"Eu ainda estava a bordo mas pouco podia fazer. E então comecei a pensar. Tinha escondido um colete salva-vidas e fui à procura dele. Toda a gente andava de um lado para o outro no convés, alguns a chorar, outros a rezar. Eu próprio sentia-me muito triste e dirigi-me para a popa onde havia pessoas a debaterem-se e outras a saltarem para a água. Eu estava agarrado à amurada e algumas pessoas que estavam comigo já tinham caído à água.
E então o navio foi abaixo e a popa começou a elevar-se. E eu pensei: Tenho de sair daqui! - e subia cada vez mais. E pensei: É agora! - Larguei-me e embati na água com toda a força. Felizmente não bati em nada. Depois olhei para o Titanic. As hélices estavam fora de água. O leme estava no ar. Via-se o fundo do navio e então lentamente, ele deslizou para dentro de água e foi o fim do Titanic.
Graças a Deus encontrei um bote e puxaram-me para dentro. Sentei-me, e quem estava ao meu lado? Mrs Clark, a rapariga que eu pusera num salva-vidas. A primeira coisa que ela me disse foi: Viu o meu marido? - e eu disse-lhe: Não, não vi. Mas deve estar bem. - Descobri que estava ao lado do último passageiro a embarcar no último salva-vidas, e o único salva-vidas que estava cheio, 68 passageiros. Foi o único salva-vidas que levou crianças. E afastámo-nos do local e depois pousámos os remos até eles se... se convencerem que ele tinha ido ao fundo. E ouvimos os gritos. Não podíamos fazer nada. E os gritos continuaram durante bastante tempo."
Andrew Cunningham, sobrevivente do Titanic.
1 comentário:
Olá, concordo plenamente com o Diego.
Parabéns!!!!
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