TITANIC CEM ANOS DE HISTÓRIA
Um novo documentário lançado chamado "Titanic: Cem Anos de História" desmistifica algumas das ideias que os filmes ao longo de cem anos conceberam e lança a controvérsia!
Afundado em 1912 durante a sua primeira viagem depois de "tocar" num iceberg (e já vão perceber o porquê do termo "tocar"), o Titanic continua sendo uma lenda e motivo de controvérsia. Agora, a Fundação Titanic diz que não foram disparados tiros durante o seu naufrágio e que os portões ficaram abertos. Além disso, nunca o gelo terá caído sobre o convés e o toque do icebergue foi tão suave que ninguém prestou atenção. Estes são alguns dos mitos que o documentário apresenta.
"Criamos uma história a partir de uma outra história," diz Jesus Ferreiro, presidente da Fundação. De fato, Jesus Ferreiro examinou o que aconteceu naquela madrugada fria em Abril de 1912 durante mais de uma década. Depois de recuperar o testemunho de 123 sobreviventes dos quais se encontrou pessoalmente com 39 deles, como Millvina Dean, a última sobrevivente a morrer e a mais nova a bordo, Jesus Ferreiro reconstruiu a verdadeira história dos últimos momentos do naufrágio, explicando o que ele diz ser a verdade sobre alguns mitos que acompanham a lenda do famoso navio vapor britânico. Assim, segundo ele, o Titanic não bateu no icebergue, apenas roçou e o toque foi algo tão suave que até mesmo os oficiais da ponte acreditaram que nada iria acontecer. No entanto, o toque tinha sido no lado "mais fraco" do casco, fazendo com que os rebites se soltassem e permitissem a entrada no navio de 9 toneladas de água por segundo. Apesar deste grande dano, o Titanic resistiu duas horas e quarenta minutos à tona. Jesus Ferreiro atribui esse "milagre" às manobras ordenadas pelo primeiro oficial William Murdoch, a primeira pessoa que avistou o icebergue e que de início achou que era um outro navio, o documentário indica que Murdoch foi o primeiro a ver o gelo, viu as luzes do Titanic reflectirem no icebergue, pensou ser outro navio e gritou para o timoneiro: "Barco à proa! Virar a estibordo e marcha à ré! Fechem as portas estanques!". O segundo a avistar o icebergue foi o timoneiro Hitchens que estava ao leme, e por fim os vigias. De qualquer forma, a fundação reconhece que sãos as ideias apresentadas nos filmes, apesar de se distanciarem da realidade, que têm ajudado as pessoas a conhecerem a história do Titanic. Jesus Ferreiro é um fã incondicional do filme de James Cameron. O documentário é de apenas 18 minutos, o site Fundação Titanic fez o seu lançamento com um custo de 12€. Para o solicitar e pedir mais informações basta enviar um email para: mail@fundaciontitanic.com, podem fazê-lo em espanhol, inglês e português. O TitanicFans não coloca em causa a opinião de Jesus Ferreiro, mas deixa para reflectir alguns relatos importantes a ter em conta de alguns sobreviventes.
AVISTAR O ICEBERGUE:
Sabe-se que Murdoch viu o icebergue quase ao mesmo tempo que os vigias, mas nesta citação de se confundir o icebergue com um navio, onde se encaixa então o contacto telefónico feito da vigia para a ponte como testemunhado por Fleet e Lee, os dois vigias de serviço?
TIROS DISPARADOS:
Karl Albert Midtsjø, 22 anos, passageiro da terceira-classe escreveu uma carta ao seu irmão na Noruega, datada do dia 19 de Abril, o dia seguinte à chegada a Nova Iorque. Muitos passageiros só desembarcaram do Carpathia nessa manhã porque não tinham onde passar a noite ou familiares que os recebessem, este também foi o primeiro dia da Comissão de Inquérito sobre o naufrágio. Karl escreve na sua carta ao irmão o seguinte: "Tornamos-nos sérios quando vemos tamanha tragédia. Parece que ainda oiço os gritos de socorro. E alguns foram abatidos a tiro, quando tentavam chegar aos botes."
Charles Lightoller, 2ª oficial, 38 anos, no Inquérito do Senado disse que não foram disparados tiros, mas em fim de vida, em privado admitiu-o. Justificou-se com o facto de que sendo o oficial mais graduado a ter sobrevivido ao Titanic, sentia-se na obrigação de defender o comandante e os oficiais de qualquer acusação.
PRESOS NA TERCEIRA-CLASSE:
Daniel Buckley, 22 anos, outro passageiro de terceira-classe, (o rapaz que vemos em muitos filmes ser descoberto pelo oficial com um xaile de senhora na cabeça), disse: "Primeiro tentaram manter-nos no convés da 3ª classe. Não queriam de maneira nenhuma que fossemos para a área de 1ª classe. Quando um passageiro de 3ª classe ia a passar por um portão pequeno, veio logo um tipo que apareceu e empurrou-o para baixo para a terceira-classe com uma pá a enxotá-lo para trás." mais adiante continua: "Havia pessoas da 3ª classe que estavam a entrar para um desses guindastes que tinham para fazer içar coisas. Estes passageiros arrastavam-se para tentarem subir para o convés do barco. O portão estava fechado e por isso não podiam ir por lá."
GELO NO CONVÉS:
Mary Natalie Wick, 31 anos, primeira-classe, declarou que viu passageiros de terceira-classe brincarem com o gelo no convés organizando uma partida de futebol.
Edith Russell, 34 anos, primeira-classe, depois de ver o iceberg pela janela do seu camarote, também ela se divertiu com um pedaço de gelo que atiraram da terceira-classe para o convés superior.
Coronel Archibald Gracie relatou no seu livro sobre a tragédia que Clinch Smith se dirigiu a ele dizendo: Não gostaria de uma lembrança para levar para Nova Iorque? - mostrando-lhe uma pequena placa de gelo, lisa e plana do tamanho de um relógio de bolso.
O contramestre John Poingdestre apanhou uma lasca e andou a mostrá-la pelo refeitório da refeição da tripulação.
O 4º oficial Boxhall foi abordado por um passageiro de terceira que lhe mostrou um pedaço de gelo do tamanho de uma bacia.
Walter Hurst, lubrificador, foi acordado pelo sogro quando este lhe atirou com uma bola de gelo para cima da cama.
F. Dent Ray, empregado, recordava-se de um colega dizer que havia toneladas de gelo na proa.
Outro criado, Henry Etches disse que um passageiro de primeira-classe atirou com um pedaço de gelo para o chão dizendo-lhe: "E agora, já acredita?"
SENTIR O ICEBERG:
Desde a primeira-classe até aos homens das caldeiras, do salão de fumantes, até às cabines da terceira-classe de proa, quase todos sentiram o impacto, uns mais do que outros, dependendo do local onde se encontravam. Para o convés superior foi uma pancada surda, sem darem por nada, podendo voltar ao jogo de cartas, mas para outros foi o estremecer de todo o quarto que os fez acordar de imediato. Exemplo disso é o comandante, que não estava presente na ponte de comando quando se deu o choque mas que ao sentir o estremecimento, mesmo que ligeiro, compareceu logo na ponte sabendo que algo não muito bom tinha acontecido.
CONCLUSÃO:
Não duvidando do trabalho que foi feito, esperando em breve ver este documentário, é contudo importante reflectir nestes dados que não devem ser colocados em causa, pois também são testemunhos reais.
Walter Lord no seu livro "A NIGHT TO REMEMBER" / "A TRAGÉDIA DO TITANIC" (versão portuguesa) "UMA NOITE FATÍDICA" (versão brasileira), diz o seguinte: “Estes enigmas do Titanic nunca terão uma resposta absolutamente certa. O melhor que se pode fazer é avaliar as provas com todo o cuidado e emitir uma opinião honesta. Alguns continuarão a discordar, e talvez tenham razão. Com uma certeza- só um louco seria capaz de se considerar detentor da verdade absoluta acerca do que aconteceu na noite incrível em que o Titanic se afundou”.