A probabilidade de uma pessoa que sobreviveu ao naufrágio do Titanic em 15 de Abril de 1912 vir a cometer suicídio é de 1 para 89. Oito das 712 pessoas que sobreviveram ao naufrágio do Titanic cometeram suicídio. Se o Titanic se afundasse agora, os sobreviventes seriam acompanhados por psicólogos e especialistas em Transtorno do Stress Pós-Traumático, que iriam reconhecer que este tipo de transtorno deixa as suas vítimas mais vulneráveis ao suicídio. Em 1912, os homens em particular eram considerados mais fortes e resistentes. Menos de um mês após o naufrágio, Washington Dodge falou à Commonwealth Club sobre o "horroroso" cenário do acidente e não aguentou as lágrimas quando falou sobre os gritos que "flutuavam" sobre a água dizendo que "muitas vidas se perderam nas águas geladas." Alguns homens que sobreviveram sentiram imensa vergonha por saberem que mulheres e crianças faleceram. Muitos foram acusados pela imprensa de covardia.
Jack Thayer foi assombrado por memórias do Titanic. "O convés ficou ligeiramente virado para nós e pudemos ver as quase mil e quinhentas pessoas a bordo, agarrados onde podiam, como abelhas, apenas para pouco depois cairem em massa, em pares ou individualmente, junto para o fundo com o navio, a popa levantou-se para céu, até fazer um ângulo de cerca de sessenta e cinco ou setenta graus. Nesse momento pareceu fazer uma pausa, ficando apenas suspenso por alguns minutos. Aos poucos, o convés da popa virou-se de lado, para longe de nós, como que para esconder dos nossos olhos o espectáculo horrível." O espectáculo "terrível" nunca o deixou de atormentar a ele e a mais sete sobreviventes que se suicidaram.
9 de Outubro de 1914 - Annie Robinson tinha sido uma empregada do Titanic, dois anos e seis meses depois, ficou nervosa e muito agitada quando o vapor Devonian entrou sobre uma forte neblina no porto de Boston e soou a buzina de nevoeiro. Ainda em depressão com as lembranças do acidente, atirou-se do navio e afogou-se.
30 de Junho de 1919 - Dr Washingotn Dodge morre por causa de um ferimento de bala na cabeça que tinha infligido a si mesmo 9 dias antes. Um homem de destaque na medicina, bancos e serviços públicos, acabou por ficar enredado num processo judicial devido a calúnias e dívidas que se reflectiu na sua honra, levando-o a morte. (saiba mais aqui)
11 de Março de 1927 - Dr. William Henry Frauenthal, um americano de ascendência alemã, saltou para um barco salva-vidas no Titanic, o seu peso partiu as costelas de uma mulher que ficou por baixo dele. O médico, perturbado, saltou do sétimo andar do seu edifício hospitalar. A sua esposa Claire passou os últimos 16 anos da sua vida numa instituição psiquiátrica.
13 de agosto de 1927 - Juha Niskänen de 39 anos era um passageiro finlandês de terceira classe, no momento da colisão. Cometeu suicídio depois de atear fogo ao seu quarto, deprimido pela sua incapacidade de encontrar ouro.
18 de Setembro de 1945 - Jack Thayer tinha dezassete anos de idade quando sobreviveu num bote salva-vidas virado. A sua mãe sobreviveu, mas o seu pai, um banqueiro de sucesso em Filadélfia, morreu. Mais tarde, Jack ficou abalado após a morte de um dos seus filhos no Pacífico durante a Segunda Guerra Mundial, pôs fim à vida cortando os pulsos e garganta.
16 de Dezembro, 1951 - John Morgan Davis tinha apenas oito anos de idade e viajava em segunda classe quando o Titanic se afundou com o seu pai a bordo. A sua mãe sobreviveu. Davis matou-se por overdose de barbitúrico após o seu divórcio.
10 de Janeiro de 1965 - Frederick Fleet foi o vigia do Titanic que avistou primeiro o iceberg. Ele sempre alegou que se tivesse binóculos, naquela noite, a colisão teria sido evitada. A sua esposa morreu no final de Dezembro de 1964, e logo de seguida o seu cunhado expulsa-o de casa. Desanimado enforcou-se com uma corda da roupa no jardim. Ele sempre manteve consigo os seus documentos de marinheiro da White Star Line, que tinha a nota do naufrágio: "descarregados no mar."
11 de Julho de 1989 - Phyllis May Quick uma inglesa que estava de regresso a sua casa nos Estados Unidos no Titanic escapou ao naufrágio, casou e teve quatro filhos. Disparou um tiro na cabeça em sua casa em Detroit.
Contudo um sobrevivente se recusou a cometer suicídio, mesmo quando pressionado a fazê-lo. Masabumi Hosono tinha 49 anos de idade quando conseguiu um lugar num barco salva-vidas, mas quando voltou ao Japão, a imprensa perseguiu-o com relatos de que ele agiu vergonhosamente para poder sobreviver. Ele perdeu o emprego e foi condenado ao ostracismo, proibindo qualquer menção ao Titanic em sua casa até sua morte em 1939. Oitenta e cinco anos depois da catástrofe, a reputação de Hosono foi finalmente recuperada quando uma carta sua escrita à sua mulher, a bordo do navio Carpathia, foi encontrada. "O que tinha sido uma visão concreta e graciosa foi agora reduzida a um mero vazio", escreveu ele. Enquanto os passageiros embarcavam nos botes, Hosono tinha sido mandado por duas vezes para baixo de volta à terceira-classe, até que decididamente empurrou o oficial que o impedia a ele e a outros de chegarem ao convés dos botes. "Eu tentei preparar-me para o último momento, sem nervosismo, preparando-me para morrer não de uma forma vergonhosa, mas como um japonês."