navio ainda estava adormecido.
A minha irmã mais nova tinha um ano e para passar o tempo, eu empurrava-a no carrinho para a frente e para trás no convés A. Espreitava para a Sala da Palmeira e era a visão mais bela que já tinha tido. Era novo, totalmente novo. Eu ficava ali encantado com a beleza de tudo. O som das máquinas do navio não passava de um som abafado, mas perceptível devido ao silêncio que ainda permanecia no navio... estava sol, e uma leve brisa assobiou por todo o convés A fazendo cintilar os lustres de cristal da Sala da Palmeira.
Era uma grande novidade ir a bordo do maior navio de sempre. Não é exagero dizer que era fácil uma pessoa perder-se dentro do Titanic. Podiam andar-se quilómetros ao longo de cada convés e passagem, caminhando sempre por novos sítios. Era um navio magnífico e tinham a bordo a nata dos funcionários da White Star Line. O Bruce Ismay ia a bordo. Tinhamos a bordo o projectista bem como doze milionários e respectivas esposas. Toda a gente estava decidida a divertir-se. O meu pai surgiu mais o meu tio, os meus avós e juntamente com eles um passageiro convidado pela White Star Line a participar da viagem inaugural do Titanic até Queenstown, o Padre Francis Browne.
Às onze e trinta o transatlântico fundeou na baía de Queenstown, a cerca de duas milhas da costa.
Seguidamente aproximaram-se os dois barcos auxiliares, o America e o Ireland, pertencentes também à White Star Line. Uma vez mais as operações de embarque executaram-se com celeridade e eficácia. Entre os cerca de 123 passageiros, apenas três eram de primeira-classe, sete de segunda e 113 de terceira, na sua totalidade irlandeses emigrantes. 1385 sacos de correspondência embarcaram no Titanic com destino ao fundo do oceano. Os jornalistas locais foram convidados a visitar o navio, tal como tinham feito os seus colegas ingleses e franceses. Para se tornarem superiores à concorrência, a White Star Line confiava nas excelentes relações que conseguira estabelecer com os jornalistas dos diversos países onde operava, pois era sabido que a publicidade dos artigos na imprensa resultaria fundamentalmente para recuperar o enorme investimento aplicado na construção dos seus transatlânticos, o Olympic e o Titanic. Embora não estivesse previsto, durante a escala em Queenstown acercaram-se do navio várias embarcações carregadas de tecidos e caixotes irlandeses. Após solicitarem a devida autorização, apoveitando a escala na Irlanda, alguns comerciantes locais puderam subir a bordo para oferecer as suas mercadorias, e em pouco tempo transformaram a coberta do transatlântico em um animado mercado.
John Jacob Astor desembolsou 800 dólares por um laço de seda que um vendedor expôs no convés. Nem sequer o capitão Smith se furtou à tentação. Finalmente estava na altura de partir. Para sete passageiros a viagem terminava ali, os Odell e o padre Francis Browne. Entre os sete uma oitava pessoa desceu clandestinamente para fora do Titanic, um fogueiro de nome John Coffey. A minha mãe escreveu à minha tia Gladys de Queenstown dizendo que «Tudo está bem até agora.» Uma expressão um pouco agoirenta. Finalmente a potente sereia lançou o silvo de aviso da partida eminente. A lotação total final era de 2208 pessoas a bordo, 1317 passageiros e 891 tripulantes. Às treze e trinta o Titanic levantou a âncora de estibordo, que o mantinha fundeado na baía, e iniciou a travessia do Atlântico, seguindo a famosa North Atlantic Run, uma das principais rotas marítimas do mundo.
A vista da coberta superior do Titanic era maravilhosa. Este era o reino do comandante e dos oficiais de coberta.
Quando decidem aumentar a velocidade, já no alto-mar, e empurrar aquele colosso toda a força e centenas de fogueiros atiram carvão para as fornalhas e vemos subir e descer as enormes bielas daqueles motores gigantescos, então compreendemos. Vemos a força interior do navio, vemos o seu poder. Thomas Andrews observa atentamente os engenheiros e maquinistas que iam ajustando e rodando as válvulas, na sala das caldeiras os fogueiros cantam uma canção de incentivo ao trabalho quente e pesado.
Nós os miúdos passavamos muito tempo nas salas das caldeiras do navio a ver os alimentadores de fornalha a trabalhar. Eles cantavam canções. Muitas vezes quando olhavamos para eles, eles batiam com as pás nas grades dos contentores de carvão ao ritmo da cantoria.
É então que vemos a satisfação dos oficiais que comandam o navio e a sensação de domínio sobre os outros elementos.
A impressionante fila de caldeiras instaladas no Titanic eram alimentadas por enormes bocas abertas em cada caldeira onde se deitava o carvão que devia proporcionar ao Titanic a sua energia.
Na tarde de 11 de Abril, a minha mãe e eu ficamos no convés de primeira-classe mais à popa do navio a ver a Irlanda a desaparecer. Foi então que reparamos que no cimo da quarta chaminé que servia de ventilação inteiror encontrava-se um fogueiro de rosto enegrecido pela fuligem, provocando sonoras gargalhadas nos passageiros.
Outros acreditaram ver a materialização de um ser infernal surgido das entranhas do navio e empenhado em recordar que por detrás de todo aquele luxo e aquela segurança se escondiam forças obscuras e ameaçadoras. Qualquer que tenha sido o motivo dessa curiosa escalada até à boca da chaminé, o incidente alimentou os rumores sobre a singularidade do Titanic. Com o coração aos saltos gritei:
Richard - Mãe! Estamos finalmente no Atlântico!
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sexta-feira, abril 10, 2009

AS MINHAS MEMÓRIAS NO TITANIC
O dia tão esperado tinha chegado, os primeiros raios de sol deixavam mostrar o dia magnifico que se iria tornar, digno de tão grandioso evento. A partida para a viagem inaugural do Titanic, o maior navio que o Homem já alguma vez tinha conhecido. (...) Muitos passageiros viajaram por caminho-de-ferro desde a estação de Waterloo em Londres, pelas 9h30 chegaram os passageiros de terceira-classe. O porto de Southampton começava a ganhar vida. (...) Chegamos ao porto de Southampton pelas onze horas, ao mesmo tempo que a carruagem dos passageiros de primeira classe, logo dezenas de jornalistas e curiosos se aproximaram deles. (...)
O enorme navio erguia-se sobre o cais de embarque como um prédio enorme.
Lembro-me de ter olhado para o enorme casco de aço, e do meu pai me ter chamado «Richie» e de perguntar o que eu achava de o Titanic ser um navio tão grande.

E lembro-me de ter dito:
Richard - Mas pai, como é que este navio enorme pode flutuar na água?
George - Oh.
Disse ele:
George - Este navio flutuará sempre na água. Flutuará sempre. (...)
As plataformas de embarque foram retiradas, o silvo da sereia do Titanic fez vibrar as entranhas dos presentes. Uma multidão vibrante invadira os cais vizinhos e as cobertas dos barcos ancorados nas proximidades. Os observadores mais audaciosos tinham trepado para improvisados miradouros para melhor desfrutarem o espectáculo. Na coberta do transatlântico, os passageiros contemplaram do alto a multidão que acorrera ao cais em despedida. O comandante transmitiu ao piloto a ordem de dirigir as manobras dos rebocadores. (...)
Em terra a multidão explodiu num aplauso festivo. Foi de facto maravilhoso, milhares de pessoas a acenar, a dizer adeus ao navio. Foi emocionante. Muitos lançaram ao ar os seus chapéus e um mar de lenços ondeava na multidão em sinal de júbilo. (...)
Era impossível permanecer indiferente à euforia colectiva que contagiava todos os presentes. Quando partimos espreitei por uma enorme janela da belíssima sala de jantar. E as pratas e a toalhas... tudo era bonito e novo. A multidão que enchia o cais estremeceu e muita gente começou a andar ou a correr junto ao mar como que resistindo a deixar partir o enorme transatlântico. Pouco a pouco os rebocadores foram tirando o gigante do porto. O Titanic estava já em condições de começar a navegar com os seus próprios motores e foi ganhando velocidade sob o impulso das hélices. Deixou para trás o cais 38 e quando acabava de passar o 39 sobreveio o primeiro mau presságio! Na parte exterior do cais estava fundeado o paquete New York e o Oceanic, navios de longo curso. A enorme sucção das hélices do Titanic e o vento que soprava fizeram com que os cabos que mantinham o New York amarrado esticassem ao máximo e cedessem com um rangido estrondoso. No meio de tiros de pistola e disparos de canhão, de repente o New York estava à deriva. Ao ver os seis pesados cabos saltarem pelo ar, a multidão que se tinha aglomerado no cais retrocedeu em pânico. A passagem do Titanic pelo pequeno canal fez com que o New York se soltasse das amarras e começasse agora a aproximar-se do Titanic em rota de colisão. Só a presença de espírito do comandante de um dos rebocadores impediu que a tragédia se consumasse. O rebocador Vulcão lançou um cabo à popa do New York de forma a que esse não chocasse com o Titanic. A popa do New York passou a pouco mais de 30 centímetros da amurada de bombordo do Titanic, enquanto a sua proa raspava pelo flanco do Oceanic, abrindo-lhe uma racha de dezoito metros. Precisamente na altura em que a colisão parecia inevitável, o comandante Smith avançou com o motor de bombordo do Titanic que fez o New York afastar-se e manter o navio afastado até uma série de rebocadores, para nosso alívio, o rebocarem pelo cais. (...)
Ao fim da tarde chegámos a Cherbourg... (...)
Para muitos milionários e aristocratas, a viagem inaugural do Titanic foi um encontro obrigatório, uma oportunidade que não podiam deixar escapar. Entre eles estavam Edgar e Leila Mayer, os Strauss, Sir Cosmo e Lady Lucille Duff-Gordon, Guggenheim... Sir John Jacob Astor IV também embarcou acompanhado da sua segunda mulher e jovem esposa, Madeleine, com quem tinha casado à pressa por se encontrar grávida, o seu batalhão de empregados e com o seu fiel airedale Kitty. Era o homem mais rico a bordo. A sua fortuna estimava-se em 87 milhões de dólares. Este iria ser o principal tema de conversa ao jantar. Também subiram a bordo vários jornalistas franceses, desejosos de comprovar se tudo quanto se dizia da última jóia da White Star era verdade. (...)
Os passageiros de primeira classe que tinham realizado a travessia transoceanica a bordo do Olympic comprovaram com assombro que a companhia de navegação, pensando nos mais ínfimos pormenores havia-lhes destinado os mesmos camarotes que no navio gémeo, a cuidada apresentação da cama com dossel, a casa de banho privativa com duche e banheira, encontraram o mesmo pessoal de serviço que na travessia anterior e os mesmos companheiros de viagem.
Às oito da noite, as embarcações auxiliares Nomadic e Traffic regressaram ao porto. Com uma hora de atraso, por causa do incidente à saída de Southampton, o Titanic pôs em marcha as suas máquinas e ao fim de dez minutos levantou âncora. Queenstown era o próximo destino e última escala de embarque, prevista ser avistada em quinze horas de navegação.
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quinta-feira, abril 09, 2009

AS MINHAS MEMÓRIAS NO TITANIC
Richard - A família da minha mãe vivia em Londres. O meu pai tinha muitos hotéis, lojas e casas. Houve uma descida de valores e decidiram expandir o negócio para Seatle na América onde tinhamos um tio da minha mãe a viver. Viajavam sempre todos juntos em primeira classe para onde quer que fossem. O meu pai, a minha mãe, a minha irmã, iamos todos para Seatle. Não era suposto embarcarmos no Titanic. Tinhamos reserva noutro navio. Mas devido à greve dos mineiros do carvão a nossa passagem foi cancelada. Telefonaram ao meu pai e disseram que havia uma vaga ou uma cabina em primeira classe no Titanic...
As lembranças de Richard retornaram a 1912, estava agora com apenas 12 anos, era loiro, olhos azuis, típico menino nórdico de boas famílias inglesas... estava em casa com os pais a avó e a irmã ainda bebé... O telefone tocava...
Camille - ... está a sorrir para o Richard...
James - Senhor Barks, telefone para o senhor.
George - Disse quem era?
James - De uma companhia de navios, disse ser muito importante.
George - Sim?
- Estou sim, muito boa tarde. Fala da White Star Line, estamos a falar para casa do senhor George Barks?
George - Sim, fala o próprio.
- Sr. Barks, temos uma vaga no Titanic, querem ocupá-la?
E ele, claro, ficou agarrado ao telefone, atirou-se ao ar e disse que sim. Veio e disse à minha mãe:
George - Vamos na primeira viagem do Titanic!
Ele estava encantado, que sorte, não era?

No dia 9 de Abril de 1912, terça-feira, véspera da partida do Titanic, faziam-se as últimas visitas ao maior navio de sempre. Repórteres, curiosos, todos queriam visitar o navio. Passamos o dia anterior à viagem no hotel South Western House de onde se podia contemplar da janela as quatro chaminés do Titanic. Lá pudemos encontrar outros passageiros ilustres como o Sr. Ismay... Eu estava na suite com os meus pais e o meu tio John, irmão do meu pai e mais novo do que ele.
George - E então?
Camille - Parece-me bastante luxuoso...
Richard - Pai, mãe! Olhem ali!
George - Vejam só! É mesmo. O nosso navio.
John - Amanhã vamos passear dentro dele.
Harriet - Minha filha, esta é a Dorothy...
Todos olharam para a minha avó...
Harriet - O que há? Ter uma empregada que fale gaelico está na moda e além disso precisas de alguém que te ajude com o bebé, Camille.
Richard - Olá, Dorothy... estás nervosa?
Dorothy - Não, menino.
Camille - Não precisa de se sentir nervosa.
A minha mãe sorriu e aproximou-se da minha avó e disse-lhe baixinho...
Camille - Mãe... a mãe sabe que eu não queria mais ninguém, já bastou a situção que a outra empregada nos deixou. Eu podia suportar bem os meus filhos...
Richard - Vamos amanhã no Titanic!
Camille - É verdade. Embarcamos amanhã para Nova Iorque e depois para Seatle.
Harriet - A nossa empregada deixou-nos numa situação difícil, temos o bilhete dela disponível. Dorothy, gostaria de vir connosco no Titanic?
A jovem sorriu e disse
Dorothy - Sim, minha senhora, este emprego é tudo o que eu mais anseio.
Camille - Então, está cheia de sorte. Tem referências?
Dorothy - Tenho sim, minha senhora.
Harriet - Ela trabalhou para os Iversons. Não poderia ser melhor.
Camille - Então está admitida. Esta noite vamos assistir ao espectáculo de Adeline Gené. Vamos ter que sair, mas vou deixar-lhe as indicações da hora que as crianças devem comer as refeições... Vai ver que vai gostar de ficar connosco...
Eu estava com o meu tio John na varanda da suite e não tirava os olhos do Titanic que agora estava todo iluminado à medida que o Sol se punha. A partida era já no dia seguinte.

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domingo, abril 05, 2009

SOBREVIVENTES DO TITANIC: O QUE ELES VIRAM PARTE II

Este fim-de-semana continuamos com o especial raro sobre o Titanic no TITANICFANS! Alguns destes sobreviventes são bem nossos conhecidos como Ruth Becker, Eva Hart e Edith Brown. Mas este é também um relato raro de Frank Prentice que fazia parte da tripulação do Titanic. Prentice nasceu em Norfolk em 12 Fevereiro 1890, tinha 22 anos quando o navio afundou. Veio a falecer em 19 de Maio de 1982 pouco depois de ter prestado este raro depoimento. Entre as recordações de Prentice a mais arrepiante é quando ele e seus companheiros Cyril Ricks e M. Kieran resolvem no meio do pânico saltar para a água gelada. Ao se aperceber que seu companheiro Cyril Ricks se feriu, Prentice ficou na água gelada do lado dele até este falecer. Depois deixou o corpo do seu amigo já sem vida e nadou até ao bote salva-vidas número 4 onde as mulheres o puxaram para dentro. Sem dúvida mais uma história heróica naquela noite fria de 14 para 15 de Abril de 1912.