terça-feira, abril 14, 2009

AS MINHAS MEMÓRIAS NO TITANIC
O esplendor dos salões, a comodidade das suites e a elegância da decoração constituíam um marco natural na qualidade do serviço prestado pelos empregados do navio. O espaço a bordo de um navio era sinal tangível da escala de poder: A classe social a que se pertencia definia-se em função do espaço atribuído. Na primeira-classe do Titanic a sala para refrescar-se depois do banho turco era duas vezes e meia maior que a sala de jantar de segunda-classe. No ponto culminante encontrava-se o comandante do navio, «único senhor depois de Deus». No fabuloso ginásio, lá encontravam-se alguns equipamentos fácilmente reconhecíveis e outros menos. Uma mulher pedala numa bicicleta fixa com um longo vestido, parecendo ridícula. Um homem usava os remos para se exercitar. O instrutor do ginásio o senhor McCauley, um homem pequeno e redondo vestido em flanelas brancas, muito alegre e profundo conhecedor dos seus equipamentos dava uma pequena aula aos passageiros que se atreviam a entrar. Na coberta A, a parte aberta junto do mastro de popa era um dos locais mais bonitos para se estar. Aqui os passageiros de primeira-classe podiam passear ao ar livre, com pouquíssimos obstáculos entre o seu olhar e o céu ou o horizonte marítimo. Foi a última vez que o Titanic viu a luz do dia. Não sei se, pelo facto de ser Domingo, foi um dia fabuloso, o melhor de toda a viagem. O tempo estava calmo sem nuvéns e o frio era intenso. Tudo parecia um sonho, era bom demais para ser verdade. Acho até que a melhor ementa foi a que foi servida naquele Domingo, filet mignone lili, pombo assado, pato assado com molho de maçã, enquanto que na terceira-classe serviram papas de aveia, carnes frias e pikles. A viagem estava quase a chegar ao fim e ninguém tinha dúvidas que tinha sido um êxito e tinha-se já a certeza de que se viajava no maior paquete do mundo e também no mais deslumbrante e requintado de sempre.

In "Eu sou um sobrevivente do Titanic" para ler o livro inteiro clique aqui

1 comentário:

Alencar Silva disse...

Esta sua história foi demais naquele ano e neste também...