TITANIC
O navio começou a afundar-se muito rápidamente. Ao verem que não havia salvação possível, gerou-se o pânico, sobretudo as mulheres e crianças devem ter sofrido imenso. Era de se ficar desesperado. Para mim, isto tudo é uma imagem terrível, estes últimos minutos, sobretudo, porque me faz recordar o meu pai. Vimos aquelas pessoas. Aquelas 1500 pessoas a saltar dos tombadilhos e a gritar por socorro. E não podiam ajudar-nos.
John - Depressa, vamo-nos raspar daqui!
George - Temos de ficar no navio o mais tempo possível.
Arthur - Vamos.
George - Por aqui. Vamos, Richard.
- Salve-me! Salve-me!
- Minha senhora, salve-se a si própria. Agora só Deus a pode salvar.
George - Salta. As diferenças de pressão aumentaram muito rapidamente. A água partiu as janelas levando consigo para dentro das salas alguns passageiros.
John - Vem, Arthur?
George - Não percas tempo, vou já atrás de ti.
Edward - Vamos. Eu apanho-te. Salta.
Joughim - Já a segurei, menina.
Edward - Edward! A chaminé dianteira soltou-se e caiu na água, provocando uma chuva de faíscas que matou uma série de passageiros que se debatiam para não se afogarem. Houve como que uma onda de espuma que entrou pelo convés e o varreu. Esta onda apanhou sobreviventes e passageiros que se debatiam nos salva-vidas para conseguirem escapar. Levou os barcos de arrastão para longe do Titanic. Lightoller e os outros que estavam agarrados ao bote B não bateram no icebergue por centímetros. Mas houve muitos que não tiveram essa sorte. O buraco feito pela chaminé e o próprio cilindro aberto, provocaram um vórtice que arrastou os passageiros menos agéis para as entranhas do navio sugando-os rápidamente. - Para trás! Não! Vai afundar-nos!
As luzes apagaram-se, voltaram a acender-se. O meu pai propôs que fossemos para a popa. Mas à nossa frente estava uma massa de pessoas que formava várias filas e cobria totalmente o convés de frente para nós e bloqueando a nossa passagem para a popa. Havia mulheres na multidão e também homens. E pareciam ser passageiros que estavam na proa que também tinham vindo da parte de baixo. Mesmo entre essas pessoas não havia gritos histéricos nem sinal de pânico. - Não entrem em pânico!
Dorothy - Edward. Não podemos passar mais.
Edward - Meu amor... Os dois abraçaram-se e ficaram à espera do fim encostados na parede que dava para a entrada da Sala da Palmeira do convés A.
Uma outra enorme onda embateu em direcção à popa na cúpula sobre a escadaria da primeira-classe, destruíndo a própria cúpula e deixando escorrer toda aquela água por ali abaixo.
John - Depressa, vamo-nos raspar daqui!
George - Temos de ficar no navio o mais tempo possível.
Arthur - Vamos.
George - Por aqui. Vamos, Richard.
- Salve-me! Salve-me!
- Minha senhora, salve-se a si própria. Agora só Deus a pode salvar.
George - Salta. As diferenças de pressão aumentaram muito rapidamente. A água partiu as janelas levando consigo para dentro das salas alguns passageiros.
John - Vem, Arthur?
George - Não percas tempo, vou já atrás de ti.
Edward - Vamos. Eu apanho-te. Salta.
Joughim - Já a segurei, menina.
Edward - Edward! A chaminé dianteira soltou-se e caiu na água, provocando uma chuva de faíscas que matou uma série de passageiros que se debatiam para não se afogarem. Houve como que uma onda de espuma que entrou pelo convés e o varreu. Esta onda apanhou sobreviventes e passageiros que se debatiam nos salva-vidas para conseguirem escapar. Levou os barcos de arrastão para longe do Titanic. Lightoller e os outros que estavam agarrados ao bote B não bateram no icebergue por centímetros. Mas houve muitos que não tiveram essa sorte. O buraco feito pela chaminé e o próprio cilindro aberto, provocaram um vórtice que arrastou os passageiros menos agéis para as entranhas do navio sugando-os rápidamente. - Para trás! Não! Vai afundar-nos!
As luzes apagaram-se, voltaram a acender-se. O meu pai propôs que fossemos para a popa. Mas à nossa frente estava uma massa de pessoas que formava várias filas e cobria totalmente o convés de frente para nós e bloqueando a nossa passagem para a popa. Havia mulheres na multidão e também homens. E pareciam ser passageiros que estavam na proa que também tinham vindo da parte de baixo. Mesmo entre essas pessoas não havia gritos histéricos nem sinal de pânico. - Não entrem em pânico!
Dorothy - Edward. Não podemos passar mais.
Edward - Meu amor... Os dois abraçaram-se e ficaram à espera do fim encostados na parede que dava para a entrada da Sala da Palmeira do convés A.
Uma outra enorme onda embateu em direcção à popa na cúpula sobre a escadaria da primeira-classe, destruíndo a própria cúpula e deixando escorrer toda aquela água por ali abaixo.
A água bateu de forma violenta destruíndo tudo à sua passagem. Toda a elegância e o requinte reduzidos a escombros.
Carl permanecia nos corredores de terceira-classe com outro grupo de passageiros a tentar arrombar um portão quando a água os levou a todos engolindo-os rápidamente.
Carl - Subam. Abram o portão! Abram o portão! A popa em vez de mergulhar estava agora cada vez mais alta. A esta altura as pessoas começavam a saltar da popa. Rev. Byles - "Santa Maria, Mãe de Deus, velai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amén. Avé Maria, Cheia de Graça..."
George - Por aqui vamos.
Eu ainda estava a bordo, mas pouco podia fazer. E então comecei a pensar. Toda a gente andava de um lado para o outro no convés, alguns a chorar, outros a rezar. Eu próprio sentia-me muito triste, e dirigi-me para a popa onde havia pessoas a debaterm-se e outros a saltarem para a água. Eu estava agarrado à amurada e algumas pessoas que estavam comigo já tinham caído à água. Foi uma imagem terrível.
Rev. Byles - "... e vi um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham perecido e não havia mais mar."
- Em breve estará tudo acabado. Já vai acabar! Era impossível uma criança de doze anos ser capaz de dizer... de sentir outra coisa que não fosse medo. Eu estava apavorado. Não me senti assustado só aos doze anos, mas durante muitos anos depois disso.
Rev. Byles - "... e Ele morará com eles. E eles serão o seu povo e Deus estará com eles e será o seu Deus."
Richard - Pai, ainda hoje estivemos aqui...
Eu vi lágrimas nos olhos do meu pai, ela também estava muito assustado.
Rev. Byles - "E Deus limpará todas as lágrimas dos seus olhos e não haverá mais morte. Nem haverá mais sofrimento, nem angustia, nem haverá mais dor, pois o mundo anterior feneceu." O corpo de Hellen Fraser flutuava agora já sem vida no interior do salão. O que se via e o que estava oculto, o importante e o acessório confundiram-se num estremecimento desordenado quando a proa mergulhou e a popa subiu mais alto. Os sons abafados e o tenir do vidro a quebrar-se tornaram-se mais fortes. Tudo se fundiu num único ronco que ecoou pela água, tudo o que estava solto ficou à deriva.
Lowe - Mais depressa! Remem! Enquanto subia, o desnível do convés tornou-se tão acentuado que as pessoas já não conseguiam manter-se de pé. E eu vi-as cair e deslizar para a água. Ouvi estalos e o barulho de coisas que se partiam, uma série de pancadas surdas, a queda de vidros, o estrépito das cadeiras do convés a deslizar para a água. À medida que a popa se erguia, vinham do navio uma diversidade de sons cada vez maior. Tudo aquilo que ainda não estava destruído, pianos enormes, porcelanas, carga e tudo o mais, incluindo pessoas, corpos que caíam ou se desequilibravam.
- Segure-se menina!
O navio estava completamente inclinado. Aquilo começou a estremecer e só víamos pessoas a tentarem salvar-se e pessoas a voar à nossa volta.
- Oh Meu Deus! Viamos as pessoas a cair do navio como se fossem formigas. Fiquei chocado. Eu e o meu pai, o meu tio e o meu avô ficamos uns juntos aos outros e saltamos para a amurada. Não trocamos mensagens que um ou outro pudesse dar quando chegasse a casa, simplesmente, porque nunca pensámos que regressaríamos. Joughim passou por cima do corrimão da amurada, ficou do lado de fora e tomou um gole de uísque.
- Por favor, alguém me ajude, por favor!
John - É melhor saltarmos antes de sermos engolidos pela sucção.
George - Não, não vamos saltar já. Até agora não nos demos mal, devemos aguentar até onde pudermos.
Arthur - Temos de saltar já!
George - Não, ainda não. Segura-te bem! Eles saltavam e gritavam e pediam ajuda e é claro que ninguém apareceu para nos ajudar. Esse foi um momento terrível e ainda parece que os consigo ouvir. Afundou-se um pouco lentamente. E a noite estava escura, sem luar. Era uma noite muito escura. E o navio era lindíssimo. Todas as luzes continuaram acesas. Era uma visão maravilhosa. Mas afundava-se lentamente e as luzes viam-se debaixo de água conforme ele descia. E recordo-me nitidamente que era uma visão maravilhosa. E uma visão medonha, porque víamos que o barco se ia afundar.
George - Por aqui vamos.
Eu ainda estava a bordo, mas pouco podia fazer. E então comecei a pensar. Toda a gente andava de um lado para o outro no convés, alguns a chorar, outros a rezar. Eu próprio sentia-me muito triste, e dirigi-me para a popa onde havia pessoas a debaterm-se e outros a saltarem para a água. Eu estava agarrado à amurada e algumas pessoas que estavam comigo já tinham caído à água. Foi uma imagem terrível.
Rev. Byles - "... e vi um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham perecido e não havia mais mar."
- Em breve estará tudo acabado. Já vai acabar! Era impossível uma criança de doze anos ser capaz de dizer... de sentir outra coisa que não fosse medo. Eu estava apavorado. Não me senti assustado só aos doze anos, mas durante muitos anos depois disso.
Rev. Byles - "... e Ele morará com eles. E eles serão o seu povo e Deus estará com eles e será o seu Deus."
Richard - Pai, ainda hoje estivemos aqui...
Eu vi lágrimas nos olhos do meu pai, ela também estava muito assustado.
Rev. Byles - "E Deus limpará todas as lágrimas dos seus olhos e não haverá mais morte. Nem haverá mais sofrimento, nem angustia, nem haverá mais dor, pois o mundo anterior feneceu." O corpo de Hellen Fraser flutuava agora já sem vida no interior do salão. O que se via e o que estava oculto, o importante e o acessório confundiram-se num estremecimento desordenado quando a proa mergulhou e a popa subiu mais alto. Os sons abafados e o tenir do vidro a quebrar-se tornaram-se mais fortes. Tudo se fundiu num único ronco que ecoou pela água, tudo o que estava solto ficou à deriva.
Lowe - Mais depressa! Remem! Enquanto subia, o desnível do convés tornou-se tão acentuado que as pessoas já não conseguiam manter-se de pé. E eu vi-as cair e deslizar para a água. Ouvi estalos e o barulho de coisas que se partiam, uma série de pancadas surdas, a queda de vidros, o estrépito das cadeiras do convés a deslizar para a água. À medida que a popa se erguia, vinham do navio uma diversidade de sons cada vez maior. Tudo aquilo que ainda não estava destruído, pianos enormes, porcelanas, carga e tudo o mais, incluindo pessoas, corpos que caíam ou se desequilibravam.
- Segure-se menina!
O navio estava completamente inclinado. Aquilo começou a estremecer e só víamos pessoas a tentarem salvar-se e pessoas a voar à nossa volta.
- Oh Meu Deus! Viamos as pessoas a cair do navio como se fossem formigas. Fiquei chocado. Eu e o meu pai, o meu tio e o meu avô ficamos uns juntos aos outros e saltamos para a amurada. Não trocamos mensagens que um ou outro pudesse dar quando chegasse a casa, simplesmente, porque nunca pensámos que regressaríamos. Joughim passou por cima do corrimão da amurada, ficou do lado de fora e tomou um gole de uísque.
- Por favor, alguém me ajude, por favor!
John - É melhor saltarmos antes de sermos engolidos pela sucção.
George - Não, não vamos saltar já. Até agora não nos demos mal, devemos aguentar até onde pudermos.
Arthur - Temos de saltar já!
George - Não, ainda não. Segura-te bem! Eles saltavam e gritavam e pediam ajuda e é claro que ninguém apareceu para nos ajudar. Esse foi um momento terrível e ainda parece que os consigo ouvir. Afundou-se um pouco lentamente. E a noite estava escura, sem luar. Era uma noite muito escura. E o navio era lindíssimo. Todas as luzes continuaram acesas. Era uma visão maravilhosa. Mas afundava-se lentamente e as luzes viam-se debaixo de água conforme ele descia. E recordo-me nitidamente que era uma visão maravilhosa. E uma visão medonha, porque víamos que o barco se ia afundar.
Margaret - Deus Todo Poderoso!
A minha mãe disse-me que quando o navio foi ao fundo, fê-lo assim: mergulhou de proa. Ela dizia que os gritos eram horríveis, horríveis. A bordo do salva-vidas C, o presidente da White Star Line, J. Bruce Ismay, vira-se de costas enquanto o Titanic se afunda completamente.
1 comentário:
Coitado do pequeno Richard e de seu pai.
O canalha do David conseguiu sair do navio, mas os dois inocentes não.
Torço por eles....
Parabéns pequeno e jovem escritor.
É linda a sua história.
Abraços....
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