quinta-feira, julho 20, 2006

CRITICA AO TITANIC
por Renato Doho
«Depois de toda a super-exposição e as enormes filas causadas nos cinemas o filme Titanic pode ser plenamente comentado e analisado. A super produção orquestrada por James Cameron se balança entre a coragem e a decepção. Acompanhando os trabalhos anteriores do diretor percebemos um fascínio por dois temas: a tecnologia vs. o homem e a humanização através do sacrifício; esse sacríficio é intimamente do próprio Cameron, um diretor que conseguiu conquistar seu espaço sem abrir mão de suas idéias, desafiando a tudo e a todos. A idéia de realizar uma produção custosa baseada na tragédia do Titanic, onde todos sabem seu final e ainda escalar um par central relativamente desconhecido é de enorme coragem. Desde os figurinos, passando por cenários, efeitos especiais, técnica e elenco, tudo se volta para um grande espetáculo, mas aí vem seus defeitos... O que antes era um diretor que colocava em filmes de ação uma ponta de humanismo agora é um filme que continua apenas com aquela ponta de humanismo ao invés de aumentá-la e explorá-la mais. O que era qualidade e diferencial se mostrou superficial. Temos amostras desse humanismo como no final de T2, a questão do casamento em True Lies, o mistiscismo em Segredo Do Abismo, a maternidade em Aliens, etc. Em Titanic todo esse potencial vira clichê. A cena da tentativa do suicídio de Rose é o início de sequências por demais batidas pelo cinema. Quantas vezes já vimos personagens em situações de risco entrarem num impasse, passar pela calmaria e normalidade e subitamente um imprevisto ocorre apenas para manter a atenção do espectador(refiro-me aqui ao escorregão final de Rose antes de ser salva)? Isso me faz lembrar de um uso diferencial dessa situação muito bem colocada e depois muito imitada: a sequência inicial do filme Risco Total. Logo após temos novamente a grande estória do amor entre diferentes, onde a classe social se fará impôr como obstáculo. Nesse ponto chamo atenção de que poderia-se fazer uma escalação de elenco diferenciada, colocando um ator conhecidamente bonito para o papel do noivo(e não Billy Zane que recentemente declarou abertamente ser homossexual) e um ator relativamente `não bonito` para o papel de Jack. Isso faria com que o amor demonstrado por Rose fosse mais do que físico, fazendo com que ela enfrentasse os obstáculos, já que esse é ponto que o filme tenta colocar: que ela se interessa por Jack pela sua sensibilidade e não pela aparência. É muito menos plausível colocar DiCaprio nesse papel, insinuando que Rose não se importaria pela sua condição social e não ligaria para sua aparência. Outro exemplo ruim dessa escolha é o desenho animado A Bela E A Fera, onde ao final o monstro vira humano, um belo príncipe, subvertendo toda a mensagem do filme: que o amor não vê a face. Seria muito interessante ver Titanic com Tom Cruise como o noivo e Steve Buscemi(apesar da idade) como Jack. O sucesso seria o mesmo? O personagem do noivo é outro ponto falho, ele é extremamente mal o filme todo numa visão maniqueísta radical, nunca se deslumbra qualquer chance de redenção, reforçando para a platéia que ele seja o vilão do filme. A ambiguidade é uma coisa em falta nesse filme já que o casal central não comete ao longo de sua duração nenhum ato ruim ou mal intencionado posicionando-os ao patamar de anjos. Uma grande falha do roteiro de Cameron é uma ideologia colocada sutilmente nas entrelinhas do enredo em que há uma exaltação da pobreza e um desprezo pela riqueza, fazendo surgir um pensamento não muito interessante onde o miserável é visto como alegre e feliz apesar de sua situação e o rico é visto como enfadonho e infeliz. Uma mensagem aos miseráveis do mundo, vindo de um milionário(James Cameron): vocês estão na lama, mas felizes; eu estou em minha mansão, mas triste - continuem assim! Coloca-se condição social como estado de espírito, coisa absurda! A cultura e educação são postos de frente contra os vícios(bebida e fumo) e a brutalidade. Seria interessante colocar violências domésticas pela bebedeira do lado miserável e orgias sexuais de grã-finos. Foi infeliz da parte do diretor cortar as cenas na sala de mensagens, onde veríamos que o iceberg fora relatado por outros navios, mas devido ao excesso de mensagens que o Titanic tinha que enviar aos familiares dos grã-finos, a mensagem foi ignorada. Isso ajudaria ainda mais a reforçar uma idéia que acho que poderia ter sido a principal do filme, fora a do amor que vence tudo: a arrogância humana da exaltação tecnologia e da ciência ao desafiar a natureza e consequentemente Deus. Visto que isso faz parte da obra de Cameron. Revendo pela memória o filme descubro que há muitos outros pontos discutíveis no filme, mas isso alongaria demais essa crítica, então resumo os pontos finais: *colocar humor na cena em que Rose tenta livrar Jack das correntes é de mau gosto e mal colocado(recurso horrível em 99% dos filmes americanos colocar humor numa situação tensa, é a chamada piada que alivia). *inserir um implausível tiroteio a bordo do Titanic, onde o noivo persegue o casal; seria a vontade de Cameron, seu vício? *Rose, já idosa, revelar que tinha a jóia tão procurada e logo a seguir jogar ao mar, fazendo não só que a cena seja ridícula como fazendo com que a veterana Gloria Stuart(ponto a favor do filme numa interpretação mínima mas comovente)passasse por isso. *outro humor desnecessário é o colocado nos músicos que tocaram até o final, transformando um pouco em ridículo o que poderia ser sério e emocionante. *colocar um final feliz onde poderia ser infeliz, reunindo elenco para a manjada cena(essa é quase 100% dos filmes comerciais)onde todos aplaudem o casal central. O filme é horrível? Não, talvez o mais fraco de Cameron por mostrar seus defeitos e revelar o pouco potencial que sugeria ser maior em filmes anteriores.»
Artigo retirado do site: http://www.cinemaemcena.com.br

6 comentários:

Anónimo disse...

OI MÁRIO...
PODEM FALAR O QUE QUISEREM; MAS EU QUERO VER FAZEREM UM FILME QUE SEJA SUCESSO EM TODO O MUNDO E ARRECADAR MILHÕES, COMO TITANIC FEZ...
TÁ CERTO QUE O ROTEIRO DEIXOU UM POUCO A DESEJAR, MAS ISSO NÃO TIRA O BRILHO DO FILME DE CAMERON...
PARABÉNS PELO BLOG...
BEIJINHOS
OBRIGADA PELAS VISITAS...

Anónimo disse...

Eeeeeeeeeeeeeeee conseguiu! Verdade, Cameron faltou em certos pontos, pelo fato de ter centralizado muitos os protagonistas e colocando-os como "santos". É um filme espetacular, claro que como todos os outros, ele não é perfeito. Muito show esse teu post. Abraçossssssssss

Anónimo disse...

Oi Mário...
Muito obrigada pelas eternas e carinhosas visitas...
Beijinhos

Unknown disse...

to nem s camerom flatou ponto foi bom ou foi mal.nao importa amo titanic com ou sem defeitos.alias ninguem é perfeito ne.

raquel disse...

cameron faltou em certos pontos como o céu que era o céu de Hollywood, ou alguns erros técnicos
mas essa sua crítica desculpe-me mas vou ser tão ridicula como voce foi, está uma estupdiez...

ve-se que voce NAO percebeu o filme e NAO percebeu o final do filme

digo-lhe, já vi o filme muitas e muitas vezes e analisei-o muito, descubri sempre coisas novas, voce criticou o filme assim porque nao o conheçe

um filme com 3 horas, onde cada cena nos momentos mais criticos pode mudar de 5 em 5 segundos tem de ser bem analisado, nao so pela historia mas pelos pequenos promenores, coisa que voce nao soube compreender...

em relação aos musicos, lamento dizer-lhe mas alma de artista é que voce nao tem, ou iria perceber

poderia argumentar-lhe de mil e uma maneiras, e pode falar comigo se quiser, se deixar de atribuir nomes como "ridiculo" a coisas que desconhece.

lepetitecossette@hotmail.com

Mário Monteiro disse...

olá Raquel, gostei muito do seu comentário, pode expor a sua critica directamente ao dono do artigo aqui http://www.cinemaemcena.com.br/critica_detalhe.aspx?&id_critica=85&id_tipo_critica=1