quarta-feira, novembro 16, 2005

NARRAÇÃO DO DOCUMENTÁRIO - PARTE I

OS SEGREDOS DO TITANIC
- 1996 National Geographic -

NARRADOR: Tudo começou aqui, na Irlanda, no estaleiro Harland & Wolff de Belfast. Três mil homens iriam trabalhar aqui por mais de dois anos. Estavam construindo um monstro. O maior navio que o mundo já tinha visto.
Na primavera de 1909, uma montanha de aço começou a se erguer contra o céu. O navio iria pesar 66 mil toneladas, seu casco poderia conter quatro quarteirões, cada uma de suas colossais maquinas a vapor, era do tamanho de uma casa de três andares.
As imensas dimensões destes objetos eram uma fonte de atração. Foi uma cena digna das viagens de Gulliver, quando vinte cavalos de tração foram necessários para puxar a ancora do navio pelas ruas de Belfast. Alguns observadores acharam este gigante ameaçador e escreveram sobre suas dimensões aterrorizantes. Mas seus pressentimentos ficaram aquém do resultado, pois o destino deste navio ainda fascina o mundo e seu nome é sinônimo de tragédia.
Em 1910 o gigantesco navio sendo construído em Belfast, era a suprema maravilha num mundo acostumado a milagres. A cada dia parecia que alguma coisa maior e melhor era inventada.
Nunca tanta gente havia sido tão próspera, nunca se deliciaram tanto em se exibir, por isto foi chamada de “Era Dourada”.
Por esta época, os cavalos ainda eram usados como meio de transporte, mas as coisas estavam mudando rapidamente, graças a maquinas da nova era, tudo dos elásticos aos rádios, da lâmpada elétrica aos automóveis. Progresso e prosperidade, dinheiro e máquinas, quase tudo parecia possível, e muitas vezes era.
31 de maio de 1911, o Royal Mail Ship Titanic, deslizava graciosamente para o porto de Belfast. Era o maior objeto móvel feito pelo homem.
O Titanic foi projetado para o transporte dos passageiros ricos do Atlântico Norte, não era apenas o maior transatlântico, mais sem duvida o mais luxuoso. A bordo do Titanic era difícil lembrar-se que se estava em um navio. Anunciando as delicias que ele oferecia a White Star Line, chamava o Titanic de Palácio Flutuante. Seus construtores estavam tão confiantes que a viagem de teste durou apenas oito horas. Quase como uma reflexão posterior, dizia-se que ele era inafundavel.
Em 10 de abril de 1912, a viagem inaugural do Titanic começou. Com suas criadas, seus criados, seus motoristas, e montanha de bagagem, os ricos viajavam num estilo quase desconhecido, hoje em dia. Numa época em que se idolatrada a riqueza. Os 325 passageiros da primeira classe formavam um grupo impressionante. O Titanic era como uma cápsula do tempo, carregada com os esplendores da “Era Dourada”.
O Titanic partiu de Southampton ao meio-dia, esperava chegar a Nova Iorque em apenas sete dias, com 2.228 pessoas a bordo. A poucas fotos autenticas tiradas a bordo de sua Primeira e ultima viagem. Um sacerdote em férias o Padre Francis Browne, tirou estas comoventes fotos de seus companheiros de viagem, a maior parte deles em uma viagem para a eternidade.
No dia seguinte o Titanic fez sua ultima parada, ancorando ao largo da Costa da Irlanda, em Queenstown. Aqui lanchas trouxeram para a bordo os últimos passageiros, em sua maioria imigrantes irlandeses em busca de novos lares na América. E ai, o afortunado Padre Browne desembarcou, tirando estas fotos na saída. O Padre Browne fotografou o Capitão Smith observando do alto da ponte do Titanic, equilibrando-se no linear do destino. Em seguida o Titanic navegou para a zona crepuscular da lenda, ele não pode mais ser fotografado outra vez por setenta e três anos, desaparecendo para sempre, ficando apenas na lembrança dos homens.
Os acontecimentos das ultimas horas do Titanic, não se dissiparam com a passagem do tempo. A tragédia, a ironia e o puro terror ainda excitam a imaginação. Um filme inglês feito em 1929, foi um dos primeiros dos muitos sobre o Titanic. Apesar dos avisos transmitidos pelo rádio, o Titanic bateu contra um iceberg, seus botes salva-vidas era suficientes apenas para cerca de mil e duzentas pessoas, e nem mesmo este numero foi salvo.
Em 1986, um novo capitulo da historia do Titanic começou. Os homens e as maquinas nele envolvidos nem mesmo existiam, quando o Titanic afundou. Do Instituto Oceanográfico Woods Hole, veio o Submarino de pesquisa Alvin, e o Df. Robert Ballard, um geólogo e explorador submarino. Por décadas Ballard havia sonhado em ser o homem que iria explorar os destroços do Titanic. Agora se tudo correr bem ele pode consegui-lo dentro de poucos dias.
Em 9 de julho, a expedição de Ballard apoiada pela Marinha dos Estados Unidos e levando uma tecnologia subaquática comprovada, lança-se ao mar partindo de Woods Hole. O barco de pesquisa Atlantis II, tem como objetivo o lugar onde o Titanic repousa a cerca de 1.852 quilometro sem direção a leste, uma rara combinação de talento, vontade e circunstancias conduziu Ballard a esta aventura. Muitos classificaram na de insensata, e sobe todos os aspectos de impossível. Foi uma tarefa extremamente difícil.

BALLARD: Nenhuma organização, ninguém participou do meu sonho. Havia peças: a parte tecnológica do navio, do submarino. Era muito parecido com a cinderela indo ao baile. Procurei por toda parte, peguei os sapatos de um, vestido de outro, a carruagem, o cocheiro e à meia-noite saiba tudo; eu ia virar uma grande abóbora. Dai a minha pressa em terminar antes que o tempo se esgotasse.

NARRADOR: No ano anterior uma expedição franco-americana, levando Ballard como sócio, procurou localizar o Titanic. Uma área de cerca de 388 km2, foi vasculhada por instrumento de sonar e câmeras de TV de longo alcance rebocados ao longo do fundo do mar, numa profundidade de mais de 4.000 metros, mas o Titanic não estava onde se pensava que estivesse. As imagens televisivas revelavam apenas uma monótona planície de sedimentos animadas as vezes por um peixe preguiçoso ou uma garrafa vazia de cerveja. Dias de pesquisa inútil arrastavam-se. É uma hora da manha do dia primeiro de setembro de 1985 a pesquisa já dura cinqüenta e seis dias.

PESQUISADORES: Os restos. - Acertamos! - Sim! - Chegamos lá? - Alguém precisa ir buscar o Bob. Bob vai "amar" isso! - É mesmo. Olhe aquilo lá! - O que é? - Não sei! - É feita pelo homem. Há mais coisa vindo. - E é grande. - É a caldeira. - Quem diria. - Olhe só - É a caldeira! Sim é fantástico! - Peguei isso!

BALLARD: Obrigado. Não posso acreditar - Imagine só! - Quem diria - Ele existe. Cathy pegou o champanhe?
Houve uma explosão de alegria como criança gritando, pulando, muito pouco profissional. Era a emoção de estar no local onde aquela tragédia havia acontecido e ver o navio. Era muito todos perderam o controle. Emocionalmente todo mundo caiu numa grande depressão. Fizemos então um pequeno culto. Ficamos emocionados. Sentimo-nos melhor e ai notei o quanto o caso havia me afetado. Quando voltamos, por quatro meses não consegui falar no Titanic. Realmente não falaria dele com ninguém só queria me esconder.

NARRADOR: Mas no laboratório Woods Hole, Ballard logo reviveu a emoção da descoberta. Revendo imagens tomadas por câmeras de longo alcance, Ballard ficou impaciente para dar uma olhada mais de perto, ele estava confiante de que o submarino Alvin poderia alcançar o navio naufragado, e a marinha dos Estados Unidos concordou em patrocinar uma expedição.
Uma minuciosa câmera de TV serve como olho único de Jason Jr., um robô submarino desenvolvido para a marinha no laboratório de Ballard. Jason é ideal para explorar destroços submarino tomando imagem televisiva em lugares muito estreitos e perigosos para submarinos tripulados. Preparando-se para a expedição ao Titanic, Jason e seu operador Martin Baldwin, treinam intensamente. Jason funciona com quatro motores elétricos ele aventura-se ate cerca de 66 m de distancia do Alvin o submarino tripulado. Jason se parece muito com um cachorro preso a uma longa corrente, movendo-se ao comando de seu dono. Aqui no laboratório é fácil navegar, mas lá no fundo nos destroços do Titanic, numa escuridão completa será outra coisa, muitas vezes a única forma de visão de Martin será o olho eletrônico de Jason.
Cerca de onze meses após Ballard haver descoberto o local onde estava naufragado o Titanic ele volta a bordo do Atlantis II. Esta claro agora que ninguém conhecia a localização precisa do Titanic quando ele afundou. Esta confusão inicial explica porque foi tão difícil localizar os destroços, não há ponto de referencia, a costa da Nova Escócia esta a cerca de 650 km de distancia. O mar não aceita lapide ou monumento, apenas o conhecimento do que esta a 4.600 m abaixo da à este lugar uma identidade.

BALLARD: Quando se esta no mar ele é só uma coisa grande monstruosa sem dimensões definidas. Tem-se tendência a vaguear pelo oceano. Nunca sente que esta em algum lugar determinado e quando descobre o Titanic ele o fixa num ponto agora sabe-se onde se esta e o que aconteceu neste lugar. É assustador você que ver botes salva-vidas, pessoas na água que se poderia salvar, pois elas se afogaram aqui, a sua volta. Sim você as ouve. Você sente isso muito mesmo!

NARRADOR: O cinzento amanhecer do dia 15 de abril de 1912 revelou uma frota dispersa de barcos salva vidas. Centenas de corpos flutuavam nas águas circunvizinhas. os botes contiam apenas 705 sobreviventes. A bordo do transatlântico Carpathia, passageiros atônicos tiraram estas fotos, enquanto os sobreviventes eram resgatados. Com sua carga de passageiros dobrada o Carpathia navegou velozmente para Nova Iorque. Tudo estava quieto, calmo, em ordem, era cedo demais para explicar e tarde demais para chorar. Tragicamente rumores e confusão mantiveram a esperança viva, de que outras pessoas poderiam ter sido salvas por outros navios. Vagarosamente quando noticias radiofônicas fragmentadas e conflitantes foram chegando, o mundo começou a compreender o que havia acontecido durante a noite.
Em Londres, multidões silenciosas reuniam-se na frente dos escritórios da White Star Line. Aqui muitos dos passageiros do Titanic haviam comprado suas passagem, e aqui uma minoria privilegiada era declarada viva. Em Liverpool porto de base do Titanic, as ruas estavam repletas de familiares aturdidos e pesarosos que suplicavam por noticias e cambaleavam quanto elas chegavam. Em Nova Iorque rumores absurdos circulavam, um jornal noticiou que o Titanic ainda flutuava e que todos estavam salvos. Multidões ansiosas e incrédulas reuniam-se a frente das redações dos jornais e dos escritórios da White Star. O suspense e a incerteza aumentaram por quatro dias. Finalmente ao cair da tarde do dia dezoito de abril, o Carpathia chegou. Então quando a noite caiu segui-se uma visão desalentadora, que trouxe de volta o impacto total de que havia acontecido, no clarão dos flashes dos fotógrafos podia-se ver os sobreviventes que se alinhavam nas amuradas do Carpathia. No entanto enquanto milhares esperavam, o Carpathia descarregou em primeiro lugar os barcos salva vidas do Titanic.
Finalmente ver era crer, treze pequenos barcos, tudo que restava do maior transatlântico do mundo. No dia seguinte os sobreviventes havia-se dispersados. Aos frustrados camera-man dos jornais cinematográficos só restou filmar alegres rapazes, os jovens camareiros que faziam caretas e riam ainda que o resto do mundo chorasse.
Restava a tarefa de trazer os corpos, apenas cerca de 300 das 1.523 pessoas desaparecidas foram encontradas. Devido ao medo e a superstição muitos navios posteriormente evitaram aquelas águas por vários anos. Trazidos para a costa em Halifax os corpos de algumas vitimas foram reclamados e embarcados de volta para os seus lares, para outras a viagem inaugural do Titanic terminou aqui no Canadá, a poucos quilômetros da costa, no Atlântico Norte.
Hoje estes túmulos ainda são cuidados pela linha marítima que sucedeu aos proprietários do Titanic. O desastre é lembrado como uma grande batalha que mudou o curso da historia, mas qual era o significado de tudo isso. Na época ele causou apenas uma hesitação momentânea na marcha da tecnologia. No entanto de algum modo o Titanic fez as pessoas refletirem e elas continuam refletindo. A cada cinco anos o valente reduzido grupo dos sobreviventes do Titanic é convidado a assistir uma conversão na Sociedade Histórica Titanic. Hoje restam vivos apenas cerca de vinte e quatro sobreviventes conhecidos. No entanto o numero de pessoas interessadas no Titanic esta aumentando e esta fascinação alcançou um clima febril quando os restos do Titanic foram descobertos.

Continua no post do dia 18/11 ....

3 comentários:

Anónimo disse...

Meu Deus. Valeu o trabalho que têm feito.

Unknown disse...

Mas cadê o vídeo ?

Mário Monteiro disse...

Olá Gustavo. O documentário deixou de estar disponível mas é passível achar no youtube.