No céu, à mão esquerda da alvorada; eu sonho.
Na taberna, uma voz escuto na algazarra:
“Despertai, meus pequenos, e enchei bem o copo
antes que seque o vinho da vida em sua jarra”.
Ah! Enche o copo! De que serve repetir
que o tempo sob os nossos pés já vai fugindo?
O amanhã não nasceu e o ontem já morreu,
por que me hei-de importar, se o dia de hoje é lindo?
E ao côncavo invertido que se chama céu,
sob o qual rastejaram o vivo e o que morreu,
não ergas tuas mãos, pedinte. Ele é impotente
no seu girar, tal qual o somos tu ou eu.
O dedo que se move escreve, e, tendo escrito,
se vai. E toda a argúcia e piedade, entretanto,
não o trarão de volta a mudar meia linha,
nem as palavras podes apagar com o pranto.
E se o vinho que bebes, o lábio que oprimes
findam nesse nada que a tudo dá sumiço,
imagina, então, que és; não podes ser senão
o que hás-de ser: nada. Não serás menos que isso.
Façamos o que é mais do que ainda há por fazer
antes que também nós ao pó vamos enfim.
O pó vai para o pó, sob o pó vai jazer
sem vinho, sem canções e sem cantor... sem fim.
É tudo um tabuleiro de noites e dias;
os homens são peças, e o fado temerário
com elas joga, e move, e toma, e dá o mate,
e uma a uma as recolhe, e vai guardar no armário.
Na taberna, uma voz escuto na algazarra:
“Despertai, meus pequenos, e enchei bem o copo
antes que seque o vinho da vida em sua jarra”.
Ah! Enche o copo! De que serve repetir
que o tempo sob os nossos pés já vai fugindo?
O amanhã não nasceu e o ontem já morreu,
por que me hei-de importar, se o dia de hoje é lindo?
E ao côncavo invertido que se chama céu,
sob o qual rastejaram o vivo e o que morreu,
não ergas tuas mãos, pedinte. Ele é impotente
no seu girar, tal qual o somos tu ou eu.
O dedo que se move escreve, e, tendo escrito,
se vai. E toda a argúcia e piedade, entretanto,
não o trarão de volta a mudar meia linha,
nem as palavras podes apagar com o pranto.
E se o vinho que bebes, o lábio que oprimes
findam nesse nada que a tudo dá sumiço,
imagina, então, que és; não podes ser senão
o que hás-de ser: nada. Não serás menos que isso.
Façamos o que é mais do que ainda há por fazer
antes que também nós ao pó vamos enfim.
O pó vai para o pó, sob o pó vai jazer
sem vinho, sem canções e sem cantor... sem fim.
É tudo um tabuleiro de noites e dias;
os homens são peças, e o fado temerário
com elas joga, e move, e toma, e dá o mate,
e uma a uma as recolhe, e vai guardar no armário.
Façamos o que é mais do que ainda há por fazer
antes que também nós ao pó vamos enfim.
O pó vai para o pó, sob o pó vai jazer sem vinho,
sem canções e sem cantor... sem fim.
4 comentários:
Nossa adorei esse poema de hoje, muito legal, foi uns dos que mais gostei até o momento. abraços
Belo poema. Todos são ótimos.
Abraços do Capitão...
Estou contente por ter encontrado este lugar.
O conteúdo de muito valor.
Posso link no meu blog?
Abraços,
Obrigada, Mário.
Boa noite para ti.
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