quarta-feira, maio 17, 2006

TITANIC
por Jefferson Krüger
Capítulo XV – A Tentativa
Na manhã seguinte, o pastor William vai visitar Francis. Ela já se encontra melhor, aquilo por sorte foi só uma torção. O pai dela a esta hora está a relaxar nos banhos turcos, lá encontra-se também o principal acionista da White Star Line, o senhor Ismay, os dois estão lendo jornal.
William traz-lhe o café da manhã na cama, para que ela não se esforce muito. Ela fica impressionada com tanta dedicação da parte do jovem pastor. Em sua vida, Francis sempre foi maltratada pelo pai e pelos outros. E essa foi a primeira demonstração de carinhos em tempos.
WILLIAM
- Aqui lhe trouxe seu café da manhã.
FRANCIS (admirada)
- Ora! Obrigada, nobre pastor. Agradeço seu grande gesto.
WILLIAM
- O que acha de mais tarde irmos tomar sol no convés, daí você aproveita e me conta o que aconteceu ontem à noite.
Na ponte, o capitão Smith não pára de receber avisos de gelo, mas a ordem de Ismay foi de aumentar a velocidade.
PHILIPS
- Capitão, outro aviso de gelo.
CAPITÂO SMITH
- Obrigado!
Enquanto isso Archibald Gracie, Isador Istraus e Sir Cosmo Duff Gordon jogam cartas no salão de fumar. Eles estão acompanhados da bebida e charutos.
SIR COSMO
- Aposto que aquelas ações vão aumentar rapidamente antes mesmo de chegarmos a Nova York.
ISADOR
- Pois eu aposto que elas não aumentarão muito esse mês.
ARCHIBALD GRACIE
- Haha. Estou com você Isador.
Francis e William passeiam em direção à proa, eles estão conversando há horas e estão se conhecendo melhor.
FRANICIS
- Você é tão jovem, me diga porque resolveu seguir a Deus?
WILLIAM (sem reação)
- Ah... Nem eu mesmo sei ao certo. Vai ver que é porque não me encontrei no amor.
Já está quase na hora do chá da tarde. As senhoras se preparam para entrar e lanchar. No convés inferior, os dois conversam mais um pouco. Por ali meninos jogam bola. Ele pergunta sobre o acontecimento da noite anterior.
WILLIAM
- Me diga Francis...
FRANCIS
- Fran... Me chame de Fran.
WILLIAM
- Ok Fran... Gostaria que você me contasse o que aconteceu com você antes. Não é normal uma moça estar muito aflita e sair voando por cima de uma mureta. Tem que haver uma explicação?
FRANCIS
- Bem, eu estava voltando para minha cabine, onde estou hospedada com meu pai. Quando eu avistei uma senhorita rica se aproximar e começar a conversar com meu pai. Neste instante me escondi e assim que ela entrou comecei a ouvir atrás da porta...
WILLIAM
- Mas o que aconteceu de tão grave?
FRANCIS
- ... Daí intrigada, ouvi-a dizer que precisava de um veneno bem eficiente. Só não sei pra que era. Sai muito apavorada com o que soube que meu pai era capaz, assim como aquela moça, corri pelo convés dos botes quando ouvi uma voz. Não era ninguém, foi impressão minha. Quando dei por mim estava a rolar por cima da mureta e cai dois conveses abaixo. Desmaiei, acordei e você me achou.
WILLIAM
- Você disse que seu pai vendeu um veneno a essa moça, mas não sabe pra que ela o utilizou?
FRANCIS
- Isso mesmo.
WILLIAM
- Eu ouvi, na noite passada um boato de que uma moça da primeira classe, que estava dando uma festa de aniversário, passou mal e desmaiou. Dizem que foi a comida. Uns dizem que viram ela brindar momentos antes com outra moça.
FRANCIS
- Mistérios...
De repente, a bola dos meninos atinge Fran que cai nos braços de William, ele olha pra ela diferente. Como se visse algo diferente nos olhos dela.
FRANCIS
- O que foi?
WILLIAM
- Seus olhos brilham de um jeito. Isso mexe comigo.
FRANCIS
- Posso lhe confessar algo. Com todo respeito, mas desde que você me ajudou na outra noite que não paro de pensar em você.
Ele a segura entre seus braços fortes. Não resistindo a tanta beleza ele a beija. Ela vibra assustada. Já ele esquece sua posição de pastor.
Do outro lado do navio J.J Astor e sua jovem esposa Madeline saem para um passeio no convés para tomar sol. Astor leva o cachorrinho de estimação de sua esposa, chamado Kytie.
J.J. ASTOR
- Querida eu senti a ironia daquelas madames hoje no café da manhã. Eu só quero que você não se importe com o que elas dizem.
MADELINE (Sorrindo)
- Meu amor, eu sei que é difícil não se incomodar, mas eu tento fazer com que as informações passem de um ouvido e rolem para fora do outro.
J.J. ASTOR (Contente)
- Isso! Não gosto que você fique pra baixo com esses comentários irônicos. (Abraçando-a)
Kytie sente-se apertado e se aproxima de um senhor que estava sentado à ler em uma espreguiçadeira no convés, então levanta a perna e deságua na barra da calça do homem. Madeline ri da situação e envergonhada pede desculpas ao ancião.
MADELINE (Sorrindo)
- Lamento senhor.
Astor e Madeline sorriem e vão em frente em seu passeio. Ele parece um jovem amante e o pai que jamais chegará a ser, mas já paparica seu filho no ventre da esposa. E ela muito orgulhosa por ter ao seu lado um homem idolatrável.
Na cabine de Khalil, um garoto de recados bate a porta.
SARAH
- O que foi garoto?
ENTREGADOR
- Telegrama para a senhorita Khalil.
SARAH
- Sou eu, me dê aqui.
ENTREGADOR (estendendo a mão para a gorjeta)
- Senhorita?
SARAH
- O que é agora? Eu não tenho gorjeta. Vai, vai... sai logo daqui eu quero descansar.
O menino vai embora. Ela abre o telegrama e dá um grito.
SARAH
- Nããooo!!!
No telegrama diz que o gigolô descobriu através de fontes seguras que ela estava no Titanic indo rumo a América. Ela desmaia, mas antes ela jura se vingar de Seal.
A tarde passa, já é noite. Estamos no meio do oceano Atlântico Norte, a poucas milhas da costa do Canadá. Os operadores do telégrafo estão lotados de trabalho.
BRIDE
- Nossa! Quanto trabalho. Vamos madrugar novamente.
PHILIPS
- Espere... Estou captando uma mensagem.
Um navio chamado Californian, a poucas milhas do Titanic, faz tentativas de alerta a navios próximos a geleiras.
EVANS
- Escute! Há muitos icebergs nesta região. Por favor, parem esta noite e continuem a viagem amanhã de manhã.
PHILIPS
- Cale-se estou ocupado seu idiota! Tenho muito trabalho esta noite.
GROVES
- O que há Evans?
EVANS
- Esse imbecil não me escuta. Estou a avisar sobre as geleiras e ele me manda calar a boca.
- Quer saber, por hoje chega!
Ele desliga o telégrafo pega sua caneca de chá e vai para a cama. Lá fora o navio está cercado por icebergs.

1 comentário:

Anónimo disse...

Parabéns Jefferson pela bela história.
Parabéns Mário pelo blog.