terça-feira, abril 14, 2015

EVENTOS EM 14 DE ABRIL DE 1912


EVENTOS EM 14 DE ABRIL DE 1912
05h:00min
O telégrafo está em dia, e os operadores assoberbados com o tráfego das mensagens acumuladas dos passageiros.
07h:30min
Na quadra de squash, início das aulas com o instrutor Frederick Wright. Um dos alunos é o Coronel Gracie, que já reservou a primeira hora da manhã de segunda-feira.
08h:30min
Anunciado o desjejum.
09h:00min
Passageiros observam a passagem de blocos de gelo. Recebida do Caronia a terceira advertência de gelo, que é entregue na sala de navegação a Lightoller que calcula que devam passar por ele pelas onze da noite.
10h:00min
Murdoch assume seu quarto na sala de navegação.
10h:30min
Inspeção do capitão e auxiliares. Tempo bom, mar calmo, soprando de sudoeste um vento moderado e frio. Passageiros caminham pelo convés dos barcos. Estava programado para este horário um exercício com os botes salva-vidas, mas o capitão o cancela para que todos possam assistir ao serviço religioso no salão de refeições da Primeira Classe.
11h:40min
Recebida do Noordam, da Holland America Line, a quarta advertência de gelo, que relata a presença de muito gelo aproximadamente na mesma posição da relatada pelo Caronia.
12h:00min
Almoço festivo no salão de refeições da Primeira Classe. Conferida a posição do navio em relação ao sol, com o sextante: fez 878,6 km desde o meio dia de sábado. A velocidade subiu para 21,5 nós. Os preparativos para pôr em ação as cinco caldeiras auxiliares de um só terminal indicam que tanto o engenheiro Bell como o Capitão Smith cederam à pressão de Ismay, e a idéia é imprimir ao navio, talvez ainda hoje, sua velocidade máxima.
13h:00min
Lightoller afixa na sala de navegação a mensagem do Caronia, recebida quatro horas antes, após mostrá-la a Murdoch, esta foi a única de nove mensagens a ser entregue aos oficiais.
13h:42min
Comandado pelo Capitão Ranson, o S.S. Baltic da White Star Line envia a quinta mensagem recebida pelo Titanic avisando sobre icebergs e grande quantidade de gelo, 450 km à frente do Titanic. A mensagem é entregue ao Capitão Smith, que ao invés de mandar afixá-la na sala de navegação, entrega-a a Ismay, com quem está a almoçar. Ismay lê e, sem nada dizer, guarda-a no bolso. Posteriormente ele a mostraria para alguns passageiros.
13h:45min
O S.S. Amerika, da Alemanha, é o navio mais próximo de Cape Race, Newfoundland, envia a sexta mensagem sobre o alerta de campos de gelo. 
Navios como o Amerika tinham um sistema sem fios muito fraco e necessitavam de navios com maior capacidade para as reenviarem. Talvez a mensagem mais importante recebida até então, ela relatava a presença de dois grandes icebergs observados no mesmo dia. Esta mensagem não tinha como destino o Titanic, assim, segundo o protocolo do sistema sem fios, o operador não era obrigado a reportá-la aos seus superiores, pelo que esta mensagem nunca chegou à ponte de comando. Possivelmente nenhum dos operadores teve tempo para enviá-la ao capitão, pois o aparelho de telegrafo quebrou pouco após o recebimento desta mensagem, tendo Phillips e Bride passado grande parte do dia consertando o aparelho.
14h:00min
Wilde assume seu quarto na sala de navegação. Os oficiais discutem sobre a possibilidade de encontrar gelo e concordam num ponto: o perigo tem hora marcada, entre as 20h e a 1h.
17h:30min
A temperatura começa a cair.
17h:50min
O capitão altera ligeiramente o curso para o sul, supostamente uma precaução contra os campos de gelo, mas não reduz a velocidade. Ao contrário, o navio faz agora 22 nós. Ismay interpela Andrews, alegando que a mudança de curso, possivelmente, resultará em atraso na chegada a Nova York.
18h:00min
Anunciada a janta. Lightoller assume seu quarto na sala de navegação, substituindo Wilde. No timão, Arthur Bright. No cesto da gávea, George Hogg e Alfred Evans, dois dos seis vigias do navio. Eles alcançam o cesto por uma escada no interior do mastro da proa e vão cumprir um plantão de duas horas.
18h:30min
Phillips e Bride reparam o telégrafo e tratam de expedir as mensagens particulares que novamente se acumularam.
19h:00min
A temperatura continua caindo: 6°C. A ponte de comando envia a mensagem "A vante a todo o vapor" para a sala das máquinas e os fogueiros acendem mais três 
caldeiras.
19h:15min
Lightoller manda verificar se as escotilhas do castelo da proa estão fechadas, de modo que as luzes internas do navio não perturbem a visão dos vigias no cesto da gávea.
19h:30min
Tempo bom, mar calmo. Já anoiteceu. A temperatura baixa rapidamente: 4°C. A queda indica aproximação de campos de gelo. Na Sala Marconi, o turno é de Phillips, mas Bride o substitui para que possa jantar. Ele ouve e anota a sétima advertência de gelo, expedida pelo cargueiro Californian, reportando a presença de três grandes icebergs ao sul de sua posição. A mensagem é encaminhada à ponte. Aparentemente, quem a recebe não é Lightoller, mas o Quarto Oficial Boxhall, cuja reação é meramente burocrática: assinala os icebergs na carta náutica. O capitão não toma conhecimento, ele está no restaurante à la carte, no convés B, onde será homenageado. Ismay, por sua vez, ainda se encontra no salão de refeições da Primeira Classe, jantando com o médico William O'Loughlin.
20h:00min
No cesto da gávea, Hogg e Evans são substituídos por George Symons e Archie Jewell. No timão, Alfred Olliver no lugar de Bright, para um plantão de duas horas. Phillips reassume o telégrafo. Bride recolhe-se ao alojamento dos telegrafistas, contíguo à Sala Marconi. Na sala de navegação, assessorando Lightoller, estão Boxhall, que acaba de calcular a posição do navio, e Moody.
20h:40min
A temperatura é de 0,5°C e Lightoller manda vistoriar o suprimento de água doce do navio. Ordena também que sejam ligados os aquecedores no alojamento dos oficiais.
20h:55min
O capitão pede licença para ausentar-se da festa e visita a ponte. Boxhall o informa sobre a posição do navio, tirada às 20h. Noite estrelada, sem lua. O capitão conversa com Lightoller sobre o tempo, a visibilidade e a navegabilidade nessa área crucial da travessia. O segundo oficial ignora que já chegaram nove  advertências de gelo - tampouco alerta o capitão - e comenta que, tendo chegado apenas uma, a do Caronia, às 9h, é possível que haja gelo pela frente, mas não muito. Acredita também que, se houver icebergs, serão vistos à claridade das estrelas, mas ambos convêm em que um obstáculo de certa magnitude pode ser melhor detectado através da rebentação do que pela luz refletida pelas suas partes superiores. O mar, no entanto, plácido qual um lago, minimiza a arrebentação.
21h:20min
Segue o capitão para seus aposentos, recomendando que o despertem se houver alguma dúvida sobre a navegação. Lightoller ordena a Moody que telefone aos vigias Symons e Jewell: estejam atentos aos icebergs e transmitam o aviso aos substitutos. A visibilidade é excelente, mas a vigilância, já se sabe, processa-se a olho nu.
21h:30min
Recebida do Mesaba, a serviço da Red Star Line, a oitava advertência de gelo, reportando vastos campos gelados e enormes icebergs. Atarefado com o tráfego, com o colega em período de descanso e considerando que avisos semelhantes já são conhecidos, Phillips não a encaminha à sala de navegação, deixando-a numa bandeja em sua mesa, sob um peso de papel para depois ir entregá-la, mas acaba por se esquecer dela. A temperatura é de 0°C. O Titanic avança na máxima velocidade que até agora empregou: 22,5 nós.
21h:38min
O telegrafista Stanley Adams, do Mesaba, envia nova mensagem: está à espera da notícia de que a advertência de minutos antes foi passada ao Capitão Smith. Phillips não responde. Ele continua enviando e recebendo os telegramas sociais dos passageiros, através da estação Marconi de Cape Race, na Terra Nova.
22h:00min
Céu claro, sem nuvens, mar sereno. A temperatura é negativa: menos 0,5°C. No comando, Lightoller é substituído por Murdoch e lhe transmite o curso e a velocidade. Conversam sobre a possibilidade de encontrar gelo e concluem que talvez isso aconteça dentro de mais ou menos uma hora. Boxhall diz a Moody que tome seu lugar na sala de navegação. Antes de se recolher, inspeciona alguns conveses. No timão, Olliver é substituído por Robert Hichens. No cesto da gávea, Frederick Fleet e Reginald Lee que são avisados da provável ocorrência de gelo. Eles não dispõem de nenhuma proteção para o rosto e continuam sem binóculo. Há outros três a bordo, dois para os oficiais na sala de navegação e um terceiro para os práticos dos portos, mas ninguém cogita de ceder este último aos vigias. Nas áreas comuns de terceira-classe as luzes são desligadas.
22h:30min
O Californian apaga os motores e pára em meio a um pesado campo de gelo de aproximadamente 47 km de comprimento por 4 km de largura. Sua tripulação vê ao longe as luzes de um navio. A temperatura da água cai severamente: menos 2°C. A temperatura do ar é de menos 1°C.
22h:45min
O Titanic mantém a velocidade. No Californian, o Capitão Lord conversa com o engenheiro. Mostra-lhe o navio que avistou minutos antes e o convida para ir à Sala Marconi saber das novidades. Dá ordens a Cyril Evans que informe os navios na área que estão parados devido ao gelo. O Capitão Stanley Lord, contudo, não indica que a mensagem deve ser passada como de "Capitão para Capitão", pelo que Evans a envia ao Titanic como uma mensagem casual.
23h:00min
Recebida do Californian a nona advertência de gelo.
23h:10min
Phillips responde: “Caia fora. Cale a boca. Estou operando com Cape Race e você está bloqueando meu sinal.” E não passa a mensagem recebida à sala de navegação. Evans, por sua vez, não responde e, durante a próxima meia-hora, irá distrair-se ouvindo o incessante tráfego do Titanic.
23h:15min
Mensagem do Titanic para Cape Race: Desculpe. Bloqueado. Repita, por favor.
23h:30min
Phillips encerra a comunicação com Cape Race.
23h:35min
No Californian, Evans desliga o aparelho e vai dormir. No cargueiro parado no gelo, mantém-se desperto só o pessoal do quarto. Um dos tripulantes tenta contatar pela lâmpada Morse com o navio cujas luzes são vistas pela proa de bombordo. Não há resposta, embora o alcance dos sinais da lâmpada seja de 18km. Fleet, no cesto da gávea, percebe uma névoa à frente do Titanic. Na asa da ponte, Murdoch também vigia, acompanhado de Moody, mas eles só podem ver aquilo que aparece acima da linha da proa. Um distante ponto de luz branca, a bombordo, que jamais será identificado, chama a atenção dos vigias e dos oficiais e quem sabe os distrai. Talvez seja a mesma e misteriosa embarcação que o Capitão Lord vê do Californian. Talvez seja o próprio Californian.
Nota: Vídeo: TitanicFans, Música: Movement IX - Vangelis, Textos Cronológicos: TitanicMomentos.

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