sexta-feira, abril 28, 2006

TITANIC
Uma carruagem apróxima-se apressada sobre o cais de Southampton, um estranho casal vem dentro dela. Era David e Hellen Fraser. Um homem arrogante preocupado apenas com o dinheiro e consigo mesmo.
David - Vamos lá, pegue nas malas, William.
Hellen - É este o barco dos sonhos...
David - Para alguns, sim. Para quem tem planos neste navio, e para estes ratos de porão...
Nesse instante David é empurrado por dois miúdos de terceira-classe a gritarem de contentamento. David é de novo empurrado pelo pai dos rapazes que passa por ele.
David - Cuidado!
Herbert - Desculpe, cavalheiro.
David - Suino de terceira-classe. Aparentemente perdeu o seu banho anual.
William - Sinceramente, David, se não tivesses feito tudo à última hora, poderiamos ter ido pelo terminal em vez de andarmos ao longo do cais, como alguma famílias de emigrantes imundos.
David - À parte do meu encanto, William. Não tem preço os rituais de beleza da minha querida esposa, que nos fez atrasar.
Hellen - Mandaste que me trocasse.
David - Eu não poderia permitir que viesses vestida de negro no dia da partida, meu doce. É um mau presságio.
Hellen - Sinto-me como se estivesse de luto.
Eles passam por uma carruagem que ainda descarrega duas toneladas de Marmelada Oxford, em cima da hora, para o Departamento de Abastecimento do Titanic.
David - Puxei os cordões à bolsa para nos registar na História grandiosa deste navio, numa das suites mais luxuosas... e tu ages como se fosses para a tua própria execução.
Imensos alimentadores de fornalha corriam pelo cais com os seus equipamentos aos ombros. Mas um pequeno oficial que guardava a entrada recusava-se a deixá-los ficar a bordo. Eles discutiam e gesticulavam, mas ele acenava-lhes firmemente para saírem, a entrada estava barrada devido ao protesto deles.
Hellen - Eu não queria que fossemos já, sabes disso, mas tu insististe em viajar neste navio. Ainda para mais passagens que não nos podiamos dar ao luxo de pagar.
David - Com o plano que tenho em mente voltaremos a ser ricos ao pisar Nova Iorque.
Os passageiros de primeira classe levavam grandes malas de pele com ferragens artísticas e robustas fechaduras, baús-armários Louis Vuitton. Este tipo de bagagem era corrente entre os passageiros ricos do Titanic, mas o emigrantes viajavam com sacos toscos e baús.
- Por favor, façam fila ordenada para a inspecção médica!
Por entre a multidão um jovem rapaz americano, Edward Roger, espreitava por uma oportunidade de entrar no Titanic clandestinamente para regressar a casa.
O êxito da operação dependia do momento certo, tarefa difícil num navio tão grande... O médico de bordo examinava rápida e eficientemente cada passageiro antes de lhe conceder a passagem. Esta medida fora adoptada por efeito das novas leis da emigração aprovadas nos Estados Unidos, segundo as quais os passageiros emigrantes deviam ser submetidos a um rigoroso controlo médico. Edward esperava atentamente pela hipótese de poder entrar por entre um grupo de emigrandes inspeccionados. Um passageiro também ele emigrante encontrava-se na fila para a inspecção estava inquieto, e o suor escorria-lhe pela cara, era a sua vez. O médico verificou o homem, ele examinou os olhos, em busca de sinais de tracoma, uma enfermidade inflamatória crónica da conjuntiva causada por um vírus e extremamente contagiosa. Não havia clemência para com os afectados que tristemente deveriam renunciar aos seus sonhos e regressar a terra. O pobre homem chorava e pedia por favor que o deixassem entrar mas o médico negou-se a fazê-lo e dois homens o agarram pelos braços e levaram para longe. Edward apróximou-se do homem que estava sentado a chorar num pequeno barril.

Edward - Malditas leis americanas, meu caro...

- É o meu destino... aquele navio é o meu destino! A América espera por mim! Um novo-rico! Não me façam isto, por favor!

Edward - É a arrogância de classes, e nós ficamos aqui, a vê-lo partir... Sou Edward Roger.

- Thomas Dikinson...

Edward olhou para o homem que estava estendido no chão, o bilhete estava quase caído do bolso do casaco, bastava um pequeno toque e a passagem podia ser sua sem ele dar por nada.

Edward - Vamos lá senhor Dikinson, levante-se, tem de tomar um copo de rum para animar!

Bastou ajudar a levantar o senhor Dikinson para colocar a mão no bolso e ter o seu bilhete para casa.

- Obrigado, meu jovem. Venha daí.

Edward - Não não não, na verdade eu não bebo.

- Nem sequer um vinho?

Edward olhou para o relógio, era 11h45, ainda tinha de passar pela inspecção médica.

Edward - Nem sequer isso. Na verdade tenho de ir. Muito gosto em conhecê-lo Sr. Dikinson. Rápidas melhoras. E lembre-se, a América espera por si!

Edward não podia perder mais tempo. Correu para a plataforma onde estava o médico de bordo.

- Hey, hey, hey! Onde pensa que vai com tanta pressa, rapaz?

Edward - Sou... Thomas Dikinson, peço desculpa pelo atraso.

- Vamos lá, baixe a cabeça... olhos, a boca... Americano?

Edward - Sim, sim, vou para casa... para a terra da liberdade, para a terra dos hot-dogs! A bordo do Titanic!

- Entre lá...

Edward - Obrigado. Meu Deus, que sorte a minha, nem acredito!

Depois de superada a prova, Edward mostrando os dentes serrados diz para todos à volta:

Edward - Sou ilustre!

O marinheiro Rowe recebe o bilhete e fica verificando o nome na lista, e Edward foi então conduzido até ao seu camarote. Deixou o saco da roupa e correu para a popa do navio. Na primeira-classe a minha família e eu estavamos na nossa suite dupla. Os lanços de escada, os camarotes, as salas de diversão e os corredores eram ambientes únicos que não tinham equivalente em terra.

- Parece que vamos ter noites frescas e céu limpo durante a travessia. Mr. Barks!

George - Prazer em vê-lo, Harry. Vamos lá para cima?

Richard - Vamos pai!

Subir à coberta alta e poder assomar-se para ver o formigueiro de gente no cais dava imediatamente a ideia de uma nova dimensão. A terra tornava-se pequena, mas abriam-se os espaços ilimitados do oceano.

Amanhã tem novo episódio de Titanic.

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