sexta-feira, abril 10, 2009

AS MINHAS MEMÓRIAS NO TITANIC
O dia tão esperado tinha chegado, os primeiros raios de sol deixavam mostrar o dia magnifico que se iria tornar, digno de tão grandioso evento. A partida para a viagem inaugural do Titanic, o maior navio que o Homem já alguma vez tinha conhecido. (...) Muitos passageiros viajaram por caminho-de-ferro desde a estação de Waterloo em Londres, pelas 9h30 chegaram os passageiros de terceira-classe. O porto de Southampton começava a ganhar vida. (...) Chegamos ao porto de Southampton pelas onze horas, ao mesmo tempo que a carruagem dos passageiros de primeira classe, logo dezenas de jornalistas e curiosos se aproximaram deles. (...)
O enorme navio erguia-se sobre o cais de embarque como um prédio enorme.
Lembro-me de ter olhado para o enorme casco de aço, e do meu pai me ter chamado «Richie» e de perguntar o que eu achava de o Titanic ser um navio tão grande.

E lembro-me de ter dito:
Richard - Mas pai, como é que este navio enorme pode flutuar na água?
George - Oh.
Disse ele:
George - Este navio flutuará sempre na água. Flutuará sempre. (...)
As plataformas de embarque foram retiradas, o silvo da sereia do Titanic fez vibrar as entranhas dos presentes. Uma multidão vibrante invadira os cais vizinhos e as cobertas dos barcos ancorados nas proximidades. Os observadores mais audaciosos tinham trepado para improvisados miradouros para melhor desfrutarem o espectáculo. Na coberta do transatlântico, os passageiros contemplaram do alto a multidão que acorrera ao cais em despedida. O comandante transmitiu ao piloto a ordem de dirigir as manobras dos rebocadores. (...)
Em terra a multidão explodiu num aplauso festivo. Foi de facto maravilhoso, milhares de pessoas a acenar, a dizer adeus ao navio. Foi emocionante. Muitos lançaram ao ar os seus chapéus e um mar de lenços ondeava na multidão em sinal de júbilo. (...)
Era impossível permanecer indiferente à euforia colectiva que contagiava todos os presentes. Quando partimos espreitei por uma enorme janela da belíssima sala de jantar. E as pratas e a toalhas... tudo era bonito e novo. A multidão que enchia o cais estremeceu e muita gente começou a andar ou a correr junto ao mar como que resistindo a deixar partir o enorme transatlântico. Pouco a pouco os rebocadores foram tirando o gigante do porto. O Titanic estava já em condições de começar a navegar com os seus próprios motores e foi ganhando velocidade sob o impulso das hélices. Deixou para trás o cais 38 e quando acabava de passar o 39 sobreveio o primeiro mau presságio! Na parte exterior do cais estava fundeado o paquete New York e o Oceanic, navios de longo curso. A enorme sucção das hélices do Titanic e o vento que soprava fizeram com que os cabos que mantinham o New York amarrado esticassem ao máximo e cedessem com um rangido estrondoso. No meio de tiros de pistola e disparos de canhão, de repente o New York estava à deriva. Ao ver os seis pesados cabos saltarem pelo ar, a multidão que se tinha aglomerado no cais retrocedeu em pânico. A passagem do Titanic pelo pequeno canal fez com que o New York se soltasse das amarras e começasse agora a aproximar-se do Titanic em rota de colisão. Só a presença de espírito do comandante de um dos rebocadores impediu que a tragédia se consumasse. O rebocador Vulcão lançou um cabo à popa do New York de forma a que esse não chocasse com o Titanic. A popa do New York passou a pouco mais de 30 centímetros da amurada de bombordo do Titanic, enquanto a sua proa raspava pelo flanco do Oceanic, abrindo-lhe uma racha de dezoito metros. Precisamente na altura em que a colisão parecia inevitável, o comandante Smith avançou com o motor de bombordo do Titanic que fez o New York afastar-se e manter o navio afastado até uma série de rebocadores, para nosso alívio, o rebocarem pelo cais. (...)
Ao fim da tarde chegámos a Cherbourg... (...)
Para muitos milionários e aristocratas, a viagem inaugural do Titanic foi um encontro obrigatório, uma oportunidade que não podiam deixar escapar. Entre eles estavam Edgar e Leila Mayer, os Strauss, Sir Cosmo e Lady Lucille Duff-Gordon, Guggenheim... Sir John Jacob Astor IV também embarcou acompanhado da sua segunda mulher e jovem esposa, Madeleine, com quem tinha casado à pressa por se encontrar grávida, o seu batalhão de empregados e com o seu fiel airedale Kitty. Era o homem mais rico a bordo. A sua fortuna estimava-se em 87 milhões de dólares. Este iria ser o principal tema de conversa ao jantar. Também subiram a bordo vários jornalistas franceses, desejosos de comprovar se tudo quanto se dizia da última jóia da White Star era verdade. (...)
Os passageiros de primeira classe que tinham realizado a travessia transoceanica a bordo do Olympic comprovaram com assombro que a companhia de navegação, pensando nos mais ínfimos pormenores havia-lhes destinado os mesmos camarotes que no navio gémeo, a cuidada apresentação da cama com dossel, a casa de banho privativa com duche e banheira, encontraram o mesmo pessoal de serviço que na travessia anterior e os mesmos companheiros de viagem.
Às oito da noite, as embarcações auxiliares Nomadic e Traffic regressaram ao porto. Com uma hora de atraso, por causa do incidente à saída de Southampton, o Titanic pôs em marcha as suas máquinas e ao fim de dez minutos levantou âncora. Queenstown era o próximo destino e última escala de embarque, prevista ser avistada em quinze horas de navegação.
In "Eu sou um sobrevivente do Titanic" para ler o livro inteiro clique aqui

2 comentários:

Rodrigo disse...

Magnifica história... estou acompanhando passo a passo.

Hj fazem 97 anos que iniciou-se a jornada via mar do grandioso Titanic...

Mal sabiam que 5 dias após, o destino selaria a vida de todos numa das mais surpreendentes catástrofes marítimas que o mundo já conheceu...

Abraço amigo.

Alencar disse...

Sessão Vale a Pena Ler de Novo...
Abraços...