sábado, abril 15, 2006

TITANIC
Murdoch - Anote a hora. Registe-a no diário de bordo.
Hitchens - O Capitão na ponte!
Capt Smith - Que foi isto, Sr. Murdoch? Colidimos com alguma coisa?
Murdoch - Um icebergue, senhor. Virei tudo para estibordo e recuei a todo o vapor, mas estava muito perto. Tentei contorná-lo mas... Infelizmente, batemos.
Capt Smith - Deus do Céu. Fechem as comportas.
Murdoch - Estão fechadas. Fechei as portas estanque e dei o alarme... O meu Comandante ouviu?
Capt Smith - ... Impossível. Isto não pode ter acontecido... Parem as máquinas. O carpinteiro que examine o navio.
Harriett - Que engraçado... estamos a atracar!
Carl - Sentiram alguma coisa?
- Um encontrão.
Carl - No meio do mar?
Richard - Viste o icebergue? Chocámos com um icebergue ali vai ele!
- Outra viagem até Belfast.
Count. Rothes - Por que pararam as máquinas? Senti um estremecimento.
Harry - Não se preocupe, madame. Perdemos uma pá da hélice. Foi isso que sentiu. Precisa de mais alguma coisa?
Count. Rothes - Não, obrigada.
Harry - Por favor, Monsieur, n'a pas de problème...
Murdoch - É muito grave?
Capt Smith - Cinco fugas a estibordo.
Murdoch - Que vai fazer?
Capt Smith - Espero um relatório da extensão dos danos.

Senti que os motores abrandaram e pararam, o movimento cadenciado da vibração parou de repente, após ter feito parte da nossa existência durante quatro dias. Era o primeiro indício de que tinha acontecido algo de anormal.

Murdoch - Barrett! Mande uns homens lá abaixo!

Barrett - Chiça! Fomos contra um icebergue!

Arthur - Por que razão parámos?

Harry - Ainda não sei, senhor, mas creio que não é nada de grave.

Harriett - Harry, o que foi?

Harry - Fala-se de um icebergue, minha senhora, e eles pararam para não irem contra ele.

Col. Gracie - Bem, denro de umas horas estamos de novo a caminho.

Sir Gordon - Como parece que perdemos uma hélice, temos mais tempo para o bridge.

David - Dizem que foi um icebergue.

Astor - Não vejo nada. E você?

Harry - Não há nenhuma emergência. O que é que tu achas?

Bishop - Batemos num icebergue, num dos grandes, mas não há perigo. Foi o que um oficial me disse.

Quando depois do embate caiu gelo no convés foram vistos passageiros a jogar futebol com eles. E eu, e muitos passageiros tontos como eu, pegámos no gelo e começámos a atirar bolas de neve. Perguntámos ao imediato se havia perigo. Ele disse:

Murdoch - Nenhum. Absolutamente nenhum. É apenas uma coisa de nada. Batemos num icebergue.

Jack Thayer - Perdi o espectáculo? Viu o que aconteceu?

John - Não. Acho que bateu ali.

Jack Thayer - O que é que eles dizem que aconteceu?

John - Icebergues.

Jack Thayer - Bem. Não me parece nada de grave. Vou voltar para o camarote e ler um pouco.

John - Batemos num bloco de gelo e deixámo-lo para trás.

Margaret - Venham daí, vamos desfrutar o programa!

Astor - Ouviram o que dizem? Chocámos com um icebergue.

Margaret - Aquele rangido que ouvimos? Vamos ver o icebergue, nunca vimos nenhum!

Guggenheim - Se calhar perdemos uma hélice.

Margaret - Podemos jogar mais bridge.

Astor - O navio parou.

Guggenheim - Daqui a poucas horas seguimos viagem.

Margaret - Alguém quer uma recordação?

Arthur - Sr. Fraser! Já foi ver o gelo? Se estiver interessado, levo-o lá acima e mostro-lhe. Não gostaria de uma lembrança para levar para Nova Iorque?

David - Onde batemos?

Arthur - A estibordo da proa.

David - Então está bem. Aí não faz diferença nenhuma.

Arthur - E agora, já acredita?

Barrett - Fechar abafadores! Apagar fornalha. Já chega!

Capt. Smith - Vá lá baixo, Sr. Boxhall, procure o carpinteiro e vá com ele auscultar o navio.

Iago Smith - Sr. Boxhall, a sala da correspondência está a meter água! Estamos a meter água, muita! A sala de correio está a encher-se rapidamente.

Boxhall - Prossiga. Vou até lá abaixo dar uma olhada.

Boxhall desceu até à sala da correspondência e chegou até à sala da separação de correspondênica. E os funcionários estavam a retirar cartas das prateleiras e viu um saco a flutuar. Percebeu então que era grave.

Hutchinson - A caldeira 6 está inundada com 2 metros de água, o compartimento do correio ainda está pior.

Capt. Smith - Pode ser reparado?

Hutchinson - Só se as bombas forem mais rápidas.

Andrews - Viu o compartimento do correio?

Hutchinson - Já está submerso.

John - Isso é mau.

George - Deviamos ir para o quarto, o Richard tem de se ir deitar.

Margaret - Tenham calma. O espectáculo acabou. Vamos voltar ao nosso bridge. Esta banheira não vai ao fundo.

David - Anda, Hellen, é um desporto raro!

Barrett - Tragam as mangueiras para aqui!

Um grande volume de água surgiu. De repente os fogueiros viram uma onda de espuma vir violentamente entre as caldeiras e correram para a escada de emergência.

Edward - Dizem que lá em baixo têm água.

Carl - Não leves isso a sério. É invenção de alguém.

Edward - Eu vi o icbergue. Não fico à espera para ver.

Carl - Aonde vais?

Edward - Lá para cima, longe da humidade.

Carl - Meu Deus, água! Está a entrar água!

Dorothy - Sra barks, passa-se qualquer coisa. Sra Barks.

Camille - Vou já. Esta noite não descansamos.

Dorothy - A bebé.

Camille - Que tem ela?

Dorothy - Acordou com um barulho e eu lá a consegui sossegar. Mas o barco não está bem, as máquinas pararam.

George - Nada de especial. Apenas esbarrámos contra um icebergue.

Barrett - Querem ir pelos ares? Só quero ver as vossas caras depois de apagarem as caldeiras!

Capt Smith - Chocámos com um icebergue e estamos a fazer uma inspecção para ver o estado em que ficámos. Preparem-se para enviar pedidos de socorro, mas não façam nada sem eu mandar.

Phillips - Sim, senhor.

1 comentário:

Anónimo disse...

Nossa, o pânico começa a tomar conta do navio.

Parabéns por manter o mesmo nível de qualidade o tempo todo.

Excelente história.